Conquista na Torre de Chochis – Bolívia

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Em 2001 estava indo ao Peru para uma travessia e tive que cruzar o oriente boliviano em trem. Esta viagem começa na fronteira Brasil – Bolívia e termina na cidade de Santa Cruz de la Sierra – Bolivia.


O famoso trem da ¨MORTE¨ como muitos o chamam, percorre cerca de 650 Km até a cidade de Santa Cruz, perto da metade do trajeto apos passar pelo Pueblo de Roboré começa a Serrania Chiquitana e bem na base desta serrania esta o minusculo povoado de Chochis, que na lingua Chiquitana significa ¨Furia del Viento¨.

Estava a janela do trem dia 3 de julho de 2001 por volta das 11:00 pm com uma imensa lua cheia, quando apareceu uma linda formaçao de um cerro testemunho que tentei fotografar sem exito, a imponencia desta montanha me chamou muito a atençao.

Chagando em Santa Cruz me informei sobre a montanha que era chamada por eles de A Torre de Chochis ou a Muela del Diablo, falaram que nunca ninguem tinha chegado no seu cume e junto com as informaçoes um monte de lendas locais, como um lago no cume com ouro, OVNIS, virgens etc…

Acabada minha viagem voltei a Sao Paulo e entrei na internet a procura de alguma informaçao, mas na época nao havia nada, e isso me chamou mais a tençao, montei um projeto de abrir a primeira via desta montanha. Voltei a Bolívia anos após anos, mas sempre com destino as montanhas geladas de La Paz e sempre que ia por terra ficava namorando a Torre de Chochis e pensando no projeto que estava na gaveta.

Final de 2010 decidimos, eu e minha esposa ¨Boliviana – Cruceña¨ ir morar em Santa Cruz de la Sierra e fazer o montanhismo e a escalada crescerem na regiao.&nbsp, Em principio de 2011 ja estavamos na Bolívia e junto comigo meu antigo projeto que ja estava por cumprir 10 anos.

Assim que cheguei entrei em contato com os pouquissimos e novos escaladores de Santa Cruz e coloquei o projeto para andar, fui a Chochis por primeira vez, passei pela base da imensa torre peguei amostra de rocha para comprar ancoragem quimica, pois a rocha é um arenito bem ruimzinho.

Voltei uma segunda vez a Chochis para pedir autorizaçao na prefeitura pois a rocha esta dentro de um santuario Mariano e também é uma área protegida.

Estando tudo certo, marcamos a data de saida para o principio da conquista.

Saimos de Santa Cruz eu (Leonardo Juliano Mangano) Brasileiro de Sao Paulo, Federico Bueno Aloisio de Mendoza Argentina, Eduardo Diaz de Tarija Bolivia e Jose Luiz Belmont ¨Lucho¨ de La Paz Bolivia.

Chegamos a base da montanha bem pesados pelos equipamentos e agua e começamos a protejer a via, a rocha parece firme, mas se esfarela na mao e grandes pedaços estoa soltos&nbsp, e se precipitam montanha a baixo, armor a primeira parada a uns 15 metros&nbsp, da base. Esperamos secar e mandamos para cima, batemos mais uma achapa bem a base da fenda que neste ponto era negativa&nbsp, e entramos na fenda que a principio se pode protejer com 2 camalot grandes, mas uns 2 metros e meio acima, ja nao entrava nada, a fenda se alargou e ficou 90º e nao cabia nenhuma peça. Podia se meter o braço todo e fazer pressao contra o cotovelo e ir mandando pra cima, a progreçao era lenta e totalmente desprotegida a mais ou menos uns 12 metros da ultima proteçao tem uma pedra entalada na fenda como um grande nut, e é isso que me da alivio assim que a laçei com um cordin e costurei pudere respirar.

&nbsp,Aproveito para olhar a via de cima para baixo, vejo que este estiquao foi super arriscado, em caso de uma queda seria uns 25 metros chocando se com pequemos platos e pontas de rocha, neste ponto a fenda começa a se alargar e ja se pode coloca o ombro, dentro depois uma perna até que se trasforma numa chamine bem apertada e nada de proteçao, tem uma passagem por um pequeno negativo e por fim um plato otimos para umas 4 pessoas. Deste ponto podemos portear equipo e fazer uma parada otima, mas a fenda contianua para cima.

Colocamos corda fixa ancoradas em tres pedras boas e descemos enquando a ancoragem quimica da parada&nbsp, seca para o proximo dia.

No outro dia cedo estamos la na segunda parada, que já estao secas e vamos dar bom uso para elas, a fenda continua e outra vez negativa e sem agarras e de um tamanhamo grande para entrar peças etc… Consigo proteger fora da fenda no negatico com 2 nuts pequenos e um camalot 1 e sigo progredendi lento e escorregando no po da pedra instavel. A uns 3 metros e meio a inevitavel queda que sacou as 3 peças antes que eu aterrisasse de costas metade no plato e medade no vazio. Batia a cabeça forte na pedar e o capaçete compriu sua funçao, os olhos quase saltam da cara, a parada funcionou bem, com a respiraçao ofegante me concentro respiro fundo e volto a parede.

Para evitar queda no mesmo lugar faço uso de um piton e estribo para superar o lançe, saio do negativo passo pela barriga da fenda e entro na parte positiva e é puro musgo amarelo, o pe nao para de geito nenhum, e ai fico um bom tempo tentando e pensendo até que os braços começam a tijolar e saco outro piton e o meto numa rachadura na horizontal as preças antes que tome outro voo.

Cheguei numa parte bem tranquila que nos levou ate um grande plato onde foi feito uma parada&nbsp, isso ja no 3 dia. Porteamos tudo bara cima e nosso amigo Lucho teve que voltar a Santa Cruz, seu filhote ia nascer.

No 4º dia siguimos Eu, Federico e Eduardo, avançamos até o Nido de Sucha ¨ninho do urubu¨ onde foi feita uma parada, uma quimica e outra num buraco na rocha.

No 5º dia trabalhamos duro, ja com pouquissima agua e um calor medonho, abrimos caminho no meio de caquitos e outros tipos de espinhos até chegarmos numa canaleta onde podemos acender mais seguros e com um pouco de sombra. Chegamos de noite na no local da 5ª parada, bati ela a noite mesmo para no outro dia ela esta bem seca, bivacamos esta noite num lugar horrivel cheio de ¨vinchuca¨ parecido com o bicho Barbeiro,&nbsp, as horas passavam e era impossivel dormir de sede e pelos bichos. Fomos dormir bem na berada do precipicio com um vento fortissimos, mas pelomenos sem beicho. Nesta madrugada só restava 1 litro de agua para nos tres e esse era meu medo.

Assim que começou a amanhecer nos reunimos para pensar o que fazer, seguir sem agua até o cume ou voltar 120 metros a baixo para mais a trilha ate o acampamento base?

Decidimos seguir, um gole de agua e parti rumo a uma floresta de espinhos que tive que abrir no facao uma pequena trilha para poder passarmos. Deste pondo para cima, nao paramos para fazer furo para proteçoes, usamos tudo que havia arbustos, pedras, árvores etc… Estiquei os 60 metros de corda protegendo onde dava e seco de sede e com um calor cada vez pior. As 9:30 da manha no final da corda estava subindo e olhando para cima até que a ultima parede estava abaixo dos meus pés e ja nao havia nada mais a cima. Em 1 horas os 3 estavam reuniados no cume da Torre de Chochis pela primeira vez, um lugar nunca antes pisado, uma escalada dura que a principio eu pensei que seria traquila, nao dei a devida importancia a montanha. Uma incrivel paisagem de parte do Oriente boliviano. Deixamos uma caixa no cume para registro de futuros escaladores e uma bandeira de Robore a pedido do Prefeito.

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A descida foi brava e com um sol de uns 30 e poucos graus, ja sem agua desde antes do cume, e racionando agua a dois dias, estavamos desidratados e sem comer nada para nao sentir mais sede e isso pesou muito, a descida foi ardua e confusa, queriamos nos apreçar mas o risco iria ser grande, com o desespero da sede, nao conseguiamos pensar direito a boca e a garganta estavam seca e ja nao suavamo, lembrei que deixei meu martelo no cume, nao pude recuperar 2 pitons que estavam no caminho. Por volta das 3 horas da tarde chegamos na base exaustos pelo calor, fome e sede, mas bem e seguros, bebemos e comemos como gente grande este dia todo.

No outro dia a prefeitura de Robore e a sub prefeitura de Chochis nos parabenisaram na praça principal pela conquista, e por ajudar no turismo local com um novo ponto turistico para escaladores de todo mundo que passam por lá rumoa La Paz e ao Peru.

Um sonho, um projeto realizado

Agradecimento a:

Rocódromo Montanha Escalada e Resgate, Roupas de Escalada RURP, Agua Roboré e aos outros membros da equipe de conquista que aceitaram participar deste projeto.

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