Como neste ano o Broad Peak, no Karakorum, estará ocupado pelos próximos meses, tentando evitar mais uma vez sua primeira escalada invernal, ambição esta de Artur Hajzer, Don Bowie e Robert Szymcazk, Simone Moro escolheu outro objetivo para a temporada fria que se inicia.
Depois de dois invernos lutando com o cobiçado oito mil do Karakorum, o italiano volta seu olhar para o Makalu, o último dos gigantes do Himalaya que não nunca recebeu homens en seu cume durante o inverno. Quem lhe acompanhará é um velho amigo e um dos representantes do alpinismo de elite mundial, Denis Urubko. Pretendem subir sem oxigênio, sem sherpas, em um estilo “super leve” e com uso limitado e eventual de cordas fixas.
“Estou certo de que será um projeto extremamente difícil, porém desejo continuar com essa ´filosofia exploratória´ que está se perdendo no oitomilismo moderno”, afirma Simone, que guarda algumas de suas palavras para os homens do Broad Peak. “Uma parte de meu coração estará com eles”. E uma parte de sua experiência, já que Simone sempre compartilhou de bom grado suas vivências na montanha, neste caso no Broad, aonde alcançou os 7.840 metros no inverno passado.
Como o Karakorum, o Mahalangur Himal pode se mostrar desmedido em seus temporais e os 8.463 metros do “El Gran Negro” já resistiram a tentativas sérias no inverno, iniciados em 1980 por Renato Casarotto e Mario Curnis, que chegaram até os 7.400 metros. Reinhold Messner o tentaria um tempo depois, mas um furacão se colocou entre o tirolês e a quinta montanha mais alta da terra, assim como levou a vida de um himalayista francês, cujo corpo descansa entre os gelos eternos da montanha.
Resistir, resistir, resistir…
Dois invernos depois, Andrzej Machnik liderou uma expedição polonesa na qual marcharam oito homens, dois deles de nacionalidade norte-americana. A história voltou a se repetir e uma repentina mudança climática freou a expedição quando pisavam acima dos 7.400 metros. Aguentaram firme em um terrível bivaque para em 28 de janeiro iniciar o longo caminho para casa.
Naquele mesmo ano, Krzysztof Wielicki foi o líder de uma pequena equipe que contava com a belga Ingrid Bayens. Wielicki já contava com as ascensões invernais do Everest, do Kangchenjunga e do Lhotse, as três montanhas mais altas do Himalaya.
“Foi um objetivo muito difícil, apesar de acreditar que tudo era possível” escreveu Wielicki. “Uma montanha tão vasta e assolada por ventos”, como a definiu o polonês, que resistiu ao convite dos quatro alpinistas, que comprovaram em sua pele a face mais agressiva do Makalu.
Perdidos em um nevoeiro, se viram forçados a por fim a seu avanço pela rota normal: “Foi uma grande escola de himalayismo”. Wielicki voltaria a tentar sem êxito no final do ano 2000.
Por volta de 27 de janeiro de 2006, Jean-Christophe Lafaille desapareceria na montanha durante o ataque ao cume, em meio a vasta dimensão de suas afiadas arestas e suas míseras passagens de rocha. Em 3 de fevereiro deste mesmo ano, os cazaques Denis Urubko, Serguey Samoilov e Eugeny Shutov, uma equipe realmente forte, se rendeu diante dos constantes caprichos do clima local.
O Makalu tem resisitido ferozmente, mas quem sabe Simone e Denis tenham o momento certo para concluir o último desafio invernal do Himalaya acima da mítica barreira métrica dos oito mil.
Redação AltaMontanha com informações de Desnivel