Dentro de um vulcão?

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Você já pensou em entrar na pele de um vulcanólogo ou um sismólogo por um dia? Precisamente por 5 a 6 horas? Entrar em um vucão e poder vislumbrar suas entranhas literalmente? Agora isso é possível na Islândia! O turismo do país “gélido e infernal” conta com este peculiar roteiro de turismo, descer dentro de uma câmara magmática de um vulcão inativo. Bem, mesmo sendo inativo, eu pagaria pelo tour que já entrou na minha wishlist, você não?

Conhecer vulcões é uma oportunidade incrível não só pra nós montanhistas, mas pra qualquer um que se fascina pela natureza e suas variadas formas de expressão, ou seja, todo mundo que não é um fanático religioso que faz uso de explicações divinas. Neste caso, não estaríamos ganhando altitude, mas sim perdendo. Como espeleologia.

De uma forma bem simples e direta, a Islândia é um hotspot geológico enorme. O país é uma das regiões vulcânicas mais ativas do mundo, com erupções que ocorrem a cada 3 ou 4 anos em média. Mas por que a Islândia é tão ativa? Principalmente devido a sua localização na Dorsal Meso-Atlântica, onde a Eurásia e Placas norte-americanos estão se separando e portanto, literalmente abrindo a crosta terrestre. No centro deste “movimento” fica o vulcão Thrihnukagigur.

O vulcão dormente Thrihnukagigur teve sua última erupção há mais de 4.000 anos atrás. Não há indicações de que ocorra uma erupção novamente em futuro próximo. O nome do vulcão, principalmente impronunciável para quem não é de lá, teria uma tradução literal sendo "Cratera dos três picos". Na verdade que a melhor versão ficaria “Pico das três crateras”.

O incrível vulcão e suas crateras (uma das quais é feita a descida) são marcos proeminentes na região, edificando-se para o céu à beira das highlands locais antes que desçam ao nível do mar, a cerca de 20 kms ao sudeste da capital dentro da área protegida do Parque Bláfjöll.

O mais nordeste dos três picos é um cone de cinzas pequeno, que é cerca de 35 metros maior do que os outros. No topo deste cone há uma abertura em forma de funil, com cerca de 4×4 m de largura, a entrada de um enorme cone em formato de garrafa de 120 metros de profundidade, medindo 50x70m na parte inferior. Passagens vulcânicas continuam a sudoeste, a uma profundidade total de cerca de 200 metros.

A beleza da cratera consiste principalmente nas diferentes cores encontradas no seu interior, além é claro do seu enorme tamanho que de certa forma é intimidador. No total, o espaço no fundo da cratera é equivalente a cerca de três quadras de basquetebol, e a distância do topo da cratera até o fundo é um pouco menor do que três estátuas da Liberdade de Nova York uma sobre a outra. De fato a estátua caberia inteira dentro da câmara magmática como a imagem ao lado ilustra!

A câmara magmática, onde o turista desce, é muitas vezes referida como o coração de um vulcão. É lá onde a rocha líquida (lava) espera para encontrar um caminho através das falhas da rocha até a superfície, causando uma erupção vulcânica. Na maioria dos casos, a cratera normalmente se fecha após a erupção de lava resfriada e solidificada.

Thrihnukagigur é uma rara exceção, sendo um caso em que o magma na câmara parece ter desaparecido. Acredita-se que o magma tenha solidificado nas paredes ou pura e simplesmente voltou para as profundezas da terra quando a pressão foi aliviada em sua última erupção.

Há um vídeo indicado pelo próprio site que vende o tour, produzido pela National Geographic, que explica bastante sobre as atividades vulcânicas na Islândia e sobre o vulcão Thrihnukagigur. Para assistir, acesse: http://video.nationalgeographic.com/video/

Sobre o tour:

O vulcão Thrihnukagigur é um fenômeno natural único. Instalando equipamentos adequados foi criado um passeio que abre as portas para um novo mundo. E isso realmente não é tão complicado para se conhecer (uma vez na Islândia é claro…). Tudo que você precisa é vontade de terminar uma caminhada fácil de 40 minutos  até a cratera, e coragem de descer os 120 metros até o fundo da cratera em um elevador de cabo panorâmico (aberto).

Dados do tour:

Datas de operação: de 15 junho até 31 de julho de 2012.
Partidas diárias: 8:00 / 10:00 / 12:00 / 14:00.
Duração: 5-6 horas (até 1 hora dentro da câmara).
Nível de condicionamento físico necessário: Baixo. Nenhum conhecimento de caminhada ou escalada é necessário.
Distância percorrida: Cerca de 2,5 kms, andar por 40 minutos acompanhado por um guia local credenciado.
Idade mínima: 12 anos.
Preço: 37.000 ISK (coroas). Cerca de R$ 570,00 por pessoa.

Eu mesmo já visitei a caldeira de um vulcão, o Quilotoa no Equador. É um vulcão ainda ativo onde da borda da enorme cratera há diversas trilhas descendo até o fundo onde se formou um lago. Muita gente não sabe mas o Quilotoa ainda é ativo e possivelmente possui outra caldeira mais profunda. Em alguns pontos da circunferência do lago a água é quente e é possível presenciar a liberação de gases. A que se vê hoje explodiu como na maioria esmagadora dos casos no momento da explosão, diferentemente do Thrihnukagigur que é mesmo único.

Não sei o que vocês pensam, mas de repente o Quilotoa perdeu a graça pro Parofes, agora quero conhecer o Thrihnukagigur de qualquer maneira!

Fonte:http://www.insidethevolcano.com/

Parofes

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Sobre o autor

Parofes, Paulo Roberto Felipe Schmidt (In Memorian) era nascido no Rio, mas morava em São Paulo desde 2007, Historiador por formação. Praticava montanhismo há 8 anos e sua predileção é por montanhas nacionais e montanhas de altitude pouco visitadas, remotas e de difícil acesso. A maior experiência é em montanhas de 5000 metros a 6000 metros nos andes atacameños, norte do Chile, cuja ascensão é realizada por trekking de altitude. Dentre as conquistas pessoais se destaca a primeira escalada brasileira ao vulcão Aucanquilcha de 6.176 metros e a primeira escalada brasileira em solitário do vulcão ativo San Pedro de 6.145 metros, próximo a vila de Ollague. Também se destaca a escalada do vulcão Licancabur de 5.920 metros e vulcão Sairecabur de 6000 metros. Parofes nos deixou no dia 10 de maio de 2014.

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