Para os que ainda possam colocar em dúvida: a exploração vive. Habituados aos debates sobre a massificação nos picos de oito mil metros (e outras bonitas montanhas adjacentes), ainda há espaço nas grandes cordilheiras para aqueles que buscam a descoberta, a aventura, sobreviver como ser humano diante do imparável impulso de busca pelo selvagem.
Um exemplo. Entre outubro e novembro de 2008, uma expedição japonesa liderada por Tamotsu Nakamura, percorreu 4.000 kilômetros para fotografar e documentar áreas virgens do sudeste do Tibet e de Sichuan, na China. Mais precisamente na região conhecida como Deep Gorge Country, uma paisagem lunar, aonde a rocha e o vento nunca foram inertes, que Nakamura já havia conhecido em 2007, classificando 225 cumes inexplorados.
Seu primeiro objetivo era contemplar o Dungri Garpo, uma montanha de 6.090 metros, que resistiria desde o princípio. Nakamura e a sua equipe teriam que permanecer quatro dias parados em Yangjing, pelo fechamento das estradas por causa dos deslizamentos. “Nosso plano era nos aproximar do maciço do Damyon e do Dungri Garpo pelo norte, mas os aldeões nos asseguraram que seria impossível atravessar um passo a 5.300 metros por causa das intensas nevascas”, explica Nakamura. Seguiram para a aldeia de Bake (3.320 m), na bacia do Yu Qu, o usando como base para uma investida a partir do oeste. As mulas e os cavalos serpentearam durante dez dias antes de poder lançar uma primeira vista para a vertente oeste do Dungri Garpo e seus três cumes impondo-se sobre o glaciar. Tiraram fotografias desta montanha e de algumas outras, entre os 5.800 e 6.000 metros, localizadas no maciço do Damyon.
Concluída a primeira fase da expedição, suas intenções iam se centrar em outro atrativo seis mil do Minya Konka, que chamaram provisoriamente Ren Zhong Feng. “O acesso é muito simples, porém bem poucos alpinistas prestaram atenção nesta montanha”, disse Nakamura. Seguir examinando a cordilheira de Sichuan era o seguinte da lista. A equipe viajou desde Chengdu, a capital de Sichuan, até as águas termais de Caoke, onde esperaram que as condições meteorológicas lhes concedessem uma trégua, momento que aproveitaram para deixar-se levar pela corrente do rio Dadu, para o norte.
Desembocariam frente ao Xiaqinla, um pico de 5.470 m na região de Daxue Shan. “É uma preciosa pirâmide que rompe o céu e que indubitavelmente atrairá os alpinistas”. Durante os dois últimos dias da expedição, a equipe conseguiria “valiosas” fotografias através da rota de Danba a Chengdu, utilizando suas lentes frente ao Ja-ra (5.820 m), na região do Kangding, as águas de Laoyuling, o passo de Xuemenkan, entre o Lamo-she (6.070 m) e o Baihaizi Shan (5.924 m) e outras sugerentes formas do Minya Konka. “Como muitas outras, as fotografias da face leste do Mt. Edgar, de 6.618 metros, são particularmente importantes, pois o tempo sempre costuma ser ruim nesta região”.
Tomutso Nakamura é um reconhecido alpinista, explorador e escreve para meios de comunicação periódicos japonês, toda uma autoridade no qual chamou de Alpes do Tibet. Seu trabalho representa o interesse humano, sendo eficiente para todos aqueles que busquem novas alternativas entre algumas das montanhas mais soberbas da Terra. É por causa pessoas como Nakamura e sua equipe que muitos sabem onde e como ir. São os primeiros desta grande roda que por sorte ainda não deixou de girar.
Fonte: Desnivel – Espanha