Diário da Expedição do Cho Oyo

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Confira o diário da Expedição ao Cho Oyo!


Dia 02-09-09

A viagem de Nyalam a Tingri foi lindíssima e pela primeira vez senti que realmente estava no Tibete. Grandes espaços abertos, montanhas nevadas e pequenos vilarejos tipicamente tibetanos com casas tradicionais com teto plano secando o trigo recém colhido. Boa parte da população estava nos campos colhendo trigo que aqui é bem menor do que eu estou acostumado a ver, mas de cor igualmente bonita, dourados no meio da aridez do platô.

Após o surprendentemente saboroso almoço, no igualmente bom hotel saimos para uma caminhada até uma antiga gompa (pequeno templo tibetano) passando pelo caminho pelo vilarejo antigo muito mais atraente do que as vilsa chinesas que tínhamos visto até então. Dá dor no coração pensar que tudo isso irá desaparecer em poucos anos com o avanço da cultura chinesa.

Dia 03-09-09

Hoje, prosseguindo nosso programa de aclimatação fizemos uma longa caminhada subindo 600 metros até o topo de uma colina perto de Tingri. Apesar das duas últimas noites não terem sido das melhores para mim por causa da altitude, caminhei forte e sem notar muito o ar rarefeito dos quase 5.000 metros. A vista estava absolutamente espetacular com o vilarejo tradicional, o vale com o rio serpenteante e as montanhas nevadas no horizonte entre as quais se destacando, claro, a Deusa Turquesa que é o que o nome Cho Oyu significa em tibetano.

Dia 04-09-09

Apesar dos dias até agora terem sido deliciosos, hoje eu senti que a expedição realmente começou. Após uma surperndentemente curta viagem tendo sempre o Cho Oyu ao fundo, chegamos ao Campo Base Chinês, na cabeceira da estrada. Este não é nosso verdadeiro campo base que está ainda há dois dias de caminhada daqui, mas com várias outras expedições já instaladas aqui já tem um clima de montanha. Dormiremos aqui por quatro noites e durante estes dias faremos caminhadas a altitudes cada vez maiores nos preparando para ai sim ir ao campo base real.

Nos instalamos, tiramos nosso equipamento dos barris plásticos onde os tínhamos acomodado para a viagem e, após o almoço, saimos para uma pequena prática de escalada em rocha. Fiz duas vias fáceis, uma um 5 e a outra um 6B, mas isso a 5000 metros foi um bom desafio. O resto do dia foi passado dentro da barraca refeitorio contando histórias, piadas e rindo muito.

Resumo desses seis dias de expedição. Estou amando tudo, absolutamente tudo, da organização aos companheiros e as atividades. Espero nque continue assim.

Manoel Morgado é médico e guia de montanha com mais dezoito anos
de experiência guiando grupos de brasileiros em viagens de trekking e
escalada em vários países do mundo. Se quiser saber mais sobre as
expedições organizadas e guiadas por Manoel Morgado visite o site www.manoelmorgado.com.br
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Sobre o autor

Manoel Morgado é médico de formação, mas trabalha como guia de montanha há 20 anos, atuando em vários países ao redor do mundo. Há 15 anos é montanhista, tendo como ápice de sua carreira a conquista do Everest e também a realização do projeto 7 cumes. Ele nasceu no Rio Grande do Sul, se criou em São Paulo e dede 1989 não tem casa.

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