Do Oyapoque ao Chuí, Brasil poderá ter a maior trilha de longo curso da América Latina

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O Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Ministério do Turismo (MTur), em parceria com a Rede Brasileira de Trilhas, tem promovido esforços para a implementação de uma trilha de longo curso (TLC) cuja ambiciosa meta é atravessar o país de norte a sul, conectando os municípios de Oyapoque, no estado do Amapá,  e Barra do Chuí, no Rio Grande do Sul.

Quando implementada, a trilha Oyapoque x Barra do Chuí se constituirá como a maior TLC da América Latina e a segunda do planeta,  beneficiando sobremaneira o ecoturismo nacional e estabelecendo um corredor  corredor ecológico norte-sul contínuo, conectando mais de 150 parques e reservas ambientais ao longo de seus 9.000 quilômetros de extensão.

A nova rota busca mapear sinergias entre trilhas já implementadas e outras ainda em planejamento, no âmbito da Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade ( RedeTrilhas) –  iniciativa do Governo destinada a conectar pontos de interesse do patrimônio cultural e natural brasileiro por meio de trilhas de longo curso em todo o País.  Atualmente, a RedeTrilhas já contabiliza  mais de 7000 km implementados e sinalizados com as clássicas pegadas pretas e amarelas, marca registrada da política pública. 

O desafio da conexão entre trilhas e a importância da iniciativa voluntária: o pioneiro Johan Grodin

A sinergia almejada pela RedeTrilhas, contudo, não é simples, e pode mostrar-se desafiadora especialmente em localidades remotas. Neste sentido, a ajuda e experiência de entusiastas voluntários, os “trilheiros”, pode ser de grande ajuda.

É neste contexto em que se insere a importância da caminhada de Johan Grondin – carinhosamente apelidado de Jow –  um francês que percorreu pela primeira vez, durante 22 meses, a trajetória proposta para a trilha Oyapoque x Barra do Chuí, auxiliando o governo federal no mapeamento das de rotas com maior praticidade e beleza cênica, identificando ainda pontos de apoio aos usuários.

O aventureiro francês na maior trilha da América Latina. Foto: Divulgação Rede Trilhas

Ao longo de sua jornada, Jow contou com o apoio de voluntários da Associação Rede Brasileira de Trilhas e de servidores responsáveis pelas unidades de conservação do ICMBio de unidades de conservação estaduais, além de diversos residentes locais que ofereceram refeições, pernoite e a oportunidade de um banho – exemplos do espírito solidário frequentemente observado por aventureiros em terras brasileiras.

Seguindo as pegadas Pretas e Amarelas já existentes. Foto: Divulgação Rede Trilhas.

A façanha de conectar os extremos geográficos do litoral brasileiro já havia sido feita no século passado por Sérgio Rondelli, mas guiando-se sempre pela costa; por sua vez, Jow decidiu tentar uma rota diferente, conectando trilhas já implementadas pela RedeTrilhas, alternando litoral e interior, praias e montanhas. Seu longo passeio incluiu o Caminho dos Faróis, o Caminho da Baleia Franca, as trilhas Transmantiqueira e Transespinhaço, a Chapada Diamantina, a Rota do Homem Americano e o Caminho da Ibiapaba, no Piauí, a Travessia dos Lençóis e a Trilha Amazônia Atlântica. Para Jow, o destaque de sua jornada foi o Piauí, onde recebeu amplo apoio e muito calor humano. Como registro da experiência, hoje Jow carrega para sempre o nome do estado tatuado no corpo.
Depois de Belém, onde chegou pouco antes da COP 30, Jow desbravou a ilha de Marajó e partiu para sua última etapa, percorrendo, com apoio do ICMBio, a selva do Parque Nacional do Cabo Orange.
Após a longa jornada, Jow tem planos de escrever um livro relatando sua experiência e, quem sabe, conectar o Brasil de Leste a Oeste desde o Cabo Branco à Serra do Divisor.

O francês percorreu os diversos biomas brasileiros. Foto: Divulgação Rede Trilhas

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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