El Frey – Cerro Catedral

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Quando saímos do Brasil com a idéia de escalar em rocha na Patagônia Argentina, nosso único destino certo eram as montanhas de Bariloche, e a imagem que tinha clara em minha mente eram as agulhas do Cerro Catedral no Parque Nacional Nahuel Huapi.


Partimos do Rio de Janeiro em direção a Buenos Aires e de lá tomamos um ônibus para Bariloche. Viagem dura por estradas que parecem não ter fim, paisagens que se repetem por horas fazem do tempo no ônibus o momento ideal para colocar a mente para trabalhar e focar na Trip.

Wikipédiando, Bariloche, cujo nome oficial é San Carlos de Bariloche esta localizada na Província de Río Negro, junto à Cordilheira dos Andes na fronteira com o Chile. Está rodeada por lagos (Nahuel Huapi, Gutiérrez, Mascardi) e montanhas, como o Cerro Tronador (3354 m de altitude, na fronteira com o Chile), o Cerro Catedral (movimentada estação de esqui) e o Cerro López. Possui cerca de 130 mil habitantes.

O nome Bariloche provém da palavra “Vuriloche” que na língua mapuche, significa “povo de trás da montanha”. Isto porque seus primitivos habitantes, os índios mapuches, eram originários do outro lado da Cordilheira dos Andes. Devido a um erro de ortografia, já que em espanhol a letra V é pronunciada como B, o nome da cidade foi registrado como Bariloche. A altitude menor dos Andes na região de Bariloche (em alguns casos, inferior aos 1000 m, cobertos de bosques) permitiu aos mapuches migrarem há séculos do sul do Chile para a região da Patagônia argentina.
  
Bariloche tem um aeroporto bem e opera vôos domésticos e internacionais para países vizinhos. Para quem vem rodovia, ela fica a 1638 km ao sul da capital argentina, Buenos Aires. A cidade também liga-se ao Chile por rodovia, cerca de 130 km até a fronteira, e mais 115 km até a cidade chilena de Osorno, havendo a opção para turistas de travessia em percursos alternados entre barcos e ônibus, num passeio conhecido como Cruce de Lagos, até Puerto Montt.

Deixando a cidade, partimos para o Refúgio El Frey, localizado no pé da formação de granito sólido chamado “Agulha Frey”, rodeado por torres e agulhas rochosas perfeitas e pela lagoa Toncek, a 1700 metros acima do nível do mar.

Durante o verão, de dezembro a abril o refúgio fica sob a coordenação do Clube Andino de Bariloche, baseado no centro de cidade.

Dentro do refugio há uma cozinha e um refeitório aquecido com fogão a lenha, onde (Pagando alguns pesos.) é servida boa cerveja, vinho e comida quente como massas e sopas para os montanhistas que lá se hospedam ou acampam ao redor do refúgio.

No piso superior há um dormitório com beliches capaz de abrigar até 80 pessoas. Em anexo ao refugio existe uma cozinha coberta e estruturada que pode ser usada como refeitório pelos campistas e lugar para lavar panelas e pratos. Lá também existe um pequeno fogão a gás que pode ser utilizado dês que se pague por ele (Não rola de usar o fogareiro lá dentro!). O refugio também conta com banheiros.

O camping é gratuito no setor onde existem áreas demarcadas, é fácil se localizar e posicionar a barraca para se proteger dos ventos fortes que varrem a montanha, na duvidada, pergunte a alguém que já esteja acampado nos arredores sobre a direção do vento.

O acesso ao refúgio é feito somente a pé ou a cavalo. São três ou quatro horas de caminhada da base das estações de teleférico, onde uma placa indica o caminho que sai perto do estacionamento dos ônibus.

As Trilhas são bem demarcadas e projetadas com 600 metros de desnível, o que torna a caminhada bem agradável até o refugio. Toda trilha esta rodeada de lindos bosques, montanhas e riachos de águas cristalinas que descem das rochas altas. A visão do início da caminhada sempre será Lago Gütierrez e das florestas que cercam suas margens, a soma destes fatores por varias vezes servem como alivio para quem carrega mochilas pesadas ao longo da trilha.

Com peso, equipamento de escalada, camping e comida para vários dias, as mochilas chegam fácil aos 30 kg o que torna a subida mais lenta (Subimos em 7hs com todo equipo e comida nas mochilas.), o que faz algumas pessoas desprevenidas (Cansadas!) a pernoitar na trilha antes de continuar. Uma opção é o abrigo Las Pedritas, que esta um pouco antes da trilha começar a ganhar inclinação, este é um abrigo simples de madeira construído entre uma enorme rocha no meio da floresta (Não deve ser uma noite muito agradável já que ele é bem úmido.).

Outra opção é colocar o equipo nos cavalos e subir sem nada, o serviço de transportes com animais é fácil de ser negociado nos arredores da estação de esqui, muitos montanhistas e campistas têm optado por essa pratica já que ficam por muitos dias na montanha e preferem não retornar a cidade para novos porteios.

Escalar na região do Frey é se preparar para explorar todo seu potencial de escalada em móvel, fendas perfeitas, colocações de peças que perecem estar esperando o equipo certo. Tentar descrever aqui as vias seria pobre de minha parte perto da grandeza da região.

Uma passada no Clube Andino de Bariloche e adquirir o guia de escaladas do Frey é a melhor opção antes de subir para montanha, o guia confeccionado pelo montanhista Rolando Garibotti (Rolo) é uma obra de arte em detalhes, imprescindível para quem quer se aventurar pelas agulhas do Cerro Catedral.

Bruno na Agulha M2.     Tivemos o prazer de pegar uma carona com essa lenda da escalada argentina quando voltávamos de um dia de escalada no setor da Platéia, em Chalten.

Ao que parece este ano foi uma temporada meio que atípica no Frey, devido aos fortes ventos, baixa temperatura e neve, não foi possível escalar todos os dias. Como diria meu amigo Bruno Castelo, “o Frey estava uma geladeira”.

Nos dias em que não se escala, passávamos o dia conversando com outros brasileiros, israelenses, franceses, americanos, argentinos, suíços e alemães. Neste dias de tempo ruim, optamos em descer até Bariloche, tomar um bom banho e comprar mais mantimentos, nosso café da manha já estava só a base de chimarrão.

Assim que retornamos ao refugio, tivemos a notícia que nossa barraca quase decolou para Bariloche no dia 31. Graças a quatro escaladores, ela foi fincada novamente ao chão com poucas avarias. Dois destes grandes escaladores se tornariam nossos parceiros para uma nova Trip rumo a Chalten, Thiago Porto e Eduardo Zoroastro. Neste dia muitas barracas foram quebradas pelos fortes ventos do cerro.

No resumo da opera, nos dias que o tempo nos deu trégua, escalamos a vias clássicas, com caminhadas que atravessam campos de neves e caminhos de pedra solta, muita ralação. Vias com Del Frente na Agulha La Vieja, e outras nas agulhas El Abuelo e M2 também entraram pro caderninho.

“Chegar à La Vieja é uma boa ralação. Além de ter que subir o divisor de águas e uma perambeira de pedras soltas, foi necessário cruzar um campo de neve sem grampão. Uma queda seria bem trágica.” Bruno Castelo.

Das vias que pude ter o prazer de entrar, a que mais me chamou atenção foi a Sifuentes Weber (5+, 90m), na Agulha Frey, localizada em frente ao refugio. Não por dificuldade, até porque quem guiou toda via foi o Bruno, mas por ter sido a ultima antes de ir embora, seria essa nossa despedida do Frey. Um dia de escalada que não vai sair da memória.

“Esta é considerada a escalada mais clássica do lugar, toda em fendas e com proteções móveis. As paradas possuem proteção fixa. Não há tanta dificuldade em fazer as proteções, pois as fendas são de boa qualidade.“ Bruno Castelo.
   
O Frey vai deixar boas lembranças, viver por um tempo neste lugar deixa saudade. A harmonia com o meio ambiente, o foco em escalar sempre que o tempo da uma chance, as amizades feitas em torno de um bom mate, e todo clima de desafio que esta região pode oferecer, faz com que nas próximas férias de verão o retorno ao Frey esteja no topo da lista de lugares onde quero escalar.

Não posso deixar de agradecer a meu grande amigo Bruno Castelo Branco por me chamar para esta Trip, já que foi idéia dele partir meio que sem rumo pela Patagônia Argentina.

Força Sempre e Boas Escaladas!
Atila Barros

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Sobre o autor

Atila Barros nasceu no Rio de Janeiro, e vive em Minas Gerais, cidade que adotou como sua casa. Escalador (Montanhista) há 12 anos, é apaixonado pelo esporte outdoor. Ele mantem o portal Rocha e Gelo (www.montanha.bio.br)

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