Eliseu Frechou fala sobre seu novo Filme

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Finalizando o ciclo de entrevistas, que serve de cobertura para o Festival de Filmes de Montanha do Rio de Janeiro de 2010 pude conversar com Eliseu Frechou.


Por Luciano Fernandes

Eliseu Frechou dispensa apresentações, e somente pelos seus feitos já se fala muito sobre ele. Escalador e montanhista a mais de 25 anos, sempre defensor da escalada, e sempre corajoso nunca tem medo de dizer o que pensa quando se testa sua paciência e boa vontade.

Eliseu no início de 2010 fez a histórica conquista do Monta Roraima, e foi notícia no Brasil e no exterior. Conquista esta que até o momento nem mesmo notícia de planejamento há para uma repetição.

Uma conquista tão impressionante não poderia ficar sem o registro de um filme ou vídeo. Foi isso que Eliseu conseguiu fazer, mesmo em um lugar tão agressivo e puxando muitos quilos de equipamento para a rocha acima. O resultado destas gravações foi o filme “Dias de Tempestade”. Todo filmado em HD (padrão hoje para um filme sonhar em ser favorito a quualquer festival).

Acompanhe a entrevista abaixo :

1 – Eliseu, qual a quantidade de material filmado originou o seu filme?

Filmamos cerca de 3 horas na montanha e mais algumas cenas para a parte introdutória do filme, que dá uma situada sobre o que estamos falando.

2 – Qual foi o equipamento usado?

Usamos 3 câmeras de alta definição, duas Canon e uma Nikon, e algumas lentes com resultados bem interessantes.

3 – O que o público deve esperar de seu filme?

Este filme é um documentário, feito inteiramente por escaladores e para escaladores. Nossa preocupação era de fazer um filme na primeira pessoa.

Não há narrador, nem cenas planejadas e/ou roteiro pré-estabelecido. Tudo aconteceu conforme a escalada fluía, então o público deve esperar um filme acima de tudo honesto, que expressa o que passou pela nossa cabeça durante os 14 dias que ficamos prisioneiros do Monte Roraima.

4 – Para a edição e produção do filme, você contou com a ajuda de alguém?

Para a edição não, fiz tudo. A abertura e a finalização foram feitas pela Leticia Onizuka da Canvas24p, produtora do escalador e diretor Wiland Pinsdorf

5 – Este não é o seu primeiro filme a concorrer no festival, qual a sua expectativa este ano?

O Karma ganhou melhor direção e melhor fotografia em 2007. Foi um apanhado de belas imagens e sobre a maneira com que me relaciono com a montanha.

O Dias de Tempestade é totalmente diferente. É em parte um drama, filmamos sem saber como iríamos terminar o filme, e na verdade o filme estava pronto no momento em que saímos da montanha.

Sei que temos um bom filme, e como eu disse, ele é honesto no que diz respeito ao ter documentado uma expedição do porte e comprometimento que realizamos.

Até hoje foram poucas as expedições que conseguiram, com uma equipe tão reduzida, escalar e documentar este tipo de situação. Mas não vi os outros filmes que estão concorrendo, então estou ansioso para assistir a todos.


6 – Desta vez a trilha sonora não terá somente musica eletrônica (que você ama), qual o porquê desta escolha?

Temos amigos produzindo todo o tipo de som. Sempre dei muita atenção para isso, desde a série Lobotomia que tinha de tudo: rock, eletrônico, ska…, mas confesso minha preferência pelo trance.

No Dias de Tempestade temos músicas originais do filme, como o blues “Nas nuvens” da dupla Carlinhos Goulart e Silvinho, que tocam no Blues Bar de São Bento do Sapucaí. A produção desse som foi do Lipe Forbes, escalador daqui também, o que foi bem legal.

Para alguns momentos, coloquei um chillout do russo Kyoto, que no seu último trabalho, Forest Trip conseguiu fazer um som sob encomenda, e que se encaixou perfeitamente no que eu tinha em mente, e ele cedeu a trilha de boas. Aliás, é uma pena o prêmio de melhor trilha não rolar este ano.

7 – Quem foram os que colaboraram, mesmo que indiretamente, para que este filme fosse realizado e você gostaria de enaltecer?

Computação gráfica – Wiland Pinsdorf, Leticia Onizuka, Trilha sonora – Carlinhos Goulart, Silvio Garcia, Lipe Forbes, Banda Nervus, Snake – Luiz Fernando Malta, Maurício Vasconcelos, Deuter – Marcus Araújo, Pedro Lacaz, Solo – Pedro Bruder, Rodrigo Li Barbosa e Rodrigo Almeida, Prana Petroquímica, Liofoods , Prorider, ESPN-Brasil – Renata Netto, Webventure – Daniel Costa, Go Outside – Andrea Estevam, Aventura e Ação – Ricardo Contel, Mountain Voices – Beth Frechou e Globalstar

8 – Desde o ano passado alguns produtores liberaram para visualização seus filmes em sites como Vimeo ou Youtube, você irá fazer o mesmo?

Estou absolutamente sem tempo para fazer o trailer, mas muitas imagens já são conhecidas por conta das reportagens, então neste momento não penso em disponibilizar o filme. Mas acho que até o final do ano teremos um Blu ray ou uma versão em DVD HD do filme.

9 – Dos últimos filmes de escalada que viu, qual foi o mais inspirador, e qual mais inspirou você a produzir mais um filme?

Gostei muito do The Sharp End, mas como produtor de 6 filmes de escalada e pessoa que trabalha com imagens, meu approach é diferente: gosto de sempre ter como personagem principal, as pessoas que fizeram o local ser o que ele é e representa, e não tenho visto muito disso nas produções.

Outros filmes que gosto são o Masters Of Stone II e o Hard Grit.

10 – Você já participou de vários festivais de filmes de montanha, em sua opinião o que mudou desde o seu primeiro?

Eu só participei da Mostra de 2007 com o Karma, apesar de produzir desde 99. Cada filme teve uma história para contar, e eu procuro não me repetir. O primeiro filme, que foi o Terra de Gigantes, produzido com o Wiland foi muito diferente dos outros 3 da série Lobotomia.

A busca pelas imagens que exprimem nosso sentimento de estar na montanha e minha vontade de mostrar as várias facetas do montanhismo e as formas de colocar tudo isso num filme ainda me fascinam demais e me impulsionam a produzir cada vez mais.

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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