Por Luciano Fernandes:
Já adianto que foi uma verdadeira honra ler cada letra de suas respostas.
André falou livremente, e em nenhum momento demonstrou preocupação em alfinetar ninguém, nem apontar culpados. Mais uma comprovação de sua elegância.
Simplesmente fez uma análise pura e direta da escalada brasileira e o problema de acesso enfrentado por montanhistas e escaladadores.
Confesso abertamente que talvez em quase 5 anos de blog (que irão se completar em Março de 2011), nunca tenha tido tanto orgulho de poder publicar uma entrevista de qualidade tão alta.
A todas as perguntas André Ilha respondeu pacientemente, e escreveu de maneira que mostra toda a sua elegância de explicar temas tão comuns, e importantes para todo e qualquer escalador do Brasil e exterior.
Na entrevista André Ilha disse tudo o que se deve saber sobre planos de manejo, como trabalhar para livrar uma área proibida, como encarar a ética na escalada, e outras atualidades da escalada brasileira.
Peço a você, leitor (seja frequentador ou não) do blog, que pare por um minuto e leia com atenção tudo aquilo descrito por André Ilha.
Você tem muito a aprender com as respostas da entrevista.
1 – André Ilha, outro dia foi comentado em uma lista de discussão que “onde há uma Rocha, já foi escalada por André Ilha”. De onde vem esta lenda?
Certamente devido ao grande número de vias que já abri – pouco mais de 570 -, muitas delas em lugares distantes e obscuros.
Alguns destes lugares permanecem obscuros até hoje, mas outros tornaram-se grandes referências da escalada em rocha no país, especialmente da escalada com equipamento móvel, como a Serra do Lenheiro e a Serra do Cipó (Morro da Pedreira).
É frequente alguém achar que descobriu uma nova área e depois constatar que eu já havia andado por lá há tempos, e mais de uma vez chegaram a cumes de montanhas distantes pensando que eram virgens, apenas para topar com uma das minhas “marmitas de cume” acondicionadas sob algumas pedras…
Se não fosse assim, por esta busca constante por lugares novos, situações novas, vias novas, eu talvez já tivesse parado de escalar há muito tempo.
Mas esta minha curiosidade inesgotável faz com que eu mantenha, hoje, a mesma fissura (sem trocadilhos!) de 20, 30, 35 anos atrás.
2 – Hoje, em termos de escalada, o que motiva você?
A minha rotina de trabalho hoje, como diretor do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), é muito puxada, e me sobra muito pouco tempo para escalar.
O ritmo diminiu muito, assim como a forma física, o que só permite que eu entre em vias de dificuldade relativamente modesta.
Mas, felizmente, eu sou apaixonado mesmo é pelas escaladas, e não pelos seus graus, e, portanto, sinto também imenso prazer em fazer vias de dificuldade moderada, desde que sejam bonitas e sigam linhas naturais.
Se foram em livre e em móvel então melhor ainda.
Mas, como eu disse acima, para mim um dos maiores atrativos do montanhismo em geral, e da escalada em particular, é o aspecto de exploração de novas áreas.
Nesse sentido, a busca por cumes virgens no interiorzão do Brasil é para mim uma das facetas mais prazerosas do esporte, pois envolve tudo: pesquisa, preparação logística, viagens cheias de peripécias e situações divertidas, contato com os moradores locais, quase sempre gentis e generosos, a vivência de ambientes naturais diferentes daqueles a que estiou acostumado, e até as escaladas em si!
Já atingi os cumes até então inescalados de mais de 50 grandes montanhas e pontões, e se somarmos a isto pequenas agulhas, a conta passa de 70.
3 – Na sua visão, como está a escalada no Rio de Janeiro em termos de consciência sobre impacto ambiental?
Em média, muito bem.
Graças à base histórica proporcionada pelos clubes, e depois ao trabalho excepcional que vem sido desenvolvido pela FEMERJ, o nível de consciência ambiental dos escaladores cariocas, de uma maneira geral, é bem bom, com reflexos positivos diretos sobre os ambientes de montanha.
Trabalhos metódicos e bem feitos de reflorestamento, mutirões de limpeza de lixo, manutenção de trilhas e pressão para que novas vias não sejam feitas em detrimento da vegetação rupícola são alguns feitos expressivos a serem contabilizados na coluna dos créditos.
Mas, claro, há sempre um ou outro espírito de porco, cujo egoísmo não apenas causa danos ao meio ambiente, mas também põe em risco as duras conquistas obtidas pelas organizações representativas dos montanhistas junto aos órgãos públicos e à população de uma maneira geral, mas felizmente estes são muito poucos, e a forte pressão social exercida pela comunidade local de escaladores tem feito com que os problemas sejam cada vez mais esporádicos e menos sérios.
Tenho uma visão otimista a respeito.
4 – Hoje a comunidade escaladora está enfrentando problema de acessos à locais de escalada. Como você visualiza este problema?
Este, de fato, é hoje o maior problema enfrentado pelos montanhistas (escaladores e caminhadores) em todo o país, e decorre de alguns fatores que, conjugados, levaram a uma situação crítica.
O primeiro deles é o fato de que a montanha, hoje, não é mais território exclusivo dos montanhistas amadores, como no passado: ela agora é dividida com turistas e seus guias, rapeleiros e curiosos de toda a espécie, o que por vezes gera conflitos de interesse e dificuldades a eles associadas.
Graças à inércia dos montanhistas amadores quando este fenômeno começou a ocorrer, na década de 80, baseada na vã esperança de que esta realidade não fosse se instalar da forma como se instalou, o espaço junto ao Poder Público foi ocupado, bem ou mal, pelo segmento turístico, que passou a ser visto, por vezes, como o único e legítimo representante do esporte junto às instâncias oficiais, levando os primeiros e tradicionais frequentadores das montanhas brasileiras a uma certa marginalização.
Isto, felizmente, vem sendo revertido a duras penas graças ao infatigável trabalho das organizações representativas dos montanhistas – CBME, federações e clubes locais – com ótimos resultados em certos casos, mas ainda com muito por fazer em outros.
Este processo, no entanto, poderia estar acontecendo mais rápido se houvesse mais gente disposta a arregaçar as mangas e a ajudar, e se não houvesse, aqui ou ali, alguns que, incapazes de compreender a magnitude de todo este processo, provocam retrocessos com suas atitudes impensadas e bravatas juvenis.
Além disso há a questão da insegurança, que faz com que as pessoas cada vez mais se fechem atrás de muros, cercas, guaritas, contratem guardas, usem cães etc.
Tudo para impedir o acesso de pessoas estranhas às suas propriedades, o que levou ao fechamento, às vezes legal, às vezes ilegal, de áreas tradicionais para a prática do esporte.
Isso é muito complicado porque não se pode tirar de todo a razão destas pessoas devido ao real crescimento da violência, principalmente nas áreas urbanas, ainda que haja por vezes uma certa dose de histeria envolvida.
O caminho parece ser mesmo o da negociação caso a caso e, além disso, os decretos municipais de incentivo ao montanhismo que começaram a ser editados aqui no Rio de Janeiro: já temos os da capital e o de Petrópolis, e as cidades de Teresópolis e Nova Friburgo já estão pensando em atos semelhantes.
A ideia é que as prefeituras municipais reconheçam o montanhismo como uma atividade tradicional e positiva de ser praticada em seus limites, reconheçam oficialmente as áreas de interesse para o esporte e adotem medidas concretas para assegurar o acesso a antigas e novas áreas, desde a instalação de sinalização oficial até a instituição de servidões de passagem, entre outras.
Esse caminho parece ser bem promissor, mas além disso há ainda um interessante projeto de lei sendo discutido no Congresso Nacional, de autoria do deputado Fernando Gabeira e por inspiração do Centro Excursionista Petropolitano, que visa a assegurar o acesso através de terras privadas a atrativos naturais como trilhas, paredes rochosas, cachoeiras etc., mais ou menos como o que já existe hoje, ao menos no RJ, com relação às praias.
O ponto de partida foi uma lei inglesa chamada Countryside and Rights of Access Act, ou simplesmente Crow Act, fruto de uma luta de década dos caminhadores ingleses (ramblers) pelo direito de passear pelas colinas daquele país.
Enfim, para resolver todos estes problemas, só há uma saída, e que já vem sendo trilhada com maior ou menor empenho em todo o país: a de uma maior institucionalização do esporte, fortalecendo as suas entidades representativas para que estas, cada vez melhor vistas junto à população e aos órgãos públicos, possam promover uma interlocução séria, vigorosa e, sobretudo, produtiva.
O problema é que isto dá trabalho, exige a leitura crítica e redação de documentos, a participação em muitas reuniões, como por exemplo nos conselhos consultivos nos parques onde existam trilhas ou escaladas, e como nem sempre há alguém disposto a doar o seu tempo e a sua energia para tal, aí as coisas ficam mais difíceis.
5 – Hoje a Serra do Cipó é considerada a Meca da escalada esportiva. Como você analisa o grande volume de escaladores que sempre escalam por lá?
Volume em geral não é problema, dá para se manejar de alguma forma, exceto em casos extremos, o que não se aplica ao Cipó.
O problema é a mentalidade de uma parcela dos escaladores esportivos que frequentam o local, que sairam diretamente de um ginásio com agarras de plástico em Belo Horizonte para lá e tendem a enxergar aquelas belas paredes, situadas em uma área de proteção ambiental federal (aliás, criada graças aos esforços dos próprios montanhistas no final da década de 80!), como um mero ginásio ao ar livre.
Assim, por não terem tido a oportunidade de receber uma formação ética e ambiental consistente em suas academias, veem o Morro da Pedreira como um reles ginásio ao ar livre, onde podem fazer tudo o que querem, e ainda hostilizam as pessoas que estão lutando pela organização do esporte em Minas Gerais.
É uma mentalidade assim que levou, por exemplo, ao fechamento por anos e anos da Lapinha, e é apenas graças aos esforços das pessoas que estes escaladores criticam e debocham é que, agora, há uma perspectiva concreta de reabertura parcial da Lapinha…
Eu conquistei todas as primeiras escaladas do Morro da Pedreira, e no total abri mais de 60 vias lá entre 1986 e 1990, todas em móvel, mas jamais achei que lá deveria ser um reduto exclusivo da escalada tradicional.
Pelo contrário, eu mesmo pensava em, um dia, abrir vias grampeadas em diversos pontos (o termo “escalada esportiva” ainda não existia), mas nunca fiz isto porque não parava de descobrir ótimas linhas em móvel para fazer, o que sempre achei mais interessante, e acabei deixando para lá.
Portanto, acredito completamente na possibilidade de coexistência harmônica entre a escalada tradicional e a esportiva lá, assim como, felizmente, ocorre no Rio de Janeiro, mas não dá para concordar que todas as paredes do Morro da Pedreira sejam inteiramente metralhadas de chapeletas sem respeito pelo meio ambiente, pelas vias tradicionais ali estabelecidas ou por estabelecer e pelos demais frequentadores.
Este caminho não é bom, e pode acabar levando ao fechamento daquela importante área, assim como já aconteceu com Lapinha, Cerca Grande, Baú e Gruta do Rei do Mato. Se a consciência não funciona, então eis ao menos um bom motivo para reflexão e correção de rumo.
6 – Em locais que estão dentro de propriedades particulares, e que foi vetada a entrada de escaladores, voce teria alguma sugestão para quem procura idéias de contornar este problema?
A primeira coisa a se fazer é tentar, respeitosa e educadamente, negociar com o proprietário este acesso.
Se não, tentar junto à municipalidade a instituição de um programa municipal de apoio ao montanhismo, nos moldes dos que eu já mencionei acima, no Rio de Janeiro (capital) e em Petrópolis.
Mas atenção: estes processos normalmente são lentos, pois é preciso se ganhar a confiança dos proprietários, e o excesso de ansiedade pode colocar tudo a perder de um dia para o outro. Há que se ter paciência e persistência.
7 – Há vários locais de escalada fechados na pendência de um “Plano de Manejo” (Como Sete Lagoas-MG, Baú de Minas-MG e Lapinha-MB). Como é elaborado um plano de manejo, e porque é tão demorado?
Um plano de manejo é um estudo multidisciplinar que dirá o que pode e o que não pode ser feito dentro de uma unidade de conservação qualquer, seja um parque, uma área de proteção ambiental, um monumento natural e assim por diante.
É o Plano Diretor daquela unidade, que define o seu zoneamento ambiental e dá diretrizes para a atuação do seu gestor.
Só que enquanto o plano de manejo não é feito, nós, aqui no Rio de Janeiro – e aí eu me refiro não apenas ao INEA, que é o órgão ambiental estadual, mas também ao ICMBio, que é o órgão federal, e às diversas prefeituras municipais -, entendemos que é perfeitamente possível liberar, ainda que parcialmente e com certas restrições, as atividades de uso público, como por exemplo a escalada.
É certo que, em tese, seria preferível o plano de manejo vir antes, mas como as vezes passam-se décadas entre a criação de uma unidade e a elaboração do seu plano de manejo, não me parece justo, e nem correto, manter a unidade “fechada” por todo este tempo, e as as aspas justificam-se porque elas não ficam de fato fechadas: o fechamento vale apenas para aqueles que respeitam as normas, e são portanto os grandes prejudicados.
Os transgressores acabam se dando bem nesse caso…
Mas é importante frisar que o plano de manejo é um instrumento de gestão importantíssimo, e não deve ser menosprezado.
No INEA, mesmo antes dos planos de manejo serem elaborados, nós promovemos os chamados “Seminários de Mínimo Impacto”, onde, após a elaboração de um documento preliminar pela FEMERJ e pelo próprio INEA, é convocada uma ampla reunião pública para debatê-lo ponto a ponto e, assim, definir as normas que valerão para a prática da escalada em nossos parques estaduais.
Depois, quando o plano de manejo for contratado, o resultado do Seminário de Mínimo Impacto vai inteirinho para o seu capítulo de uso público, como já ocorreu no caso do Parque Estadual dos Três Picos.
Este instrumento é excepcionalmente eficiente porque deriva de um acordo feito com os usuários (no caso, os escaladores), e já promovemos estes seminários nos nossos três parques estaduais onde a atividade de escalada em rocha é relevante: Três Picos, Serra da Tiririca e Pedra Branca, sendo que os planos de manejo destas duas últimas unidades estão, no momento, em fase de licitação.
Agora estudamos a possibilidade de fazer um Seminário de Mínimo Impacto para slack-line no Parque Estadual da Serra da Tiririca, devido ao crescimento algo desordenado desta atividade por lá.
Também aqui no Rio de Janeiro nós, após longa discussão interna e depois pública, através da página do INEA na internet, encaminhamos ao Governador Sérgio Cabral uma minuta de decreto de uso público que veio a ser assinada em maio deste ano e que pode ser considerada, de uma certa forma, revolucionária, pois ela subverte a lógica praticada em alguns lugares de que toda a visitação em um parque é proibida, salvo onde expressamente permitida.
No nosso caso, toda a visitação é permitida, salvo onde expressa e justificadamente proibida.
E, apesar disto, acreditamos firmemente que estamos tendo um ganho de gestão, assim como melhor proteção à unidade, desta forma.
8 – Recentemente houve novas discussões a respeito de incrementar proteções em vias que ocorrem quedas. Sei que é assunto velho, mas qual a sua visão sobre este tema?
Céus, lá vamos nós, de novo!
Se alguém se julga no direito de acrescentar grampos a uma via qualquer, por qualquer razão, outra pessoa poderia também se sentir no direito de arrancar por sua conta os grampos que considerar supérfluos…
Portanto, no Brasil e no mundo todo, um dos princípios éticos mais elementares da escalada, endossado até pela nossa instituição maior, que é a U.I.A.A., é o que, em nosso país, convencionou-se chamar de “direito autoral”, ou seja, a concepção original de uma via qualquer deve ser integralmente respeitada por todos, concorde-se com ela ou não.
Afirmo que esta é a única forma de se evitar a barbárie que uma “guerra de grampos” poderia causar a uma área qualquer de escalada.
Modificações na forma original de uma via, seja para acrescentar ou para remover proteções fixas, só se feitas pelos seus próprios conquistadores ou com sua autorização expressa.
Além disso, a prática nos provou que adicionar muitos grampos aumenta, e não diminui o risco de acidentes!
Embora à primeira vista esta afirmação pareça paradoxal, é simples entender por quê: vias ultragrampeadas transmitem uma falsa sensação de segurança e estimulam pessoas pouco experientes a entrar nelas, e não existe nada mais perigoso na montanha do que a falta de experiência e, consequentemente, a incapacidade de julgar adequadamente as situações concretas que se apresentam, daí os acidentes em série, inclusive fatais, em vias com grau de exposição E1.
Uma recente pesquisa levada a cabo pelo Flávio Daflon mostrou que, no Rio de Janeiro, todos os acidentes graves desde 1998, inclusive com três mortes, ocorreram em vias densamente grampeadas.
A escalada recordista em fatalidades no Rio de Janeiro, o Paredão Cepi, nem bem é uma escalada: é uma via ferrata, um cabo de aço da base ao topo da face oeste do Pão de Açúcar, onde, em tese, não haveria como alguém se machucar e muito menos morrer!
Mas, precisamente, porque este cabo de aço deixava as coisas muito facilitadas, toda a espécie de pessoas despreparadas achava que podia entrar lá e subir com tranquilidade, inclusive sozinhas, e era um acidente horrível atrás do outro.
Isto só parou quando a parte inicial do cabo de aço foi arrancada!
Agora, só quem possui um certo nível de competência técnica pode entrar lá, criando um filtro muito saudável que, ao menos até agora, impediu a ocorrência de novas fatalidades.
A basoseira de que a escalada móvel seria elitista e muito perigosa já foi superada há tempos, e raros são os acidentes em escaladas deste tipo porque, precisamente por serem mais exigentes, os candidatos a repeti-las preparam-se melhor, o que é um princípio válido para qualquer escalada.
Além disso, nunca devemos pensar em rebaixar o nível da montanha ao nosso próprio, mas, pelo contrário, nos prepararmos para estarmos à altura dos desafios propostos por ela, e é aí que reside a beleza do nosso esporte.
Por fim, não podemos nunca perder uma coisa de vista: a escalada é um esporte perigoso, quer se queira, quer não, e mesmo vias esportivas, se repetidas por pessoas desatentas ou despreparadas, podem matar.
9 – Há sempre incidentes de escaladores que sujam locais de escalada (como o ocorrido no Valle Encantado que acarretou fechando do local durante o verão desde 2009), como deveríamos, na sua opinião, nos comportar com estas atitudes à nossa volta?
Acho que isto já foi respondido de certa forma acima.
O Valle Encantado foi fechado pelos seus proprietários privados devido à absoluta falta de educação e respeito de parte de seus frequentadores, que deixavam inclusive papel higiênico usado na base das vias…
Novamente, trata-se de gente que vê uma parede natural, por mais bela que seja, como um mero ginásio ao ar livre, não lhes interessam as questões ambientais, o respeito pelos outros escaladores e demais usuários da área, nada: só o que conta são as “cadenas”, sua vaidade, seu currículo no 8a.nu., e dane-se o resto.
Algo parecido aconteceu aqui na Pedra da Divisa, em São Bento do Sapucaí.
10 – Muitos escaladores jovens pensam em que curso universitário realizar para contribuir com o seu esporte, o que você sugeriria para eles?
O que lhes proporcionar mais tempo livre para escalar! (risos)
Foi o que eu fiz!
11- Neste ano discutiu-se muito sobre a normatização do esporte de escalada (assim como os cursos e guias) pela ABETA, qual a sua posição sobre o tema?
É imprescindível que haja um amplo entendimento entre os escaladores amadores e os profissionais do ecoturismo, pois o conflito não interessa a nenhuma das duas partes.
Portanto, ABETA e CBME precisam acertar os seus ponteiros definitivamente.
No Rio de Janeiro, uma vez mais, há um excelente relacionamento entre FEMERJ e a coordenação local da ABETA, mas isto ainda precisa ser replicado em alguns estados, e estou confiante de que o será.
12 – Há muita confusão sobre o que é impacto ambiental de escaladores. É difícil definir este conceito de maneira que não deixe os escaladores como vilões?
Toda atividade humana nos ambientes naturais causa algum impacto, daí que os nossos seminários para a escalada são de mínimo impacto, e não de impacto zero, pois este só poderia ocorrer se baníssemos completamente a atividade, o que nos parce descabido.
O que é necessário é que se definam quais são os limites aceitáveis de impacto sobre uma área qualquer, e sejam definidas regras, de preferência consensuais (pois são mais respeitadas) de acordo com este pressuposto.
Os escaladores, de uma maneira geral, são aliados da preservação ambiental, e devem ser respeitados por isto.
Mas, por outro lado, a comunidade toda deve identificar e pressionar os desviantes, para que toda a coletividade não seja prejudicada por uns poucos.
Conteúdo original em:
http://blogdescalada.blogspot.com/2010/12/exclusivo-entrevista-andre-ilha.html