Equador, vulcões, natureza e muita aventura.

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Equador, região de latitude zero, de clima estável, que está próximo de praias, Montanhas Geladas, Vulcões e a magnífica Amazônia. Lugar de muita cultura onde a prática do montanhismo de altitude pode ser realizada o ano todo, ou quase o ano todo como acabamos percebendo.


Tudo começou com um amigo que pretende escalar o Everest em 2011 e está passando por uma série de treinamentos, os quais tenho acompanhado bem de perto já que também pretendo participar de alguma expedição a mais alta montanha do planeta um dia.

Saímos de São Paulo no dia 18 de abril, mesmo depois de ler que abril era uma época que costumava chover, porém após consulta com nossos amigos percebemos que poderia chover ou não e que no ano de 2009 na mesma época fez dias bem abertos e tranqüilos de vento.

Chegamos ao Equador com intuito de encontrar um amigo “Pepe Jijon” nascido no Brasil, mas naturalizado Equatoriano, que possue vasta experiência em montanha e já chegou aos sete cumes em solitário feito esse que nenhum outro sul-americano repetiu até o momento, é muito prazerosa a parceria de uma pessoa como esta em nossa expedição que além de muito amigo possue muito conhecimento e desapego em suas ações o que o torna mais tranqüilo em seu cotidiano social e mais compreensivo as intempéries da alta montanha.

Nosso objetivo inicial era fazer algumas montanhas de aclimatação como o Ilalo (3500), o Ruku Pichincha (4700m), o Iliniza (5176m) e depois seguir para o Cotopaxi (5897m) e Chimborazo (6310), em apenas 10 dias de viagem. Roteiro audacioso e apertado.

Tudo começou bem, fazendo a caminhada do Ilalo e do Ruku Pichincha, quando, em seguida, nos deslocamos de Quito a um abrigo de montanha muito agradável e confortável na base do Iliniza, alias o Equador nos oferece grande estrutura na base das montanhas, permitindo que os andinistas escalem e em pouco tempo voltem a um refugio confortável e com alimentos saborosos, sem necessidade de acampar em muitas das montanhas do país.

Neste dia a chuva e o mal tempo começou a nos assombrar, o que eram nuvens de superfície normais e claras, passou a ser nuvens negras de precipitações e nuvens de vento o que nos preocupava ainda mais, contando com andinistas já de experiência subimos o Iliniza debaixo de água, neve na parte alta e mal tempo , mesmo assim alcançamos o cume e no mesmo dia partimos ás próximas etapas principais que eram o Vulcão Cotopaxi e o Chimborazo.

Dirirgindo-se ao Cotopaxi a mente humana já queria buscar explicações de porque não daria para escalar as próximas montanhas, já que o tempo piorava a cada dia e com um roteiro curto não conseguíamos ter dias extras de janela de tempo, a melhor explicação mental que encontrei é que a natureza é quem manda e seguimos tranqüilos.

Naquela madrugada tentaríamos escalar o Cotopaxi, acordamos as 11hs da noite para nos alimentarmos e seguirmos viagem, fomos de 4×4 ate a base e de lá para cima iniciamos uma caminhada que durou 2:30 até aproximadamente 5200m, quando prudentemente resolvemos retornar por conta de vento intenso e visibilidade muito adversa , onde não conseguiríamos encontrar o caminho alternativo já que a escada que atravessava a greta se quebrou e não tinha sido recolocada até o momento.

Começou a frustração, pois por mais que os montanhistas possam dizer que a natureza é maior e devemos respeitá-la, todos sabem também a sensação de descer de uma montanha depois de alguns objetivos e sonhos já projetados, costumo dizer que esta parte de sensações montanhísticas nos ajuda a tomar consciência de quanto somos pequenos e imperceptíveis diante da natureza. E são estas mesmas sensações que de mesma forma podem transformar uma alegre e serena expedição em perca de uma vida no montanhismo.

A linha tênue entre continuar e desistir em momentos de muito mal tempo e sobre efeito da altitude determina a vivencia ou não de muitos montanhistas no planeta.

Depois de muitos pensamentos e uma noite turbulenta sabíamos que tentar o Chimborazo seria uma possibilidade bem remota já que o mal tempo se estendia por todo Equador neste período,mesmo assim teimosos fomos até a base do gigante conferir, e acertamos, ficamos parados inativos diante de uma montanha enorme a qual mal conseguimos ver, apenas sim saber como chega para uma próxima vez que pisarmos em território Equatoriano.

Voltamos ao Brasil, já que o tempo não nos auxiliava e por falta de tempo e dinheiro deveríamos retornar.

Chegamos e já marcamos a volta onde pretendemos ir diretamente ao Cotopaxi e ao Chimborazo, terminando assim um ciclo de conhecimentos na região onde o Oxigênio é rico e a vegetação nos campos de altitude nos permite respirar com muita facilidade na permitindo muitos montanhistas inexperientes explorar a região com segurança e controle.

Diante das tentativas e rapidez de nossa passagem concluímos novamente 3 aspectos essenciais:

1º – Não existe montanha fácil.
2º – Sincronia e boas intenções são essenciais, para um bom desempenho em altitude.
3º – A contemplação e respeito da natureza nos tornam cada vez mais vivos.

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Sobre o autor

Carlos Santalena é sócio proprietário da Grade VI Viagens, conceituada empresa de expedições de Campinas SP. Ele foi o brasileiro mais jovem a escalar o Everest e também a escalar os 7 cumes.

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