O montanhista equatoriano Karl Eglof é sem dúvida um dos melhores montanhistas do Equador. De origem suíça, Eglof ficou famoso por quebrar o recorde de Kilian Jornet na ascensão mais rápida do Aconcágua.
Karl, que trabalha como guia de montanha e tem em seu currículo a escalada de várias montanhas de 8 mil metros pretende finalizar o projeto 7 Cumes e por isso se juntou à uma expedição comercial com clientes de diversos países do mundo para escalar a Pirâmide Carstensz, montanha mais alta da Indonésia com 4884 metros de altitude que fica na Ilha da Nova Guiné.
Mesmo sendo uma montanha famosa, fazendo parte do concorrido roteiro dos 7 Cumes, o Carstensz é uma montanha que sofre com problemas de ordem política e social. A região é palco de disputa étnica entre grupos aborígenes e indonésios, além conflitos envolvendo mineradores de ouro. Com todos estes problemas e a crise da Covid, a montanha encontra-se fechada desde 2019. Eglof, no entanto, recebeu a promessa de que seu grupo conseguiria a permissão para escalar a montanha, o que não aconteceu.
Em uma rede social, Karl Eglof desabafou:
Tive a chance de participar de uma expedição internacional da empresa como turista desta vez. Viajei 4 dias para chegar a Timika, Papua-Indonésia esperando as autorizações com o grupo. Há meses que nos diziam que a subida à montanha iria abrir (fechada desde 2019), que já estava tudo organizado e que só faltava entrar na Indonésia para a autorização final. Essa foi a espera, dia após dia em um lugar remoto e muito básico. Infelizmente foi uma mentira com falsas promessas. Disse que a permissão nunca veio.
Encontramos outro grupo que estava fazendo a mesma coisa há 14 dias e voltaram para seus países indignados.
Começar o regresso a casa com a mala cheia de sentimentos… Todo o esforço, preparação, sacrifício, longe de casa, um ano muito complexo no apadrinhamento, muitas desilusões e com as poupanças esgotadas. Levo muitos ensinamentos e lições. A vida segue e cabe a você se levantar com atitude e continuar lutando pelos seus sonhos. Voltarei quando a montanha reabrir e o ambiente estiver seguro, mas sem dúvida aprendi muito estando aqui… com muitas histórias para contar.
Não é a primeira vez que sul-americanos passam aperto no Carstensz. Em 1997 a montanha foi palco da disputa entre Waldemar Niclevicz e Mozart Catão para ver quem seria o primeiro brasileiro a finalizar os 7 cumes. Niclevicz conseguiu a permissão e finalizou o projeto antes, porém ele chegou na base da montanha de helicóptero, meio de locomoção que se tornou o normal devido às guerras tribais.
Um dos poucos brasileiros que escalou a montanha realizando a aproximação por trilhas foi Rafael Scanavacca, que relatou a aventura, cheia de perrengues e aventuras no livro “Entre Abismos“.