Primeiramente há hoje um avanço significativo das cidades sobre as regiões naturais e também há uma maior valorização da natureza, o que leva muita gente para dentro de parques e consequentemente montanhas, que em contrapartida desta admiração, sofrem muito mais com a degradação do que há 50 anos atrás.
Hoje existe muita informação disponível para que pessoas se tornem montanhistas e isso não custa muito. Em Curitiba, por exemplo, custa apenas R$ 15 por mês para ser sócio do Clube Paranaense de Montanhismo e ter acesso a muita coisa. Então não há desculpas de que existe uma conspiração de elitazar o montanhismo e tirar os “pobres” da montanha.
No entanto há uma grande preocupação no crescente afluxo de pessoas no meio natural, principalmente pessoas sem educação a quem se convenhou chamar de “Farofa”. Estes não respeitam a cultura do montanhismo, não por que são maus, mas sim por que são simplesmente “Sem noção”.
Ir para a montanha é tão democrático e barato que “sem noção” e gente experiente convivem juntos na montanha e atritos ocorrem por conta da diferença de visão que estes grupos têm da natureza. Enquanto o primeiro quer se divertir e se libertar das regras da sociedade, o segundo vê a montanha como um local sagrado e de respeito.
Vira e volta culpam alguém pela crescente presença dos “Sem noção” na montanha. Culpam a moda do ecoturismo, as agências, os guias, os sites e meios de comunicação, o fácil acesso e também as escadas, que facilitam e muito a vida de quem quer subir uma montanha.
Éticamente é errado ter uma escada para facilitar uma escalada. De acordo com a Declaração do Tirol, elas têm que ser usadas apenas como último caso para resolver problemas com erosão e outros impactos da presença humana.
Acontece que certas pessoas acharam legal este artifício e resolveram encher as montanha de degraus, para facilitar a subida e de marcações, para ninguém se perder, rompendo totalmente com a proposta do montanhismo que é estar em contato e calibrar-se com a natureza. O excesso de escadas tirou a graça do montanhismo e emprestou à montanha facilidades da vida urbana.
A proposta de ter escadas em montanhas tem que ser a original, que é a que está na declaração do Tirol e nas regras do mínimo impacto da CBME. Elas não podem ser desvirtualizada para favorecer pessoas. Em hipótese alguma a montanha deve se preparar para receber visitantes, estes sim devem se preparar para subir uma montanha.
É para isso que existem clubes e associações, assim como as federações, que devem zelar pelas montanhas junto com os orgãos ambientais. A atitude de tirar as escadas do Pico Paraná que eram excedentes e desnecessárias foram boas, embora tenha sido ruim ter ocorrido sem a permissão da FEPAM.
Quem se sentir lesado que procure por se aperfeiçoar. O desafio nem é tão dificil assim!
Estou deixando um link interessante para o blog do montanhista Waldyr Neto em que ele mostra um exemplo bom de intervenção deste tipo. Comparem com o PP e vejam como estavamos errado e com excesso de escadas:
Intervenções na montanha, qual é o limite ético?