O mais assustador é que são dos próprios escaladores mesmo os atos de completo desrespeito com o próprio esporte. Alguns parecem achar que o mundo pode ser usado como seu bem entender.
Pessoalmente me sinto muito frustrado em ver cada dia um novo incidente sendo discutidos e debatidos em blogs, fórums, sites de escalada e listas de discussão. Vejo abertamente os “sujões” continuar agindo impunemente, e quem os denuncia ganharem fama ruim.
Que a pessoa não tenha tido um mínimo de educação, seja por descaso dos pais, ou mesmo por revolta adolescente a toda e qualquer regra que exista, eu até aceito. Nem todo mundo tem a oportunidade de nascer em uma família estável e funcional. Também eu entendo que há algumas regras cretinas, e muita coisas abusivas que virou regra.
Porém vivemos em sociedade, gostem as pessoas ou não, e como parte da sociedade temos de saber que tudo o que um escalador fizer, minimamente, irá refletir na sociedade escaladora. Positivamente ou negativamente. Depende do ato.
Toda vez que houver aquele grande “deslocamento de massa” de pessoas para um local de escalada (de qualquer gênero), vai chamar uma grande atenção das pessoas à volta (especialmente dos proprietários). Exatamente por isso é inevitável que raramente estejamos em um local em que ´ninguém vai ver´. Vivemos em um mundo com seis bilhões de pessoas.
Quando todos os locais de escalada interessante fechar, o que faremos? Seguiremos indo em outros lugares, ainda abertos, e aceitar o fato de que estes vão fechando um a um também? A resposta a isso eu acredito que seja sim.
Por medo de se fazer taxado ´corta vibe´, mas a realidade é esta : ninguém repreende um amigo, ou até mesmo desconhecido que faz algo condenável.
Por vontade de “continuar popular” entre a roda de amigos, ou manter aquela aura de gente boa, fazemos vistas grossas a coisas que consideramos inadmissíveis. Pode ser que naquele momento não aconteça algo, mas pode ser também que exatamente neste momento seja a gota D´água naquela situação que acarrete em fechamento.
Precisa de exemplos práticos?Exemplos não faltam como o Guaraiúva-SP e Valle Encantado na Argentina (este poluído por um pusilânime mesquinho que tem prazer por sempre realizar o ritual da sujeira onde quer que vá), e até mesmo no cinema do Festival de Filmes de Montanha de 2010 tivemos um outro inconseqüente que ascendeu seu cigarro como se estivesse em sua própria casa.
Minha é bem pessimista. Há muitas pessoas que preferem se omitir no momento do ato de um sujeito sujar um local (e assim arriscar de fechar o local) do que cuidar do local que freqüenta.
O interessante é que quando um local de escalada é fechado não há culpados. , A preocupação é levantar a mão dizendo ´não fui eu´, e raramente ´foi fulano, eu vi!´. A cristalização do velho costume de “fazer porque todo mundo faz”.
Mas até quando esta omissão vai durar? Quando fecharem um local de escalada até não existir nenhum? Quando perdermos locais já tradicionais como “Pedra da Divisa-SP´, “Falésia Paraíso-SP” e outros lugares de boulder e escalada?
Meu conselho é que se você , prefere deixar aquele seu amigo, ou uma pessoa ao seu lado, sujar um local, mas “tudo bem” porque ele é “gente boa”, , sugiro você aproveitar bem o local, pois quando ele fechar a culpa não vai ser de ninguém. Vai ser para você e todos que gostavam daquele lugar uma doce lembrança que ninguém mais pode usufruir. Sem culpados.
Numa situação desta, depois de fechar, o que sobra é só lamentação depois de 5000 abusos, foi um “burro” e fez o 5001º incidente que foi a gota D´água.
Pergunto : depois de 5001º a culpa foi de quem mesmo? E os 5000 anteriores?