A respiração é a única maneira que temos de captar oxigênio do exterior. E quando esse oxigênio chega ao músculo, este pode dar um trabalho de bastante qualidade durante um longo tempo. Deste modo quanto mais oxigênio formos capazes de fazer chegar ao músculo melhor será o rendimento. Entretanto, na aplicação desta teoria na escalada devemos levar em conta algumas considerações.
Em primeiro lugar, poderíamos dividir as necessidades de oxigenação de nosso corpo enquanto escala em duas partes fundamentais. O primeiro seria a necessidade de oxigenação geral ou cardiovascular, quer dizer a que vai diretamente relacionada com a frequência cardíaca que, escalando, se traduz nessa sensação de ofegante quando por exemplo, se sobe por um lance ao qual não estamos habituados. Neste caso, o que ocorre é que, ao faltar oxigênio a frequência cardíaca se acelera com a intenção de captar um maior volume com maior rapidez. Este tipo de oxigenação é facilmente possível de treinar seja sobre na parede artificial com trabalhos de potência aeróbica ou correndo (corrida a pé). Além do fato de que correr repercutirá no outro tipo de oxigenação (local).
Em segundo lugar encontraríamos a necessidade local de oxigênio que requer a musculatura mais aplicada no esforço de escalar, quer dizer o antebraço e em segundo lugar, os braços. Em relação a este requerimento local, o tipo de contração que requer a escalada faz com que a musculatura se “colapse” com relativa rapidez. Por esse motivo, embora a capacidade de captação de oxigênio do exterior seja necessária e importante, também devemos nos habituar para que o músculo se acostume a render em condições de anaerobiosis ou falta de oxigênio. Com isto queremos dizer que por mais que respiremos corretamente, se o músculo não está treinado para essas condições o rendimento será baixo e isto significa, se esgotarão as forças dos antebraços e a queda será inevitável.
À parte do explicado anteriormente, quando escalamos podemos optar por uma determinada técnica de execução quanto a respiração. Em relação a esta, aí vão alguns conselhos:
Respirar normalmente sem inspirar nem expirar forçadamente pois poderá hiperventilar-se.
Não cortar a respiração se não for estritamente necessário (em boulders por exemplo). Ao fazer paradas de respiração a musculatura abdominal se contrai e isso significa um gasto adicional ao esforço que já se está realizando. O que ocorre as vezes é que estamos tão concentrados na complexidade dos movimentos que vamos executar que nos esquecemos de respirar.
Não forçar a inspirar ou expirar pela nariz (muito típico nas corridas a pé). Deixa que seu organismo regule de maneira automática essa função e atuar com naturalidade.
Quando vierem passagens difíceis ou tenha resolvido algum movimento difícil não comece a soprar desnecessariamente para se convencer de que era capaz de fazê-lo ou de que vai encadenar a via; simplesmente acredite e estará lá. Passagem difícil não deve ser sinônimo de sopro forçado.
Deixar de soprar os dedos cada vez que passar magnésio (realmente acredita que seja necessário?).
Fonte de pesquisa: Revista Desnivel
Na próxima semana continuamos com um pouco sobre treinamento em escalada.
“Até a próxima montanha!!!”
Beto Joly