Não que seja uma regra determinada do que fazer ou não fazer. As únicas regras mesmo que definem o estilo de vida de um escalador é a de convivência e carárter do cidadão. Algo muito mais amplo e complexo do que definir um escalador apenas. Não há como definir por exemplo as “Marias Sapatilhas” como escaladoras, mesmo que elas tentem ao máximo viver o estilo de vida de um escalador. Como já disse, a análise disso vai além do esporte.
Mas o que determina efetivamente um estilo de vida escalador?
Na minha opinião tem muito mais a ser com as atitudes e postura com a escalada do que propriamente com o grau que escala.
Nesta ótica é fácil entender porque existem muitos escaladores que conseguem escalar alto grau porém nem podem ser considerados escaladores. Já conheci pessoas que na academia são verdadeiras estrelas, porém a frequencia de ir para a rocha é quase que uma vez ao ano.
Entendo perfeitamente que existem prioridades na vida de cada cidadão. Há épocas em que estamos mais propensos a ficar com a família, com os amigos, com a namorada , com o trabalho e etc. Isto faz parte de todo o complexo de acontecimentos e compromissos que chamamos de “vida”. E é neste ponto que entra, pelo menos para mim, o conceito de estilo de vida de escalada.
Para vivenciar o estilo de vida de um escalador, não é necessário ir para a rocha sempre. Nem é possível, por exemplo, quando em sua cidade fica muito longe de algum local de escalada. Pode-se estar sempe treinando (não necessariamente em uma academia), sendo um esportista.
Não consigo imaginar uma pessoa que se diz escalador e tem como prioridade ficar na balada 7 dias por semana, e a cada compromisso ou treino há o cancelamento por causa da sua vida de baladeiro. É uma questão de escolha, não de estar certo ou não.
Quando convivo com pessoas que tem este espírito é evidente que todos conversam, pensam e vivem outras coisas que não são necessariamente a escalada. Mas faz parte da personalidade da vida da pessoa a escalada. Faz parte de seus planos escolher não fazer algum evento social de importância discutível para poder ir escalar.
A preocupação com sua forma física, com ir a algum lugar entrar em contato com a natureza é uma constante. Não para aparecer, ou para preencher vazios em sua vida, mas sim porque sua vida e a escalada estão sempre juntos. Na minha opinião é ter como necessidade pessoal escalar igualmente a comer bem, dormir bem, sentir-se querido, e outras coisas.
Em resumo, é fazer parte do conceito pessoal estar escalando (repare que é diferente de somente querer fazer parte e nunca escalar), não importando a intensidade, o grau ou o local de escalada.
Filosofia de vida é muito mais do que modismo. É sentir completo dentro daquilo que muitas pessoas não entendem, o ato de escalar. Não acho realmente que somente por estar indo com uma galerinha escalar, seja porque quer ficar com alguém, ou porque vai aparecer como escaladora para alguma turminha.
Quando escalar é difícil de explicar a alguém, porque é tão parte de você, como todos seus medos, desejos e sentimentos, é o verdadeiro espírito do escalador.