Escalada pode ser banida em Oliana, um dos setores mais famosos da escalada esportiva no mundo

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A escalada esportiva pode ser oficialmente proibida em Oliana, na Catalunha, um dos paredões mais icônicos da escalada mundial. A medida entrou em vigor no dia 19/12, após a publicação de um decreto do governo catalão que estabelece uma zona de proteção de 36 hectares para preservar a arte rupestre pré-histórica do Roc del Rumbau, área reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO.

Contrafort de Rumbau Oliana. Foto: Alex Muntada / Wikimedia Commons

O decreto veta não apenas a escalada, mas também o acampamento e o uso de fogueiras na região. A decisão causou forte reação na comunidade internacional de escaladores, já que Oliana é palco de algumas das vias mais difíceis e históricas da escalada esportiva, tendo recebido nomes como Chris Sharma, Adam Ondra e Janja Garnbret.

A Catalunya Climb, uma das organizações de escaladores, declarou estar surpresa com a proibição e contou que ninguém sabia dessa possibilidade até o decreto ser publicado. “É difícil entender o resultado, já que nenhuma acusação foi feita contra os escaladores, não houve degradação das pinturas causada pela escalada e nenhum conflito jamais foi levantado com a comunidade de escaladores. Esta decisão foi uma completa surpresa e permanecemos sem entender as queixas que poderiam justificar uma medida tão severa e unilateral contra os escaladores”,  escreveram.

Escalada em Oliana. Foto: Moritz Welt Climbing / Wikimédia Commons

Segundo a Catalunya Climb, eles conversaram com agentes rurais que estiveram na região para verificar a área originalmente restrita e o prefeito da cidade deverá receber esclarecimentos em breve sobre qual é a área de restrição do decreto bem como se escaladores poderão continuar frequentando a região. 

Oliana abriga mais de 100 vias de escalada, entre elas estão algumas clássicas como Fight or Flight 9b, La Dura Dura 9b+, Fish Eye 8C e American Hustle 8c.

As Pinturas Rupestres

As pinturas rupestres de Roc del Rumbau foram descobertas em 1969. Em 1998, foram inscritas como Patrimônio Mundial da UNESCO. A descoberta e identificação das pinturas ocorreu ao mesmo tempo em que a escalada se desenvolveu no local. Em 2014, algumas vias que ficavam muito próximas as pinturas foram modificadas e foi instalada uma proteção ao redor do achado arqueológico para protegê-lo e evitar que escaladores acessassem o local.  “A partir desse momento, e até recentemente, não houve nenhum conflito conhecido entre a atividade de escalada e a preservação da arte rupestre”, declarou Oliana Climb em seu perfil do Instagram.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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