Escalando no verão?

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Com o avanço da Primavera e o começo do Verão, vemos nossa temporada de escalada indo, literalmente água abaixo.
São muitos os problemas de escalar nesta época do ano. A começar o calor avassalador do solstício e, como se não bastasse, as chuvas e as tormentas elétricas, comuns em todo o Brasil.

Não há o que discutir. Época boa para escalada no Brasil é no inverno, quando as massas de ar frias e secas se predominam sobre as massas quentes e úmidas.

No verão é comum ver as vias de escalada ora “babadas” com água que afloram das fendas ou se acumulam nos solos, vindo a molhar completamente aquela via que você tanto queria escalar. Se não é a chuva que atrapalha a escalada, é o sol.

Nesta época, o sol se alinha perto do trópico do Capricórnio, o que significa dizer que ele fica perpendicular à cidade de São Paulo, fazendo que no dia 21 de Dezembro ali seja a linha do Equador (o que quer dizer que fará calor em todo país), trazendo consigo muito calor, muita evaporação, que logo se transfomará em chuva com as perigosas tormentas elétricas.

Apesar de um cenário desanimador, há lugares onde é possivel fugir da “sina” de verão e poder escalar antes que venha o Natal e consigo alguns quilinhos de banha na barriga, devido a comida farta, e a falta do que se fazer.

O Nordeste pode ser um destes lugares. Lá pode ter certeza que no mês de Dezembro e Janeiro, você ainda irá encontrar seca, pois a época de chuvas no sertão é o mês de Março e Abril. Entretanto não há como fugir do calor por lá, pois as temperaturas são elevadas o ano todo.

Dentre os locais onde se pode fugir um pouco do sol e da chuva, está a Chapada da Diamantina na Bahia. O local ainda não é muito conhecido no Brasil, mas tem potencial para bater o Cipó e muitos outros lugares quando a matéria for quantidade e qualidade de locais para escalar.

Na Chapada há muitos boqueirões, onde há paredes de Quartzito, Conglomerado e Calcáreo, isso permite que você possa escalar na sombra e se afugentar do sol bravo do sertão baiano. O problema é que a escalada no Parque Nacional ainda não é regulamentado e por isso há poucas informações e também poucas vias, vide a grandiosidades das paredes.

Quem não tem o espirito aventureiro de escalar em um local ainda pouco explorado restam poucas opções. Uma vez que em todo sul e sudeste as condições metereológicas são as piores para nossa atividade em montanha.

Entretanto a Geografia foi muito generosa no Paraná, com o esculpimento da escarpa entre o primeiro e o segundo planalto, dando origem à Serrinha de São Luis do Purunã.

A escarpa de São Luis do Purunã situa-se numa altitude superior à mil metros, o que significa que lá o calor, mesmo no verão, não é tão avassalador. Para melhorar o ambiente, toda a escarpa é florestada e a maior parte das vias ficam na sombra. Melhor do que isso, o tipo de erosão que predominou na Serrinha privilegiou a formação e grandes tetos que protegem as vias da chuva, o que significa dizer que mesmo na época mais chuvosa as vias não ficam molhadas.

Outra vantagem de São Luis do Purunã é que em seus 5 setores existem centenas de vias, desde o quarto grau até o 10c, que é a Longa Metragem, a via mais difícil do Paraná. Fora isso, no setor 3, predomina um estilo de escalada muito arrojado, misturando a dificuldade da escalada esportiva com técnicas de tradicional. Lá é o setor com maior concentração de vias em móvel do Sul, um ótimo lugar para treinar para montanhas de maior compromisso.

Nem tudo, infelizmente, é poesia na escalada de São Luis do Purunã. O setor do canyon da Faxina foi proibido pelo proprietário das terras. Os setores 2 e 3 também. Entretanto lá o proprietário faz vistas grossas aos escaladores, que invadem a propriedade no famoso “Cambau”, sem que nada até agora tenha acontecido à eles.

Outro problema é que pessoas vindas de outros lugares mais longínquos não encontrarão local para pernoitar, já que não é recomendável acampar na fazenda que dá acesso às vias. Com exceção do setor Curucaca, que o proprietário aluga um galpão para que os escaladores possam passar a noite. Desta forma, quem deseja visitar os setores mais populares é melhor buscar uma pousada em Campo Largo, que é o municipio mais próximo antes do pedágio, que cobra salgados R$ 10,00 para quem vai e vem do centrinho de São Luis do Purunã.

São Luis do Purunã tem muito a oferecer em escalada e é uma ótima opção para quem deseja ter uma férias de verão recheada de escaladas de alto nível. Melhor do que passar suas férias de fim de ano na areia de uma praia lotada de gente e com a cerveja inflacionada, é passar ela no arenito subtropical paranaense. Venha conhecer este paraíso!

Veja mais:

Guia de escalada do setor 3 de São Luis do Purunã

Croquis do Setor Curucaca

Croquis do Setor 1

Croquis do Setor 2

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Sobre o autor

Texto publicado pela própria redação do Portal.

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