Sem dúvida alguma, esta montanha, pela rota da crista sudeste representa um desafio para qualquer montanhista.
Essa rota possui graduação de dificuldade AD/AD+.
Fomos para a região do vale Llanganuco e saímos na quebrada seguinte de Cebollapampa.
Contratamos dois carregadores para levar a parte pesada da nossa carga , ou seja, barracas, comidas, combustível, equipamento de gelo, cordas, etc
O acampamento base fica a cerca de 30 minutos da estrada de terra.
Quando chegamos, estava chovendo/nevando. Um tempo realmente ruim. Algo entre 5 a 10 negativos
Passamos direto pelo Acampamento Base e fomos para o que é chamado de campo morena, praticamente ao lado do glaciar, e a cerca de 4/5 horas de caminhada do acampamento base. Este acampamento, o campo morena, fica a cerca de 4900m.
Montamos as barracas com um tempo muito ruim, não era sequer possível ver a montanha. Cozinhei para todos e fomos dormir.
Acordei as 06h15minh do dia seguinte. Um tempo perfeito! Ainda bem que subimos!
Fiz o café da manha (café e pão) , desmontamos o acampamento e subimos para o primeiro acampamento no glaciar, em um lugar chamado de Campo Alto.
Do acampamento morena, até o campo alto, são mais 4 a 5 horas de caminhada, ja dentro do glaciar. Montamos o acampamento a 5600m.
Comecei o árduo trabalho de derreter litros e litros e mais litros de neve para termos água em sua forma liquida.
O frio rapidamente começa a tomar conta de nossos corpos.
Estabelecemos uma estratégia de acordar as 00h00minh e iniciarmos a subida a 01:00 da madrugada.
Acordamos. O frio é intenso. Tempo bom, sem nuvens ou vento.
Algo em torno de 15 a 20 negativos. Sem vento.
Uma caneca de chá quente para cada um de nos, roupas e mais roupas distribuídas em camadas tentam nos proteger do frio.
Equipamentos, cordas . Começamos a subir a primeira rampa de 50 graus as 02:15h da madrugada.
Por volta das 04h00min encontramos o primeiro desafio do Chopicalqui, uma rampa entre 50 a 70 graus de inclinação e pelo menos 200m de altura, com uma neve ruim, muito ruim uma camada péssima na qual não era possível estabelecer qualquer forma de proteção.
Grandes quantidades de neve fofa e solta, não consolidada, atrapalham o nosso progresso. O Francis, definitivamente o mais forte de todos nos, abre uma trincheira na neve que nos chega até a cintura. Um esforço físico monumental. A 6000m de altitude.
O dia amanhece e estamos a cerca de 300m do cume. Paramos para um rápido lanche. Estamos todos muito cansados de tentar progredir nesta neve fofa. A solução talvez fosse termos raquetes de neve, que de qualquer forma, nas rampas inclinadas, não iriam fazer diferença.
Por volta das 07:15h chegamos ao ombro que antecede o cume. Estamos a 6200m e o esforço físico de vencer a neve fofa cobra o seu preço, o Felipe, o Andrigo e Eu estamos realmente cansados. Se formos ao cume ficamos em duvida se teremos energia suficiente para voltarmos. E a neve fofa permanece ali, a nossa espreita. Para completar, o risco de uma avalanche na primeira grande rampa de neve/gelo, a cerca de 500m abaixo de nos, é um risco real. Como o dia ja amanheceu, preferimos retornar do ponto em que estávamos, antes que o sol aquecesse a tal rampa de neve
Cansados e exaustos iniciamos a descida até o acampamento alto. 700m abaixo de nos.
Em cerca de 01h desmontamos o acampamento alto, comemos alguma coisa, e descemos em cerca de 2 ou 3 horas até o acampamento morena.
Nova parada rápida para descanso, troca de botas, e iniciamos a descida em cerca de 2:30h até a estrada.
Round Trip de cerca de 15horas ininterruptas, apenas com uma hidratação mais ou menos e um pouco de pão com queijo.
Pegamos um coletivo e fomos até Yungay. Na seqüência, dois carros nos levam de volta até Huaraz.
Jantamos, brindamos, tomamos banho, descansamos.
Felizes. Blog do Davi Marski tem mais algumas fotos e também dois filminhos sobre esta escalada.