Escalando o Cotopaxi 5.897m – Equador

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Minha aventura no Equador começou realizando ascensões de outros vulcões mais baixos com o objetivo de fazer boa aclimatação para o que me esperava no Cotopaxi. Subi os Vulcões Guagua-Pichincha (4780m), Pasochoa (4200m) e Rumiñahui (4700m).


“Cortado pelos Andes, o Equador é um dos países com maior concentração de vulcões da América Latina e há algum tempo tem oferecido aos aventureiros de todas as partes do planeta uma extraordinária variedade de montanhas, além da cultura a se explorar.” Texto de Fabio Machado.

&nbsp,Abaixo está o relato da escalada que realizei do vulcão Cotopaxi – 5.897m (o mais alto do mundo ainda ativo) em Julho de 2008.

Uma das grandes alegrias desta expedição foi a oportunidade de escalar o Vulcão mais alto do mundo em atividade, eu me encontrava em êxtase devido a meu primeiro contato com o gelo, além do poder aprender a manusear equipamentos de escalada em gelo é outras coisas bem interessantes. Foi a coisa mais difícil que já fiz em minha vida sem sombra de dúvidas, devido à má adaptação do meu organismo a baixa temperatura e a elevada altitude, cujas situações eram inéditas para mim.

Após deixarmos o carro no limite da aproximação 4.600m, iniciamos nossa caminhada a pé, munidos de nossa parafernália ao refúgio do Cotopaxi, que fica a 4.800m, onde usaríamos como base. Chegamos ao abrigo por volta das 11h da manhã onde nos instalamos e organizamos os equipamentos. O guia Edgar Vaca, equatoriano, preparou um belo almoço para nós. Tirei algumas fotos e logo depois fui dormir por ordem do nosso guia, pois levantaríamos as 00h para começar a escalada.

Confesso que dormi muito pouco por causa da ansiedade e o forte vento que cortava o abrigo chegando até a balançar o telhado. Por volta das 00h o despertador tocou, mas eu já estava acordado, pois o barulho era grande com os outros escaladores se preparando e organizando seus equipamentos. Tinha gente do mundo inteiro lá… Americanos, franceses, italianos, etc.

Levantei rapidamente e fui me equipar com os equipamentos que alugamos e uma parte que já tinha. Primeira pele, fleece, goretex, botas de plástico, grampos, cadeirinha, solteiras, mosquetões, etc. Um item importantíssimo são os óculos escuros. Por um pequeno tempo que fiquei sem eles na neve tive uma queimadura, cuja em alguns casos causa até cegueira.

Tomamos um café reforçado e à 1h da madrugada saímos do abrigo para a escalada e para a minha surpresa quando saí da porta o céu estava completamente limpo e com uma lua cheia maravilhosa. Fiquei contente porque na noite passada o tempo estava fechado e a previsão não era muito boa.

Depois de cerca de uma hora chegamos então na base do glaciar e, armados de piquetas e crampons, nos encordados e iniciamos a escalada já de cara em parede empinada e de gelo duro.

O início da subida percorreu muito bem, eu ia imitando os passos do guia Edgar Vaca e rapidamente alcançamos um outro grupo que já tinha iniciado a subida. Passamos esse grupo e bem rapidamente deixamo-os para trás e nos tornamos os primeiros. Depois de umas 2 horas de escalada atravessamos uma greta que me causou certo receio, tínhamos que passar por uma espécie de ponte de neve dura, mas me senti seguro pois estava bem acompanhado do guia que era muito experiente.

Depois dos 5.500m comecei a sentir os efeitos da altitude. O peito parece rebentar com o esforço, a cabeça lateja, os pulmões ressentem-se da falta de oxigênio que lá é apenas 54% do que há ao nível do mar.

Chegamos à parte mais técnica da escalada que era uma parede quase vertical que tinha que ser vencida, pois pedi ao Edgar que fizéssemos algo mais emocionante. O guia foi subindo essa parede com muita facilidade, ia metendo seus crampons e piquetas no gelo e sem nenhuma proteção subiu aquele lance de aproximadamente 30 metros. Chegando a minha vez comecei a subir tentando imitar o Edgar mas o esforço era muito grande e a cada piquetada que eu dava eram 15 respiradas. Fui muito lentamente e fiquei até com ânsia de vômitos no final desse trecho, pois já estávamos a 5.700m.

Depois desse trecho que me desgastou muito tanto física e psicologicamente, subimos mais umas rampas de neve e por fim o cume tão esperado. Fiquei extasiado com a beleza daquele lugar e com o nascer do sol que fazia sombra do Cotopaxi atrás.

No cume tirei algumas fotos com a cratera do vulcão ativo e tentei comer algo mais o enjôo não me deixou comer. Só tomei um pouco de chá de coca para me hidratar e amenizar os efeitos da altitude.

Ficamos no cume por cerca de 30 minutos e já começamos a descida. Quanto mais descíamos mais forças eu ia ficando, pois o ar aumentava. Para descer, como diz o ditado, todo santo ajuda…

Em apenas 2:30h chegamos ao abrigo. Eu estava completamente esgotado, pois tinha dado tudo de mim nessa escalada, afinal foi a madrugada inteira subindo. Meu pai me esperava no abrigo para me dar os parabéns.

Chegando ao abrigo pegamos todos os nossos pertences e descemos novamente para Quito, capital do Equador, cidade onde estávamos hospedados para o merecido descanso.

Agradeço primeiramente a Deus e a meu pai que me proporcionou essa maravilhosa conquista. E também a minha esposa Tatiana e a minha mãe.

Boas escaladas a todos!!! Climb for fun!!!

Alguns trechos deste artigo foram retirados da internet, em especial dos textos do montanhista Fabio Machado.

Juliano Magalhães mora em Resende, estado do Rio e escala desde 1994. Ele é um dos contribuidores do site Rock Trip Resende

Veja mais:

:: Cotapaxi, vulcão ativo mais alto do mundo

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