Por Marcelo Scanu
A temporada 2009 2010 foi uma boa temporada, com uma ligeira diminuição de montanhista e um aumento de trekkers. Na temporada anterior, foram contabilizados 4048 montanhistas buscando cume na montanha mais alta da América e na temporada presente 3712.
Cresceu a quantidade de montanhistas não argentinos (3317, 89/36%). Os argentinos totalizaram 395 (10,64%). Como no ano passado, as duas primeiras semanas de Janeiro foram as de maior afluxo, 504 na primeira e 482 na segunda. As de menor afluxo foram as duas primeiras semanas de março, com só 9 pessoas em cada uma delas.
Com respeito ao trekking, no total ingressaram 3384 pessoas no parque do Aconcagua (2625 no ano anterior). As semanas de maior afluxo foram a segunda e a terceira semana de Janeiro, com 302 e 371 pessoas respectivamente. Discriminando-os: Trekking de um dia só: 1369 (691 argentinos, 50,47%, não argentinos, 698, 45,21%). Comparando com a última temporada: Trekking de um dia, 805, trekking curto, 1368 e trekking longo: 436.
Não houve grandes modificações quanto às nacionalidades da maioria dos visitantes no Parque Provincial do Aconcagua. Somando todas as atividades, os números foram os seguintes: Argentina 2223, Estados Unidos 760, Alemanha 380, França 379, Canadá 355, Inglaterra 345, Espanha 338, Brasil 257, Polônia 233, Suíça 157, Itália 143, entre outras.
Esta temporada houve menos resgates e somente um falecido. Lamentavelmente um tailandês com nacionalidade americana morreu a poucos metros do cume.
A histórica cruz do cume, símbolo inconfundível do Aconcagua, foi furtada por mãos anônimas, embora em outras ocasiões ela já tenha sido carregada por ventos, desta vez não foi encontrada. O que indica que a hipótese de furto seja a mais provável. Confeccionada em alumínio pela Força Aérea Argentina na década de 1960, já há uma réplica no local.
Ascensões de interesse
A ascensão mais difundida no ano foi a do norte americano Chad Kellog em Dezembro de 2009 na parede Sul. Kellog abriu uma rota nova que recebeu o nome de Medicine Buddha (VI W14 M4), finalizada no Filo Del Guanaco sem chegar ao cume. Há uma grande polêmica sobre esta conquista, pois Chad não tem provas que realizou de fato esta escalada e contra ele há ainda várias acusações de ter mentido sobre suas escaladas nos Estados Unidos.
Mariano Galván, um joven andinista argentino, autor de ascensões interessantes no Aconcagua e suas montanhas satélites, ascendeu em solitário a parede Sul pela rota Francesa / variante Messner. Foi o primeiro argentino a subir a parede Sul em solitário, demorando 34 horas. Com apenas o imprescindível na mochila, ele bivacou com temperaturas baixíssimas.
Além de Galván, Gabriel Fava e Aníbal Maturano também culminaram a Sul, mas desta vez pela rota francesa original. Como prova das difíceis condições, Fava teve princípios de congelamento, mas recupera-se bem.
No Cerro Cuerno (5462 metros), pujante montanha vista desde Plaza de Mulas, os argentinos Jorge Ackermann e Tomás Aquiló abriram uma rota direta em sua parede Sul, que possui 500 metros de desnível 90º WI5.
No lado exploratório, o conhecido montanhista e explorador Antonio Beorchia Nigris dirigiu em Janeiro um grupo a cavalo, o qual partindo desde o Norte, na Província de San Juan, logrou chegar até as nascentes do rio Volcán, a última fonte do Rio San Juan, a 4300 metros de altitude, nas ladeiras setentrionais do Cerro Cuerno. Foi provavelmente a primeira expedição esportiva a percorrer estes locais. , ,
Homenagem pelo bicentenário da Revolução de Maio.
Como comemoração do marco Fundamental da criação da Argentina, a revolução de Maio de 1810, um grupo de reconhecidos montanhistas de Mendoza lograram a permissão para escalar o Aconcagua fora da temporada. Em deles, Luciano Badino, logrou o cume em solitário, erguendo a bandeira de seu país e cantando o hino nacional. O diretor da expedição, Horacio Cunietti, tem 53 ascensões no Colosso da América.
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O autor agradece o Sr. Daniel Gómez (diretor de Recursos Naturais renováveis do governo de Mendoza) e da Sra. Elena Trasobares por sua cordialidade e deferência no aporte dos dados estatísticos.