Estudo da UIAA revela qualidade de rochas brasileiras a beira mar

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A escalada a beira mar sempre traz belíssimas paisagens. Porém, a diversão pode se tornar um pesadelo ao encontrar as proteções corroídas no meio da via. Um grampo ou chapeleta podre pode deixar qualquer escalador experiente tremendo. E sabe-se que quanto menos manutenção, maior a probabilidade de encontrar uma proteção sem condições de uso.

Locais onde foram coletadas as amostras.

Em busca de solução para esse problema, um estudo da UIAA (International Climbing and Mountaineering Federation) analisou amostras de rocha coletadas no Campo Escola da Barra da Lagoa em Florianópolis, Santa Catarina. A análise buscava descobrir a presença de elementos corrosivos na parede que podem comprometer as ancoragens e proteções fixas instaladas para a prática da escalada. Os resultados foram revelados nesse início de mês pela ACEM (Associação Catarinense de Escalada e Montanhismo).

As amostras foram coletadas em julho de 2018, por voluntários da ACEM. Assim, eles buscaram o material depositado na superfície da rocha em cinco pontos diferentes do Campos Escola da Barra da Lagoa. Os voluntários escolheram lugares próximos às chapeletas de aço inox. Após a coleta, o material foi enviado para Dave Reeve do Anchor Corrosion Group da UIAA, na Austrália que o analisou.

A rocha é boa

A pesquisa busca identificar na composição da rocha e sua superfície elementos que possam ser corrosivos e nocivos aos parabolts utilizados nessas áreas para fixar as proteções de escalada. Assim,  foi identificado que não há presença de enxofre com a análise. “ Não há nenhum sinal da atividade sulfúrica (enxofre) que parece estar na base de todos os problemas graves de corrosão dos parabolts” revelou o estudo.

Resultado dos principais elementos encontrados na amostra.

Este é um ponto positivo para o uso de aço inox nesse local e demais paredes no Brasil. Entretanto, a pesquisa ainda não foi concluída e sabe-se que existem outros elementos que podem danificar as proteções. Também foram enviadas algumas chapeletas para analise a fim de verificar se há presença de sulfuretos metálicos.

Chapeletas enviadas para análise.

No Brasil também já foram realizadas pesquisas da extração de proteções fixas pela Bonier Equipamentos com o apoio da Femerj (Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro). Ao final de mais essa pesquisa será possível identificar os principais causadores da corrosão em parabolts, chapeletas e grampos da região. Assim, também poderá se definir os melhores materiais para a fabricação desse tipo de proteção e diminuir os riscos de encontrar uma temida proteção podre em escaladas a beira mar.

 

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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