As relações entre o esporte e o dinheiro são muito antigas. Desde os Jogos antigos, recursos humanos e materiais consideráveis eram mobilizados. Após a Revolução Industrial de meados do século 19 na Inglaterra, formas novas de atividade aparecem e multiplicam as interações entre o esporte e a economia. Mas é apenas a partir do período 1984-1986 que o esporte de competição como espetáculo entrou verdadeiramente na área do mercado com a privatização do financiamento dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, a exploração comercial dos símbolos olímpicos, a criação de um programa mundial de marketing dos Jogos, o abandono dos monopólios das televisões públicas, notadamente na Europa, e o lançamento concomitante de numerosos canais de televisão privados.
A publicidade gerada pelo esporte abre possibilidades para novos campos de trabalho que empregam inúmeras áreas da sociedade. Atletas que motivam crianças a competir, adolescentes que aderem à marca que o esportista leva na camisa, e cidades que se comovem para receber os eventos trazem resultados benéficos para todos gerando lucros compartilhados. Temos exemplos positivos no Brasil de atividades como o Vôo Livre, Trekking, Bike e Corrida de aventura, onde toda infra-estrutura de uma cidade é mobiliza para receber visitantes e competidores, porque não aplicar mais vezes esta formula para os eventos de escalada?
O pensamento retrógrado de “montanhistas das cavernas” cada vez mais distancia as empresas de quem precisa divulgar o esporte. Críticas ao lado comercial do esporte surgem de todos os lados, e sua maioria sem fundamento. Todos querem ver o cineasta outdoor Peter Mortimer rodando um filme como The Sharp End e o assistir em uma amostra do Banff, porém, produzir um filme e montar um festival de cinema de montanha não sai de graça e dá muito trabalho, alguém precisa pagar os gastos de produção. É necessário lembrar que cada loja que fecha e academia que se finda é menos um lugar para comprar seu jogo de proteção móvel e menos um lugar para treinar, logo menos investimento no esporte.
Falamos tanto no montanhismo brasileiro chegar ao nível europeu, mas não vejo motivação da grande maioria que se diz atleta de montanha. O resultado disso são os grupinhos de pseudo super-heróis que abominam competições e ainda apostam somente no meio natural do esporte. Enquanto estes criticam, outro grupo de destemidos escaladores tenta com unhas e dentes promover palestras, competições e eventos que venham a reunir amantes da escalada. Existe espaço para todos no esporte, até para os pseudos super-heróis, e se este for divulgado massivamente, todo mundo sai lucrando.
A velha desculpa da resina em academia também não é verdade, para quem não gosta de treinar em lugares fechados, porque não se unir e motivar a escalada em áreas abertas, sítios, fazendas e parques nacionais. É necessário acelerar a prática do turismo esportivo sustentável.
Focando um pouco mais neste tema, a atividade turística é uma realidade crescente no Brasil nos últimos anos como tem demonstrado a Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica e Turismo. O turismo tem sido visto como nova oportunidade para a geração de emprego e renda e faz com que administradores públicos e empresários busquem nesta atividade um caminho eficaz para o desenvolvimento econômico.
As decisões em fazer turismo dão-se, às vezes, em conjunto com algumas atividades de lazer das pessoas, de forma que, quando a viagem possibilita o envolvimento, prática ou informação acerca de alguma atividade esportiva, o turista mesmo que não seja um entusiasta, demonstra certa curiosidade ou interesse a respeito do que lhe está sendo proposto. Isto já vem por confirmar que o mercado turístico está em evolução rápida e permanente, fato que pode ser evidenciado pelo desenvolvimento de segmentos específicos da atividade. O turismo esportivo e o turismo de eventos esportivos são movedores de empregos e renda para local que hospeda os interessados, todos saem ganhando. Nos dois casos, existe o deslocamento de turistas para uma determinada região propícia à prática de um esporte específico, o que resulta numa utilização de toda a estrutura turística.
É importante ressaltar que no turismo esportivo, o turista vem com a intenção de praticar o esporte por lazer ou treinamento, sem o intuito de competir, num local onde a disponibilidade física se caracteriza como permanente. Ao contrário do que acontece com o turismo de eventos esportivos aonde o turista vem com o motivo de competir em alguma prova, campeonato ou jogos. São eventos que tem por característica o espaço de tempo determinado, ou seja, temporários. Sua realização envolve interesses de pessoas de todas as partes, desde atletas, o público, a mídia, equipes técnicas e de organização que trabalham para que tudo ocorra da melhor maneira possível.
Estas duas formas de turismo que envolve uma motivação esportiva constituem-se como uma oportunidade importante para os empresários do turismo, pelo fato de que acabam por influenciar diretamente no desenvolvimento dos núcleos receptores, de maneira sincronizada.
Resumindo, uma atividade está ligada a outra, quem está na cidade quer treinar para chegar ao interior e escalar bem, para isso é necessário existir boas academias para o desenvolvimento do atleta amador ou profissional. Para escalar ou caminhar bem, é necessário equipamento técnico adequado, logo, lucram as lojas com a venda dos mesmos. Loja lucrando, patrocínio para os atletas, e se os atletas atingem índices, a marca vende, o país lucra e o esporte é propagado.
Estamos no caminho certo, mais eventos, ótimos campeonatos e com um pouco de paciência e ética, logo estaremos reabrindo áreas desativadas de escalada em parques nacionais e áreas privadas. Depende de cada escalador fazer sua parte independente de sua modalidade ou super poder.
De uma coisa eu tenho certeza, não são os competidores e montanhistas que pensam na evolução do esporte que estão defecando em áreas de preservação ou fazendo fogueirinha em terras particulares.
Força sempre e boas escaladas!
Atila Barros