Everest e Nepal sem Instagram e WhatsApp?

1

Em pleno início da temporada de outono no Nepal, o governo local surpreendeu montanhistas e moradores ao bloquear algumas das redes sociais mais populares do mundo, além do aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp. Com a medida, centenas de montanhistas que chegam ao país para as escaladas terão que buscar alternativas de comunicação. Isso inclui o ultramaratonista que deseja quebrar o recorde de subida mais rápida do Everest, Tyler Andrews, e o esquiador  Andrzej Bargiel que pretende escalar e esquiar na montanha mais alta do mundo. Ambos já estão no Nepal para tentativa de realizar essas escaladas nessa temporada. 

Everest ao Pôr do Sol. Foto: Ryszard Pawłowski / Wikimédia Commons

O bloqueio foi determinado pelo Ministério da Comunicação e Tecnologia da Informação (MoCIT), que concedeu um prazo de sete dias para que plataformas nacionais e estrangeiras se registrem no Regulamento de Uso de Mídias Sociais, 2080. As empresas que não cumpriram a exigência foram suspensas. Além do registro, as companhias deverão nomear um representante local, designar um responsável pela conformidade e criar mecanismos para lidar com reclamações de usuários no Nepal. Essa é uma tentativa do governo nepalês de regulamentar o uso das redes sociais no país.

Ao todo, 26 redes sociais foram bloqueadas, entre elas: Facebook, Instagram, Messenger, YouTube, X (antigo Twitter), Reddit, LinkedIn, WhatsApp, Discord, Pinterest, Signal, Threads, WeChat, Quora, Tumblr, Clubhouse, Rumble, Line, Imo, Jalo, Sol, Hamro Patro, Mi Video e Mi Vike3.

O Starlink, serviço de internet banda larga via satélite, também foi declarado ilegal no país. O governo orientou usuários e operadores de expedições a interromperem a oferta do serviço.

Tyler durante tentativa de escalada no Manaslu. Foto: @tylercandrews

Por outro lado, algumas plataformas seguem ativas, como TikTok, Viber, Nimbuzz, WeTalk e Poppo Live, que já estão registradas. O Telegram e o GlobalLink estão em processo de regularização. Já o uso do Gmail ainda está em debate, pois não se enquadra na categoria de rede social.

Segundo o ministro das comunicações, Prithvi Subba Gurung, as empresas foram notificadas diversas vezes sobre a necessidade de registro, mas ignoraram os pedidos. Ele afirmou que, assim que cumprirem as exigências, as plataformas poderão voltar a operar no país.

A decisão provocou forte reação pública e críticas de organizações de direitos humanos, que classificaram a medida como uma forma de censura generalizada.

Trekkers durante a caminhada no trekking ao Acampamento Base do Everest. Foto: Pedro Hauck

Enquanto isso, para se comunicar com o mundo exterior, nepaleses e estrangeiros têm recorrido a e-mails e  ligações telefônicas. Os aparelhos InReach e telefones via satélite também continuam funcionando inclusive em áreas remotas.

Compartilhar

Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

1 comentário

  1. Parabéns. Já era hora. E o gordão pedófilo vai fazer o quê agora? Vai decretar “Lei Magnitski” contra os ministros do Nepal?