É lógico que depois de ter conhecido algumas dezenas de escaladores espanhóis no Peru e no Nepal – o que rendeu inúmeras conversas sobre os locais, as práticas, o potencial da região – resolvi passar a temporada de inverno na Espanha. Entre os objetivos, aprimorar minha técnica em escalada em gelo e mixta (em ambientes mais controlados, ou seja, montanhas sem altitude, escolas, cascatas) e entender melhor como funciona a comunidade de escalada espanhola, que produz tantos atletas de nível altíssimo em todas as modalidades.
Minha "turnê" começou em Madrid, onde aproveitei meus primeiros dias antes de encontrar um amigo e realmente escalar, pra fazer um pouco de turismo e começar a me adpatar ao inverno europeu.
ESCALANDO O ALMANZOR (2592 m), NA SERRA DE GREDOS
Num sábado de manhã tomei o trem em direção à Ávila e já me aconteceu uma coisa que se repetiu todas as outras vezes que fui escalar: neste país tem rocha pra todos os lados. Por onde se olha em volta das ferrovias ou estradas, tem montanhas ou paredões super extensos, e sempre com setores abertos e muitas vias.
Encontrei com o Dani, que escalou o Ama Dablam comigo, e domingo saímos depois do almoço em direção à Serra de Gredos. Essa região é bem fria, e mesmo o inverno ainda não tendo chegado com tudo (era a semana antes do Natal de 2014), a estrada estava com gelo e a temperatura não subia pra mais de 4 graus, mesmo estando numa cota abaixo dos 1000 m. Ótima prática pra se acostumar a passar frio!
A Serra de Gredos faz parte do Sistema Central, e fica geograficamente no meio da Península Ibérica. A parte mais famosa talvez seja o Circo de Gredos, um círculo de montanhas rochosas de granito muito procurado durante todo o ano, e muito no inverno para ascensões de faces norte, cascatas e corredores. Tudo isso a 1h30 vindo diretamente de Madrid. Imagina a inveja…
Estacionamos na Plataforma a 1.780 m, e sendo o domingo antes do Natal, muitas famílias já estavam indo embora. Gente passeando ou andando de ski era o que predominava, e pessoas de todas as idades, famílias inteiras. Foi um dos primeiros finais de semana do inverno com tempo bom, então muita gente foi fazer atividades na montanha. Bem, da plataforma começa o caminho de quase 2h30 (se voce está com peso), subindo até 2200 m e depois descendo até 1900 m, onde fica o Refúgio Elola. Imagina a volta! Sendo domingo, a parte grande do refúgio fecha e fica aberta a parte gratuita que é na verdade uma espécie de porão claustrofóbico com pé direito baixo, um pequeno espaço pra cozinhar, deixar equipamento, e 2 andares de colchões que acomodam umas 10 pessoas. Apesar do frio intenso, conforme fomos entrando no porão, o calor foi aumentando e durante a noite ficamos bastante confortáveis.
De manhã tomamos o café da manhã com tranquilidade no que também foi uma experiência nova: ficar num refúgio tão próximo do seu objetivo, e poder fazer uma escala alpina durante o dia, com aproximação bem curta. E isso vale pras rotas que fizemos e também pra qualquer outra, pois apesar de não terem muita altura, de longe as montanhas são bastante imponentes, e todas as rotas e cascatas são super próximas do refúgio, ou seja, com tempo e clima bom dá pra brincar bastante. Infelizmente as cascatas ainda não estavam formadas, e optamos então por fazer a clássica face norte do Almanzór.
A grandeza é impressão, pois em 1h30 de subida íngreme já estávamos super perto do início da via que tinha 4 enfiadas curtas. Comecei eu guiando meu primeiro gelo da temporada, mal formado e um pouco estranho, mas nessas horas a excitação é tanta que a gente nem liga. Antes de montar a primeira parada passei na frente do corredor da via norte e percebi que estava super seco. Depois que o Dani chegou decidimos subir por um corredor mais fácil de uns 50 graus, que ele guiou. A partir daí era fazer uma via fácil de inclinação moderada, ou se meter um pouco mais pra direita pra ter um pouco mais de "aventura". A guiada da terceira enfiada era minha e claro, subi pelo desconhecido até chegar embaixo de um pequeno diedro que exigiria dos dois. Montei a parada aí e trouxe o Dani que guiou essa parte. Depois dessa enfiada fizemos uma tradicional enfiada super em zig-zag até chegarmos ao cume, onde morremos de frio com o vento. 5 minutos por aí pra admirar essas pequenas grandes montanhas e começamos a descida por outra via. Aí já fui aprendendo que apesar da pouca altura, as montanhas espanholas são muito frias.
No começo da tarde chegamos ao refúgio, descansamos e batemos papo com um outro pessoal que estava lá, e partimos pra pior parte do fim de semana, a volta à Plataforma. Fomos nos arrastando mas chegamos, e no final da noite já estávamos de volta ao vilarejo onde mora o Dani pra comer a pizza caseira que a mulher dele fez. Missão cumprida, e a primeira escala invernal da temporada, com clima ótimo e companhia melhor ainda. Gracias Dani!
CONHECENDO OS PIRINEUS CATALÃS
Em agosto conheci o David, o típico atleta catalão: fortíssimo no ski de travessia, na altitude, corre muito, faz muito ciclismo. Ele me convidou pra passar o Natal e Ano Novo com a família na região de Barcelona, e pra escalarmos por lá. Fiquei lisongeada e um pouco intimidada de escalar com ele, mas às vezes estamos naquele estado de espírito ideal de querer dar o nosso máximo, e assim foi.
Depois de uma cerimônia de Natal curiosíssima com a família Catalã dele (as crianças batem com colheres de madeira num tronco que "caga" os presentes), nos dirigimos aos Pirineus. O plano era abrir uma via numa das últimas faces nortes virgens dessa Cordilheira, numa montanha pouco conhecida de uma vale pouco visitado.
No caminho já rolou de novo aquela inveja: rocha por todos os lados, sempre equipada. Inclusive passamos ao lado da via mais longa em rocha de toda a Península, com 1200 m, e a 5 minutos de caminhada da estrada. Logo depois já fomos adentrando o Val D´Aran, um grande vale dos Pirineus Catalãs que tem mais uns 12 vales dentro dele, e um dos últimos, fazendo divisa com a França, é o Vale de Torán, onde fica nosso objetivo. O Val D´Aran é considerado por muitos um dos mais bonitos dos Pirineus, e apesar de eu não conhecer toda a região, a impressão de imponência que tive em Gredos se repete aqui com ainda mais intensidade. O Aneto, por exemplo, maior montanha da região, de longe parece gigante. É só quando nos aproximamos que vemos que não são tão grandes assim. E o vale é tipicamente europeu, com cidadezinhas bem com cara de povoado de montanha, telhados de água furtada e muitas lojas de ski.
Chegamos no refúgio, deixamos o equipamento e logo saímos pra aproveitar um resto de luz do dia e ver mais de perto a face norte da montanha, e tirar umas fotos pra analizar como iríamos subir. A temperatura já estava bem baixa e eu sentia alívio de ter trazido o casaco de pluma grande – e isso iria se repetir em praticamente todas as escaladas que fiz depois. Depois de olhar bastante e tirar muitas fotos ficou claro que seria osso: a cascata que seria o acesso ideal não estava formada, e teríamos qur ir por um diedro que muito provavelmente seria a parte mais difícil. Depois, uma rampa de neve de provavelmente 500 metros com pouca neve, e daí pra cima tínhamo duas opções mas não podíamos avaliar bem de onde estávamos. Portanto iríamos sair na próxima manhã preparados pra fazer um bivaque caso fosse necessário.
O jantar incrível feito pelo refugiero – um quase eremita que foi um dos primeiros espanhóis a escalar no Himalaia e hoje vive no refúgio – me fez pensar em como é confortável escalar dessa maneira: dormir bem numa cama, num lugar quente, com comida de verdade, tudo pra poder se dedicar ao máximo a uma certa via. Isso com certeza possibilita que se aumente o nível de dificuldade e comprometimento de uma escalada, e certamente influi na formação geral de um alpinista de ponta. Neste caso, os europeus.
Saímos às 5h do dia seguinte pra chegar na base da parede um pouco antes de amanhecer. Tivemos mais ou menos 1h de caminhada até minha estreia numa modalidade muito comum nos Pirineus, o "hierba-tooling". Basicamente, é escalar paredões de lama com graminhas, utilizando piolets e crampons. Eu sempre disse brincando que piolets e crampons seriam muito úteis em alguns locais da Serra do Mar, principalmente a paranaense, e foi nos Pirineus que tive certeza disso!
Bem, subimos sem corda mesmo até cheagarmo na base do que seria a primeira enfiada, onde nos encordamos. O David guiou a primeira, com proteções bem precárias, até um paltozinho onde montou a parada. Subi de segundo e saí pra segunda enfiada, que começou relativamente tranquila, até chegar na base do diedro. Aí o bicho pegou.
Admito que se tivesse tirado os crampons teria sido mais fácil, mas tirar e guardar crampon no meio da parede não é tarefa muito fácil. O granito estava molhado e era bastante podre, o que tornou bastante difícil proteger. Antes do diedro principal havia um diedro menor e um tetinho de uns 3 metros com uma fenda horizontal que me preocupou porque só tínhamos até o camalot #3 (e na noite anterior nos perguntamos "levamos o #4?"). pra uma enfiada inteira em móvel. Mas aventura é assim, então subi esse primeiro diedro e consegui colocar a primeira proteção no teto, mas dapi pra seguir estava bastante complicado. Tentei mais duas outras alternativas sem sucesso, e como a corda estava arrastando muito desde a última parada, chamei o David pra economizarmos peça e pra ele fazer uma tentiva. Ele subiu, conseguiu avançar mais um pouco ecolocar um piton, e depois foi minha vez de tentar de novo.
Nisso já tínhamos perdido horas, mas lá fui eu de novo. Passei o ponto onde ele tinha chegado e comecei a subir em artificial. Cheguei no diedro principal e de cara percebi que era largo demais pras peças que tínhamos, além de ligeiramente negativo na primeira metade. Um escalador muito bom e com sapata poderia esticar de boa, mas não era nosso caso… ah se a cascata estivesse formada! Tudo seria mais fácil!
Bem, comecei a subir em artificial, até colocar um camalot #3 todo aberto, mas que pelo menos segurou meu peso. Subi um pouco mais e realmente constatei que dali pra cima era esticar além da minha capacidade ou fazer surgir milagrosamente umas peças grandes a mais. Expliquei a situação pro David e de baixo ele disse que já eram 14h, e que o refugiero tinha passado por rádio que a previsão era de 70 cm de neve pra essa noite, o que tornaria um bivaque inviável por conta do risco de avalanche tanto pra subir mais quanto pra descer depois.
Então resolvemos abortar a missão. Pra não deixar nada pra trás comecei a desescalar pra recuperar as peças. Tinha que sair do camalot azul, de um alien amarelo, depois um píton, e recolher mais umas 2 peças. Tudo fluía bem até perceber que o píton começava a sair. Com cuidado saí do alien amarelo, protegida pelo piton mas sem colocar muito peso, enquanto tentava proteger com mais uma peça. Mas não adiantou todo o cuidado, e por estar numa fenda muito próxima da borda do teto e por ser uma rocha super podre, o piton cuspiu pra fora, e eu saí voando uns 5 metros pra baixo, salva pelo camalot vermelho. Comigo desceu uma chuva de pedras, mas caí sentada bem ao lado do David na parada, onde por alguns minutos nos avaliamos pra ver se estava tudo bem. O David estava mais preocupado que eu, enquanto eu estava preocupada em não ter perdido o único arrowhead que tínhamos. Mas não deu 2 minutos e caiu outra chuva de pedras sabe-se lá de onde, e uma delas atingiu e quebrou meu capacete.
Passado o susto, montamos rapel numa árvore próxima e descemos em mais 4 rapéis até o pequeno canal de gelo pra chegar no refúgio umas 6 da tarde, onde mais uma vez tivemos uma super janta e dormimos num colchão num quarto quente! Fiz uma nota mental de não ficar mal acostumada com tanto conforto… Apesar de não terminar a via, saímos um pouco satisfeitos: das tentativas conhecidas nessa montanha, por enquanto a nossa é a que tinha ido mais longe. A gendarmeria francesa só tinha subido 70 metros, outro grupo chegou na base da parede e nós conquistamos 300 metros! "Só" faltam 900!
No dia seguinte resolvemos parar num setor de dry-tooling que ficava no caminho, na vila de Baguergue. Basicamente é uma parede com 6 ou 7 vias, furos pra piolets, troncos de madeira posicionados de várias maneiras e bolts. Uma vez li em algum lugar que a modalidade mais difícil de escalada é o dry-tooling, e depois de provar posso dizer que pelo menos pra mim, realmente é. Na segunda costura meu antebraço já estava bombado como nunca tinha bombado antes. Os movimentos são super complexos, e mesmo deixando os braços esticados ainda assim tem de se fazer força pra manter os piolets bem enganchados, ao mesmo tempo em que se administra as pontas dos crampons em pés super pequenos. Obviamente que eu tomei um senhor espanco e passei os seguintes 3 dias sem poder mexer os braços. Mas valeu! Pra ficar forte é nota 1000 além de ser uma escalada bem criativa.
REALIZANDO UM SONHO: ESCALANDO EM MONTSERRAT
Depois de voltar dos Pirineus tínhamos um dia livre antes do David ter que trabalhar, então ele me levou pra conhecer um lugar que pra mim sempre foi símbolo de escalada artificial e bastante mítico como o local onde a Silvia Vidal aprendeu a escalar e se desenvolveu.
Montserrat é uma montanha de conglomerado com centenas de agulhas. É um dos primeiros locais da Catalunya onde a escalada se desenvolveu, e hoje tem mais de 4500 vias de parede (tem esportivas também, mas menos). Além do monastério de Montserrat, que é bastante turístico, existem igrejas menores no meio das agulhas, além de alguns escaladores ermitões que vivem em covas e participaram do desenvolvimento do local há décadas atrás.
Escolhemos uma via de 5 enfiadas nuam das agulhas Gorros – a Frigia – e quinto grau francês pra fazer em algumas horas pois tínhamos um almoço pra ir depois. Fazia bastante frio na região nessa semana, mas na minha cabeça, depois de escalar o Huamashraju com 3 graus negativos a 5000m e um grau mais difícil, Montserrat não seria problema.
Ledo engano! Primeiro que antes de sair de casa a esposa do David já veio com aquelas "quem escala em Montserrat escala em qualquer lugar", ou seja, já saí com os joelhos tremendo. Segundo que por ser conglomerado, tem tudo que eu mais odeio: abaulado e aderência. Terceiro que é pouco protegida e com um monta de coisa velha e suspeita, ou seja, perrengue!
E não deu outra. O David muito esperto saiu guiando a primeira enfiada porque dessa maneira e enfiada do crux ficaria pra mim (foi assim nos Pririneus também…). Só que quando comecei a guiar a segunda não achei um monte de proteções, não consegui usar o maldito tricam nos poucos buracos que havia, estiquei um montão, não achei a parada, e emendei a terceira. O grau não é alto, e apesar dos abaulados sobram pés bons, mas em quase todos os momentos eu olhava pra baixo e não via a última costura. Tenso!
Tudo isso no frio, na sombra e com um vento desgraçado. Pois tendo demorado pra fazer essas duas enfiadas, quando o David subiu me falou que estava com os pés congelando e queria descer. Realmente o menino estava um pouco roxo e fiquei um pouco preocupada. Montei o rapel e lá fomos nós abandonar a via. Chegando no trem da furnicular, a telinha de informação mostrava: 3 graus positivos e vento de 60km/h. Taí, escalar no inverno não é brincadeira!
Ele só foi sentir os pés de novo já na casa dos amigos onde fomos almoçar, quase 1h30 depois. Mas valeu a experiência, e é um lugar pra voltar com certeza, só que depois da primavera, e uma via que suba em linha reta.
PRIMEIRA ESCALADA DE 2015: CASCATA DE GELO EM PEDRAFORCA
Pedraforca é uma das montanhas mais emblemáticas da Catalunya, isolada de quaisquer outros picos, e com dois cumes bem marcados. Tem 2506 m de altitude, fica dentro de um parque natural de mesmo nome, e conta com um refúgio bem na sua base na face sul.
A rocha é um granito sólido, e existem mais de 400 vias longas em todas as suas faces, de todos os graus de dificuldade, incluindo artificiais complexos. No inverno também se formam muitas cascatas próximas ao refúgio, e literalmente na beira da estrada. Nossa ideia inicial era escalar alguma via larga, mas no último dia do ano, algumas horas antes da virada, saímos eu e David pra dar uma olhada nas condições das cascatas e decidir se no dia seguinte era rocha ou gelo.
Encontramos duas opções que não estavam super formadas, mas daria pra brincar bastante. Voltamos pro refúgio, viramos o ano com muita cava, e fomos dormir pra acordar cedo em 2015. Cometi o erro de colocar menos roupa do que achei necessário, e mais uma vez senti o frio europeu me corroendo os ossos durante todo o dia.
Começamos em enfiadas curtas seguidas de caminhadas no gelo, mas logo cedo eu já não me sentia muito bem. Descobri que o frio faz isso com voce, te dá mal estar, às vezes vontade de vomitar, e uma fraqueza estranha, além de claro, quando muito, dor! Além do que não fazia muito frio, e portanto com a temperatura bem acima de zero graus, o gelo estava cada vez mais molhado, e nós também. Mas seguimos subindo, e conforme fomos, a cascata ficava mais interessante. Quando achávamos que tínhamos terminado pois vimos a trilha de volta ao refúgio à esquerda, o David subiu mais um pouco e encontrou a parte mais interessante: finalmente uma coluna de gelo, não muito grossa, mas bem vertical, e com um seguimento também mais vertical que as outras partes. Depois de apanhar muito, descemos pro carro e voltamos pra Barcelona contentes com a primeira atividade do ano, e eu com muita vontade de voltar pra Pedraforca, depois da primavera, pra escalar um pouco de tudo que tem ali.
ESPORTIVA NO PAÍS BASCO: A IMPRESSIONANTE ETXAURI
As áreas de escalada esportiva por aqui são chamadas de "escola", e Etxauri é uma das maiores, senão a maior escola do País Vasco, e considerada também umas das melhores de toda a Europa. Sendo predominantemente uma face sul, ela recebe sol na parte da tarde e mesmo no inverno escalar por lá é bem agradável. São mais de 1000 vias divididas em 40 setores, que vão do quarto ao nono grau francês, e a rocha é um calcário mais "seco" e menos escorregadio do que o que temos no Cipó, por exemplo.
Nesse dia chegamos tarde, e como no inverso o sol se põe muito cedo, escalamos duas vias cada um. O objetivo era mais me apresentar a área, conhecer a rocha e tirar umas fotos. Estando a meia hora de Pamplona, onde estou "estacionada" temporariamente, é pra voltar sempre que der.
IMPRESSÕES GERAIS
A Espanha é um ótimo país pra comprar equipamentos. Em todas as cidades onde passei tinha pelo menos uma loja, e nas cidades grandes elas são bem completas. Oferecem marcas européias e americanas, desde as top de linha como Arcteryx e Norrona, até umas baratas porém de qualidade, incluindo aí a linha da Quechua da Decathlon, que aqui é muito mais completa. Como minhas botas se desmontaram no Ama Dablam e deixei elas por lá, ao chegar em Madrid comprei botas novas e pude escolher entre alguns modelos e experimentar tamanhos diferentes, o que é bem fora do comum pra nós brasileiros que estamos acostumados a ter poucas opções.
Outra coisa que me chamou a atenção é o condicionamento fisico, leia-se aeróbico, de todos os escaladores daqui que eu conheci, sejam alpinistas, sejam escaladores de esportiva. Todos treinam muito, em geral corrida ou ciclismo, e estão num nível bastante bom de capacidade aeróbica, o que com certeza influencia positivamente no desempenho.
Uma coisa que também me deixou de certo modo aliviada foi ver a comprovação de que não existe correlação entre escalar grau alto em esportiva e ser forte em montanha: quase todos os meus amigos que são fortíssimos em mixta, gelo e montanha, escalam um grau muito similar ao meu em esportiva. Por outro lado conheci um tipo em Navarra que é fortíssimo em mixta, e na hora que resolveu começar a escalar esportiva já saiu dando show. De qualquer maneira, podendo treinar um pouco de tudo me parece que as modalidades de "inverno" ajudam bastante nas de "verão". O problema é ter tempo, e quando tiver tempo o clima estar bom…
Até a próxima!