Mesmo com todo tempo disponível, sempre aparecem novas conquistas e descobertas. O que dizer da região do Pico Paraná? Eis que agora aparece uma nova aventura. O maciço que abriga o Pico Paraná (Ibitiraquera) compõe-se das maiores culminâncias do estado e aquela serrania apresenta uma peculiaridade interessante: duas fileiras de cumeadas paralelas entre si e também com o litoral. A primeira fileira e elevações que ocorre ao longo da BR 116, constitui-se do Ferraria, Taipabuçu, Caratuva, itapiroca e Tucum. Já o outro segmento fronteiro ao referido, inclui o Ibitirati, Paraná, Camelos, Ciririca e Agudo da Cotia.
Separando os dois conjuntos aparece uma enorme canhada de setecentos metros e no vértice inferior as duas vertentes quase se tocam. Separadas por poucos metros, constituídas de profundos desfiladeiros. No encontro das duas encostas e dos desfiladeiros existe a única passagem aos escaladores.
Observando-se o Pico Paraná, do Caratuva, essa passagem estreita tem à sua esquerda o desfiladeiro do Sufoco que é onde acontece o presente relato.
No sábado, dia 8 de junho, com o auxílio do fusca trovão pilotado pela Jucimara, esposa do Kalinowski (Calabouço), o próprio acompanhado do Guilherme (Tapirus) e do Ernesto Goldweider, foram abandonados no sopé do Pico Paraná para serem recuperados no Cacatú.
Importante foi o desempenho radioamadorista da Adriana Gabardo (PY5-NT), fazendo a iumprescindível ponte entre os excursionistas e a Jucimara. Necessário ressaltar o apoio da retransmissão da ARPA.
Saída do rancho do Waldemiro (1), às 7:20 horas com mochilas de ataque, 55 metros de corda, 3 cadeirinhas (2), fitas de costura e freios. Em marcha forçada conseguiram alcançar o tal colo entre Caratuva e PP, às 10:30 horas e de cara uma descida vertical de quinze minutos e topar com o primeiro e início do rapel inaugural.
O enfrentamento do terreno desconhecido é que torna a experiência tentadora. Haja adrenalina. Nunca se sabe o que vem pela frente. Que tal se o rapel terminar em um ponto que não permita avançar nem recuar?
O grupo não dispunha de nenhuma informação, apenas rumores de que ouviram falar que o Estruminski e oi Fábio haviam feito (ou tentado) cada um por si, uma investida no vale. A falta de comunicação torna difícil o necessário registro para a historiografia do esporte.
Logo após a descida da parede com freio, começa a aumentar o espaço entre as duas encostas, que na parte superior alcançam 60 metros. Bastante coberta de mata frágil, mas que possibilitam as ancoragens dos sete rapeis necessários.
Muitas cachoeiras e negativos reforçam a aventura. O penúltimo lance de corda forçou-os a procurar escape pela margem direita, avanço difícil e uma transposição para o outro lado, sem possibilidade do cabo, apenas o apoio nos bambus e vencer um enorme bloco de pedra e, finalmente atingir o fundo do poço.
Às 17:40 horas, já na trilha próxima ao paredão do Ibitirati e obviamente bastante atrasados em relação ao horário do apanha pré estabelecido e aí foi fundamental o papel da Adriana, para ajustar as coisas.
Às 19:30 horas encerraram a epopéia, totalizando doze horas e trinta e oito minutos de aventura.
Publicado na Gazeta do Povo, 24 de agosto de 1996
Protagonistas: Kalinowski (Calabouço), Guilherme (Tapirus) e Ernesto Goldweider.
Locais visitados: Rancho do Waldemiro (1), Trilha do Pico Paraná, Fio de Ligação, Nascente do Rio Cotia, Disco Porto, Estrada da Conceição e Bairro Alto.
Data da aventura: 8 de junho ????
Referencias explicativas:
(1) Fazenda Pico Paraná, Dílson
(2) Arnés