Falésia São Sebastião – Esportiva Tradicional

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Nesse domingo finalmente conheci a tão famosa Falésia de São Sebastião, que fica no morro da Urca, Rio de Janeiro.


Fui acompanhado de dois amigos, os fotógrafos/escaladores Guilherme “Grilo” Taboada e Pedro Stabile. Ambos já conheciam o local, que por sinal estava mais parecendo desativado do que qualquer outra coisa, e não tiveram dificuldade em encontrar a trilha que dá acesso a falésia.

Não é de hoje que escuto falar em São Sebastião no meio da escalada, quando comecei a me aventurar em subir preda já havia escutado esse nome quando o então escalador e mestre Fabiano de Moraes – hoje reside em Portugal – fez a primeira repetição da via “O Rio de Janeiro continua lindo”, via mais exigente do local cotada em 7c, E6/E7 e conquistada por Luiz Cláudio “Ralf” Cortes e o inglês Neil Gresham e que teve sua primeira ascensão feita por “Ralf”.

Na época não tinha a mínima noção do que era material móvel, muito menos do que se tratava Esportiva Tradicional, até achava engraçado o nome da falésia. Com o passar do tempo e o convívio com escaladores praticantes dessa modalidade, passei a entender e respeitar essa maneira de subir as preda tudo, que envolve muita responsabilidade e auto conhecimento e acabei criando fascínio por essa falésia que até então para mim era um mito.

Ao chegar Guilherme e Pedro foram direto ao que interessa e fizeram a trilha ao cume da falésia para montar os devidos top-rope´s. Pedro desceu pela “O Rio de Janeiro continua lindo” e Guilherme pela “Satisfação”. A primeira impressão foi a melhor possível, entrei de top-rope na via “Satisfação” 6sup, E5/E6 conquistada por Luiz Cláudio “Ralf” Cortes e Fernando Vieira. Na descida já instalei as devidas proteções compostas por dois friends e um nut e me preparava para guiá-la quando Pedro resolveu entrar para aquecer de top-rope e aproveitou e instalou mais um friend pequeno.

Via incrível com começo delicado e técnico e final mais atlético com agarras sólidas. O clima do ambiente era favorável, com alto astral garantido pelos companheiros e ameno pela temperatura tornou o local um templo diante de nós.

Assim que desci, Grilo se preparou para guiá-la também. Ele contou que esteve há alguns anos ali para guiar a mesma via e acabou não acontecendo. Com a frustração daquele dia deixada de lado e de carona na atmosfera que o ambiente proporcionava, Grilo maestralmente guiou e encadenou a via “Satisfação”.

Com o joelho recém lesionado após a última visita a Gruta de Passa Vinte que fizemos, Pedro sabiamente optou por poupar-se. Escalou de top-rope as duas vias e tirou algumas fotos, além disso, nessa falésia resta apenas uma via para ele e é exatamente a mais exigente: “O Rio de Janeiro continua lindo”.

No meio do dia, após fazer a cabeça na “Satisfação”, resolvemos entrar de top-rope na “O Rio de Janeiro continua lindo”. Depois de escalar a via e calcular uma maneira de não morrer em caso de queda, fiquei muito empolgado em equipá-la para guiar, mas durante a entrada do Grilo na via o sol já impossibilitava qualquer tentativa sã para aquele dia. Devido a parte técnica final, e mais exposta, a via se torna muito perigosa diante do intenso calor do sol que pode tornar a diversão em problema. E como essa modalidade de subir preda exige mais atributos e habilidades do que simplesmente apertar a preda e fazer força, foi decisão unânime que recolhêssemos nosso banquinho e saíssemos de fininho deixando essa para a próxima visita.

Fotos: Guilherme Taboada “Grilo”
Texto: Bernardo Biê – Blog Loucos de Preda

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