Familia de escaladores pela América do Sul – parte 1

0

Infelizmente ou felizmente, muitas vezes, a rotina nos cega e só voltamos a enxergar a graça e a beleza da vida quando conseguimos quebrar esta rotina. É bom manter os olhos abertos para as maravilhas que nos cercam no nosso dia a dia, mas também é esta cegueira que nos faz ir ao quintal vizinho em busca de novas culturas, viver novas experiências e estarmos constantemente nos transformando em algo mais completo, mais inteiro e mais seguro de quem somos e das escolhas que fazemos.

Já fazia um tempo que minhas viagens seguiam os mesmos destinos, conheci lugares maravilhosos pelo Brasil, mas era hora de viver outras coisas. Morando a 3 anos longe da família, e com um filho pequeno, minhas férias acabavam sendo sempre por perto de familiares, mas desta vez seria diferente… Eu já estava a um tempo incomodada com minha vida rotineira, minha alma nômade estava gritando dentro do meu peito, queria ir a lugares novos e me puxava pela mão como se fosse um cachorro excitado, de 90kg levando seu dono para passear. Eu ouvia e lia histórias de viagens maravilhosas para lugares distantes que eu não conhecia e sempre achei que um dia chegaria minha vez. 
 
Conversei com meu marido e começamos a logística, tempo, dinheiro e destino, demorou um pouco, mas depois de muita reflexão determinamos mais ou menos o roteiro, Argentina, Bolívia e Chile. Local determinado começamos a correr atrás de documentação, sairíamos com o carro da minha sogra de São Paulo e por isso, além da carta verde para rodar no Chile e os passaportes (ou R.G. atualizado), precisaríamos de um documento da seguradora nos autorizando a dirigir com este carro. Demorou mais ou menos um mês e meio para conseguirmos toda a documentação e enquanto isso o planejamento rolava.
 
Com minha excitação em alta saímos de Natal dia 09/12/2012. Chegando em São Paulo foi uma puta correria para ver todos os avôs e avós, deixar a Nisha (minha filha) com a avó (ela não é muito adepta a aventuras e perrengues e não quis ir com a gente), e dar uma passadinha na 90 Graus para matar as saudades dos amigos e dar uma escaladinha antes de começar nossa jornada. 
 
PARTE 1: SP – FOZ (1.050K)
 
A viagem começou muito bem, obrigada, dia 11/02/2012 saímos eu, Léo (marido) e Luca (filho – 5 anos) de São Paulo, perto da hora do almoço, rumo a Foz do Iguaçu. A expectativa de uma viagem inédita como esta me fazia sentir borboletas no estômago, seria minha primeira vez fora do Brasil. Estava ansiosa com a viagem, mas também sentia em deixar São Paulo sem ter aproveitado muito a cidade e sem ter visto muitos dos meus amigos, afinal faziam apenas dois dias que eu havia desembarcado de Natal. 
 
Saímos pela Castelo Branco e acabamos parando em um Frango Assado qualquer para almoçar. Com boa estrada, bom tempo e uma paisagem linda, chegando perto de Londrina o sol começa a mostrar sua força e põe fogo no céu com um lindo pôr do sol. Ainda a uns 20k de Londrina paramos para jantar em um restaurante típico alemão famoso por suas tortas. A climb trip começa para o Luca, havia um parque infantil com uma casinha, escorrega e um murinho de escalada e ele se diverte à luz de uma lanterna portátil enquanto esperávamos a comida chegar. Engraçado como as coisas tomam seu rumo… nunca iríamos imaginar que encontraríamos uma parede de escalada ali, mesmo que fosse infantil.  A comida estava ótima e eu até experimentei as carnes…
 
Depois disso a viagem se tornou um pouco mais cansativa, mas ainda foi boa, a estada estava ótima. Com as paradas prolongadas para esticar as pernas acabamos chegando em Foz do Iguaçu bem mais tarde do que planejamos, mas valeu à pena.
 
Entre brincadeiras e brinquedos, o tablet foi a maior distração para o Luca quando não dávamos atenção a ele (Santa Tecnologia). O Luca acabou dormindo no carro, chegamos a Foz na madrugada do dia 12/12, lá pelas 4hrs, e depois de pesquisar alguns hotéis eu e o Léo decidimos dar um tempo no carro também até amanhecer e podermos entrar no hotel às 7hrs para economizar uma diária. No hotel Muffato, o Léo foi direto para a cama, mas eu e o Luca resolvemos tomar um farto café da manhã e depois voltar a dormir. 
 
Ainda dia 12/12/2012, quando acordamos arrumamos nossas coisas e saímos do quarto, que estava um forno. Eu e o Luca demos uma breve passadinha na piscina "aquecida" pelo calor do dia e 40 minutos depois saímos da piscina, nos secamos e fomos para o Parque de Foz do Iguaçu. Almoçamos próximo a entrada do Parque, um restaurante com comida simples e de onde podíamos ver os helicópteros saindo e chegando dos passeios, o Luca adorou ver tudo isso. 
 
Depois do almoço entramos no Parque, estacionamos o carro, pagamos as entradas (no valor total de R$70,00 para nós três), e pegamos o ônibus que leva os visitantes para as Cataratas. A estrada é muito bonita, no meio de uma mata verde com animais silvestres dos dois lados e grilos fortes que se agarravam nos vidros do ônibus, mesmo com estes em movimento. 
 
Dentro do Parque, com o calor e a umidade, o tempo ficou muito mais abafado, a maior parte das trilhas é no sol e ficávamos nos escondendo nas parcas sombras que encontrávamos. Chegando próximos a Cataratas as gotículas que elas nos sopravam pareciam um beijo refrescante das dezenas de cachoeiras, para aliviar o calor intenso.
 
As Cataratas impressionam… não tanto pelo seu tamanho, na minha cabeça eu as imaginava maiores, mas não cheguei nem perto de imaginar toda sua beleza com suas quedas d’água, sua flora e fauna incríveis. No meio de uma vegetação maravilhosa encontramos lindos pássaros, borboletas, lagartos e até um tatu, além, é claro dos amistosos grilos, que o Luca queria levar para casa. 
 
Quando saímos do Parque, chegando próximo ao carro, um grilo pousou no braço do Luca e ele adorou, queria levar o grilo com a gente, e ficou chateado quando dissemos que aquela era a casa dele, mas se conformou quando viu alguns grilos no carro. Ele ficou monitorando dois grilos que estavam nos vidros e se ficou muito feliz quando viu que eles não iriam embora tão facilmente. 
 
Fomos conhecer beeem de longe a entupida Ponte da Amizade, batemos umas fotos e como todo bom paulista fomos jantar no shopping, também precisávamos trocar dinheiro e comprar algumas outras coisinhas para continuar a viagem. Quando chegamos ao shopping ainda havia um grilo na traseira do carro, o Luca disse que ele queria ir viajar com a gente, mas logo o grilo desistiu da idéia. Depois do shopping voltamos ao hotel e fomos dormir.
 
Compartilhar

Sobre o autor

Deixe seu comentário