Fórmula de Jut, conheça o modelo matemático que propõe medir montanhas a partir de sua imponência visual

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No montanhismo e também na geografia estamos acostumados a medir montanhas a partir do nível do mar. Foi assim que se determinou que o cume do Everest com seus 8.848 metros de altitude em relação ao nível do mar é o ponto mais alto da Terra. Outra teoria, por sua vez, utiliza o centro do planeta como referência e coloca o Chimborazo (6.263 metros), no Equador, como a montanha mais alta do mundo.

Mas um novo método pode mudar a forma como enxergamos essas medições. O estudante de Matemática e Ciência da Computação da Universidade Yale (EUA), Kai Xu, desenvolveu um modelo que mede as montanhas não apenas pela altitude, mas também pela imponência visual. Ou seja, o quanto elas se destacam sobre o terreno ao redor. Xu era morador da Califórnia e apaixonado por aventuras. Ao observar as montanhas de sua região teve a ideia de medir o quanto elas se projetavam a sua frente.

Batizado de “Fórmula de Jut”, o cálculo leva em conta a altura da base até o cume e a inclinação da encosta para determinar o quanto uma montanha impressiona quem a observa. A equação proposta é: Q = h × (sen θ). Assim, o valor de “Jut” reflete a sensação de grandeza percebida pelo espetador a partir da base. O pesquisador também usou função de trigonometria para encontrar o ponto ideal da observação de uma montanha.

Usando esse método, Xu calculou o “Jut” de diversas montanhas ao redor do mundo, com resultados curiosos.
No Brasil, o Pico da Neblina segue como o mais imponente, com 918 metros de jut, seguido pelo Pico 31 de Março (873 m). O Pico Paraná (722 m), Monte Roraima (540 m) e Pedra da Gávea (504 m) também aparecem na lista — esta última famosa por se destacar sobre o mar carioca.

Pedra da Gávea vista da praia. Foto: Donatas Dabravolskas / Wikimédia Commons

Em escala global, o Everest, com 2.221 metros de jut, cairia para a 46ª posição. O topo da nova lista seria ocupado pelo Annapurna Fang, no Nepal (3.412 m), seguido pelo Nanga Parbat, no Paquistão (3.146 m), e pelo Gyala Peri, na China (3.102 m).

Annapurna Fang a direita e Annapurna a esquerda. Foto: Ben Tubby / Wikimédia Commons

Classificação segundo o método Jut.

Para realizar as medições, Xu utilizou o Google Earth Engine e o modelo digital de elevação MERIT. Com a Fórmula de Jut, a plataforma do Google levou menos de uma semana para calcular cerca de 200.000 montanhas ao redor do mundo. Segundo o próprio pesquisador, o objetivo da Fórmula de Jut é “tornar a medição de montanhas mais intuitiva e acessível, refletindo o que realmente vemos quando olhamos para elas”.

Confira o Jut de outras montanhas pelo mundo em PeakJut.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

1 comentário

  1. Alberto Ortenblad em

    Acho essa história do Jut uma furada. Existem várias outras alternativas à mera altitude, e nenhuma delas me convence.