GasherDreams 2009

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No verão de 2008 decidimos escalar um dos gigantes da terra em estilo alpino. No Gasherbrum II, com pouco mais de 8000m, descobrimos aquilo que buscávamos, uma linha estética que permitia uma ascensão directa, sem a utilização de cordas fixas ou a instalação prévia de campos de altitude, pelo menos iríamos tentar…


O sonho conduziu a uma realidade, a realidade de uma aventura sem conclusão. A realidade conduziu a um novo sonho… voltar a tentar…

Passamos quase um ano a sonhar, a olhar para inúmeras fotos do Gasherbrum II (8035m), a avaliar a possibilidade de voltar. Passamos um ano com as carteiras quase vazias. A certeza de uma nova aventura surgiu no dia 3 de Abril, dia em que arriscamos comprar os bilhetes de avião com destino a Islamabad.

Desde aí, o nosso dia a dia voltou a entrar num ritmo condicionado pela expedição, a motivação nos treinos cresceu ainda mais, revemos todo o material para avaliar as nossas necessidades, optimizamos alguns itens, imaginamos estratégias, sonhamos com o que será a nossa realidade durante os meses de Junho e Julho.

Somos agora invadidos por mil questões, será que vamos encontrar menos gelo na via que queremos escalar? Será que a meteo nos vai ser favorável? Será…? Será…?

A única resposta que temos como certa é que não vai ser uma ascensão fácil, mas será certamente mais uma experiência inesquecível. A única resposta que temos como certa é que queremos tentar mais uma vez a ascensão da linha que há um ano atrás nos fez sonhar, o “Esporão dos Franceses” no Gasherbrum II.

A escolha não foi imediata. Pensámos noutras montanhas, noutras possíveis aventuras, noutros locais perdidos pelas cordilheiras do mundo. Perguntámo-nos vezes sem conta, com tantas montanhas por descobrir, porque voltar exactamente ao mesmo local? À mesma montanha?

A resposta era sempre a mesma, ali, no “Esporão dos Franceses”, no GII, está a via que ainda hoje sonhamos escalar, e se o nosso sonho está ali, porque fugir dele?

Esta foi a pergunta a que nunca conseguíamos responder e a falta de resposta conduziu-nos de volta a esta bonita montanha.

“O Esporão dos Franceses” foi amor à primeira vista, iluminou a nossa imaginação desde o primeiro dia.

Novamente queremos tentar esta via no mesmo formato, aclimatar na via normal do GII e tentar o esporão de uma assentada, em estilo ligeiro, sem oxigénio, sem carregadores e sem cordas fixas.

Claro que sabemos que pisar desta forma o cume do GII não vai ser tarefa fácil! Aliás, a nossa tentativa em 2008, mostrou-nos que a via é mais difícil do que aparenta quando vista cá de baixo.

Mas mesmo sabendo das dificuldades, vamos. Vamos com esperança que os astros se conjuguem, que a via esteja em condições de ser escalada, que a montanha nos acolha, que o vento não passe de uma suave brisa e que o sol nos aqueça nos dias cruciais.

Vamos dia 7 de Junho.


Daniela Teixeira, colunista do Altamontanha é escaladora e montanhista de Portugal. Conta com o apoio de Rab, Pod sacs, Faders, Edelweiss, Princeton Tec e Espaços Naturais.

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Sobre o autor

Daniela Teixeira e Paulo Roxo é uma dupla portuguesa que pratica escalada (rocha, gelo e mista) e alpinismo. O que mais gostam? Explorar, abrir vias! A Daniela tem cerca de 10 anos de experiência nestas andanças e o Paulo cerca de 25. A sua melhor aventura juntos foi em 2010, onde na cordilheira de Garhwal (India - Himalaias), abriram uma via nova em estilo alpino puro na face norte da montanha Ekdante (6100m) e escalaram uma montanha virgem que nomearam de Kartik (5115m), também em estilo alpino puro. Daniela foi a primeira e única portuguesa a escalar um 8000 (Cho Oyu). O Paulo é o português com mais vias abertas (mais de 600 vias abertas, entre rocha, gelo e mistas). Daniela é geóloga e Paulo faz trabalhos verticais. Eles compartilham suas experiências do velho mundo e dos Himalaias no AltaMontanha.com desde 2008. Ambos também editam o blog Rocha Podre, Pedra Dura (rppd.blogspot.com.br)

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