Geleiras desaparecendo confirmam o aquecimento global

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Geleiras derretendo cada vez mais rápido, sítios arqueológicos em perigo e espécies em extinção são as primeiras provas visíveis dos efeitos do aquecimento global na América Latina – aonde segundo especialistas a região sofrerá, além disso, um aumento de doenças.

O derretimento dos glaciares já é um fato real no sul da Argentina. De acordo com o Greenpeace – que revelou em março o derretimento do glaciar Viedma – nos últimos 20 anos as geleiras da Patagônia reduziram sua extensão entre 10% e 20%.


O Greenpeace alerta que se essa tendência continuar, muitas das geleiras da Patagônia desaparecerão nos próximos 20 ou 30 anos.


A situação é mais crítica na Cordilheira dos Andes. O Instituto de Estudos Científicos da Venezuela calculou em abril que as geleiras dos Andes venezuelanos retrocederam cerca de 70% nos últimos 30 anos. A montanha mais afetada é o Pico Bolívar, a mais alta do país, com 4.980 metros de altitude.


Na Cordilheira Blanca, ao norte do Peru, o glaciar Broggi desapareceu em 2005 em consequência do aquecimento global.


Marco Zapata, diretor da Unidade de Glaciologia do Inrena (Instituto Nacional de Recursos Naturais), disse que a superfície da Cordilheira Blanca, que possui 663 geleiras, mais de 200 nevados, 296 lagos e 44 rios importantes, é atualmente de 535 km², segundo imagens de satélites de 2002 e 2003, o que representa uma redução de 25%, comparado a 1970.


A Unesco lançou também um alerta na região, rica em tesouros arqueológicos, no ano passado ao prever que as variações climáticas ameaçariam regiões declaradas Patrimônio Mundial.


Entre eles, a zona arqueológica de Chan Chan no Peru, a antiga capital do Reino Chimu, uma das mais importantes da América e que possui uma arquitetura de adobe afetada pelas chuvas do fenômeno do El Niño.


O mesmo ocorre com a zona arqueológica pré-colombiana de Chavín, a 460 quilômetros de Lima e localizada dentro do Parque Nacional Huascarán, paraíso de flora e fauna que contém espécies pouco comuns como o condor andino, a perdiz de puna e o urso-de-óculos.


Na Costa Rica a Unesco se preocupa com a Área de conservação Guanacaste, onde nos últimos 20 anos se extinguiram 110 espécies de sapos.


Os cientistas também prevêem que o aumento do nível do mar devido ao derretimento do gelo causará graves problemas nas regiões pantanosas e com deltas, especialmente no Equador, Colômbia e Brasil, onde o perímetro da floresta amazônica pode se converter em uma savana.


Segundo o IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas), entre 2000 e 2005 houve 2,5 vezes mais eventos extremos climáticos na região do que entre 1970 e 2000, e essa tendência deverá seguir. O IPCC prevê mais furacões, secas, chuvas torrenciais, granizo e desertificação na América Latina nos próximos anos.


Outra preocupação é o aumento de problemas de saúde, especialmente a massificação das doenças tropicais como a malária e a dengue, que nos últimos anos alcançou proporções de epidemia no Brasil, Honduras, El Salvador e Venezuela, de acordo com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).

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Texto publicado pela própria redação do Portal.

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