Quando relembramos a história das grandes conquistas do montanhismo, é impossível não pensar na coragem dos primeiros exploradores e em como eles conseguiram vencer enormes desafios sem as informações e os equipamentos modernos que tornam as ascensões mais acessíveis atualmente. Essa também é uma das dúvidas que ainda rondam a emblemática expedição de George Mallory e Sandy Irvine, que faleceram durante uma escalada ao Everest em 1924. Afinal, será que Mallory e Irvine chegaram ao cume? E como conseguiram enfrentar o frio intenso dos 8 mil metros usando as roupas e equipamentos disponíveis na época?
Foi pensando nessas perguntas que os gêmeos Turner realizaram a expedição “George Mallory Reimagined”, uma expedição científica que consistiu em escalar o Mera Peak (6.476 m), no Nepal, para investigar como as roupas de montanhismo evoluíram nos últimos 100 anos. Para isso, Hugo Turner utilizou apenas roupas e equipamentos semelhantes aos de Mallory, confeccionados à mão, com fibras naturais, enquanto Ross Turner seguiu com itens modernos de alta tecnologia.
Camisas de seda, suéteres de lã, camisa de flanela, jaqueta e calças de gabardine: cada item do vestuário de Mallory foi cuidadosamente recriado para essa expedição. E, claro, não poderia faltar a peça mais icônica do montanhista, a sua bota. De acordo com os irmãos Turner, foram quase 18 meses de pesquisa e desenvolvimento da réplica, com 40 pessoas envolvidas no projeto.

A construção da réplica foi feita pela tradicional fabricante de calçados inglesa Crockket & Jones. Foto: Divulgação Crockket & Jones
Durante os dez dias de expedição, os irmãos utilizaram equipamentos e monitores de saúde fixados ao corpo para rastrear como reagiriam às roupas de 1924 em comparação às modernas. Além disso, câmeras térmicas avaliaram o desempenho externo das peças e botas. O objetivo foi medir a eficiência térmica e resistência dos materiais em condições extremas, além de analisar como o vestuário afeta as funções físicas e cognitivas do montanhista.
Em 03/11, os Turner e a equipe de apoio chegaram ao cume do Mera Peak ao nascer do sol, enfrentando temperaturas de -15 °C e condições climáticas adversas. “Depois de dez dias nas montanhas, finalmente chegamos ao cume do Mera Peak. As roupas e botas da Mallory chegaram ao topo! É incrível pensar que essas botas podem ter chegado ao topo do Everest há mais de 100 anos”, disseram os irmãos.
Agora, os gêmeos afirmam que irão analisar os dados coletados durante a expedição para avaliar o desempenho das roupas e equipamentos, tanto das peças inspiradas nos anos 1920 quanto dos modelos atuais.


















