Fotógrafo e cinegrafista pouco convencional, Germán González Mena sempre buscou a imagem perfeita sem descartar a adrenalina ou o risco.
Através do olhar de sua câmera, Germán González Mena enfocou o menos explorado ou, o acaso, o menos evidente. Por isso, sua obra acabaria por se tornar um álbum com alma. Olhar suas fotos e interpretar como se fosse o relato da vida de uma pessoa que ultrapassou os padrões.
A de Germán foi uma aventura intensa. Se iniciou no mundo das imagens como autodidata, mas com o tempo se tornou em uma das referências da fotografia andina. Teve uma especial conexão com a montanha e um instinto criativo expandido pela energia do mountain bike e da escalada.
“Em 1987”, registra uma crônica local, “foi sua primeira ascensão ao Colosso, e do topo conseguiu realizar a primeira gravação em vídeo para a difusão na televisão que foi feita no país na altitude de 6.962 metros.
Como se envolvia habitualmente com as grandes aventuras, a dificuldade se tornou algo a mais: assim, sua câmera retratou mais duas vezes a paisagem incrível do cume do Aconcagua. Entre músicos que realizavam um concerto de altitude ou entre montanhistas extremos, Germán analisou, disparou e nos deixou o quadro perfeito.
“Durante 22 anos, sua inquieta câmera capturou as mais variadas e fascinantes imagens, desde estáticas e perenes obras de arte e de arquitetura, até vertiginosos e efêmeras descidas dos mais rápidos esquiadores do mundo”, como está escrito no almanaque Aconcagua.
Amigos, familiares e colegas não deixaram de pronunciar sua simplicidade, seu espírito, a criatividade inegável com a qual se destacou nos diversos meios ao longo de sua trajetória.
Como começou sua carreira?, lhe perguntaram uma vez. Ele recordou que aos 19 anos havia partido para Buenos Aires, no ano de 1985. “Tinha ido estudar, conhecer outras coisas, outra vida não tão provinciana. E como prêmio me esclareceu para querer estar em Mendoza e um ofício, a fotografia”.
Essa foi sua paixão, a mais estimulante. “As que mais me atraem são as fotos que me impoem maior desafio. Antes, por minha inclinação para o outdoor, desfrutava de estar fazendo fotografia em situações severas, como o frio, a altitude, o risco de voar em alguma aeronave. Desfrutava da união de algo tão sutil, tão delicado e artístico como fazer uma boa foto, mas superando essas dificuldades físicas. Agora esse espectro se aumentou, por sorte, e também posso estar horas resolvendo um grande desafio em um estudio fazendo, por exemplo, uma capa para uma revista”, relatou em uma entrevista para Fotosensor.com.
Havia nascido num inverno de 1965. Aos 10 anos, seu avô lhe presenteou com sua primeira Kodak sem saber que esse garoto inquieto se tornaria no famoso fotógrafo. O extremo triste deste relato nos leva ao dia 23 deste mês, o dia em que Germán faleceu aos 43 anos, depois de lutar algum tempo contra uma leucemia tenaz.
Foi sepultado com aplausos no Parque de Descanso de Guaymallén. Seu rastro, não há dúvida, permanece nos que compartilharam com ele algum caminho, alguma ascensão, e nessas imagens que permanecerão sempre como seu maior retrato de vida.