O dique que forma o glaciar sobre o Lago Argentino já começou a mostrar algumas gretas, o que faz prever um gigantesco desmoronamento de gelo, similar ao que normalmente ocorre no final do verão austral, fenômeno que se repete a cada quatro ou cinco anos.
“Esta é a primeira vez que o glaciar se rompe no inverno (austral)”, afirmou Carlos Corvalán, diretor do Parque Nacional Los Glaciares, na província de Santa Cruz.
“Pode ser que esteja relacionado com o aquecimento global, já que o aumento da temperatura afeta a resistência do gelo”, disse Carlos.
O Perito Moreno, de 195 kilômetros quadrados de extensão, é um dos poucos glaciares do mundo que não retrocedeu por consequência do aquecimento global.
O glaciar nasce sobre a cordilheira dos Andes, no limite entre Argentina e Chile, sobre o braço Sul do Lago Argentino. Em seu avanço represa as águas do Brazo Rico, pelo qual o nivel da água chega a se elevar até 30 metros fazendo pressão sobre o dique de gelo.
“Antes o glaciar chegava a acumular até 30 metros de água no dique antes de romper e ontem (sexta-feira) o está fazendo aos 9 metros”, explicou Corvalán.
A pressão da água sobre o dique causa gretas que terminam se tornando em um espaço vazio por onde a água flui com força e debilita o gelo até que se desmorona em grandes blocos.
Corvalán advertiu que é muito difícil determinar quando o gelo se romperá, já que “depende das condições do vento e da umidade”.
A parede frontal do glaciar Perito Moreno tem uma extensão de 4 kilômetros e alcança os 70 metros de altura.
O Parque Nacional Los Glaciares, criado em 1937, abrange 724.000 hectáres que abrigam 356 glaciares.