GPS: Brinquedinho da moda

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Antigamente (mais de vinte anos atrás) quando queríamos fazer uma escalada
bastava perguntar onde ela ficava e o grau. Íamos na fé e na coragem e subíamos
do jeito que dava.

Era uma ótima aventura. Hoje é muito diferente, há guias, há muitas informações e ainda querem usar GPS na escalada! Não bastasse os radinhos walkie-talkie! Desculpem-me os usuários, é que achamos engraçado (o Pajuaba e eu).

Para dizer a verdade, sou bastante cético quanto a esses brinquedinhos tecnológicos. Sim, a importância deles (GPS) é fundamental em navegação oceânica, em vôos, travessia de alguns desertos e, podem ser útil em montanhas alpinas com tempo ruim, quando tudo fica branco. Eu até tive o prazer de escalar com um velhinho no Yosemite em 2004, que era astrônomo e era da equipe que desenvolveu o sistema GPS, ele disse a mesma coisa… “É engraçado os usos que o GPS está tendo hoje em dia. Virou mesmo um brinquedinho, muitas vezes até inúteis…”

Usar GPS em nossas caminhadas com trilhas prá-lá de marcadas, no carro e agora nas escaladas… Realmente virou um brinquedinho… Sem GPS nenhum, mas com um mapinha ou simples bom senso, chegamos a qualquer lugar, você não precisa usar somente por que existe um marketing enorme. Você não vai andar mais rápido ou escalar mais rápido porque está usando.

Eu acho um absurdo a cegueira tecnológica atual, meus alunos de engenharia, geologia e geografia a cada ano sabem mais sobre sistemas computacionais e menos sobre como a natureza funciona! Muitos médicos novos sabem apenas fazer diagnóstico via computador, mas não aprenderam diagnosticar doenças simples in loco. Um veterinário não soube diagnosticar um berne em meu gato, foi a minha empregada quem fez o diagnóstico!! Computador, GPS e outras tecnologias não fazem milagres, são apenas ferramentas. A bateria do GPS pode acabar ou ele pode cair e quebrar… Portanto, é melhor você saber onde está o Cruzeiro do Sul!!

Desculpem-me os aficionados tecnológicos, é que nós, os “homens da pedra”, não entendemos disso. Ugaugauga…

Antonio Paulo Faria

P.S. Por favor, aceitem isto com bom humor!

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Sobre o autor

Antonio Paulo escala há tanto tempo que parece que já nasceu escalando... 30 anos. Até o presente, abriu mais de 200 vias no Brasil e em alguns outros países. Ele gosta de escalar de tudo: blocos, vias esportivas, vias longas em montanhas, vias alpinas... Mas não gosta de artificiais, segundo ele "me parecem mais engenharia que escalar propriamente". Além disso, ele também gosta de esquiar, principalmente esqui alpino no qual pratica desde 1996. A escalada influenciou tanto sua minha vida que resolveu estudar geografia e geologia. Antonio Paulo se tornou doutor em 1996 e ensina em universidades desde 1992. Ele escreveu sobre escalada para muitas revistas nacionais e internacionais, capítulos de livros e inclusive um livro. Ou seja, ele vive a escalada.

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