Grupo presencia queda fatal de escaladora enquanto aguardava resgate preso em parede no Red Rock Canyon

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Seis escaladores precisaram ser resgatados em dois incidentes separados no Red Rock Canyon, um dos quais terminou tragicamente com uma vítima fatal.

Montanhas no Red Rock Canyon. Foto: Samartur / Wikimédia Commons

 

O local atrai inúmeros escaladores. Foto: Byron and Tamara / Wikimédia Commons

O primeiro incidente envolveu um grupo de quatro escaladores, que solicitou ajuda após a corda deles ficar presa em uma fissura durante o rapel da via Cat in the Hat. Sem conseguir descer nem soltar a corda, o grupo se abrigou em um platô a aproximadamente 120 metros de altura. Joe De Luca, um dos escaladores, conseguiu sinal de celular e acionou o resgate por volta das 14h50.

Assim que o pedido de ajuda foi recebido, dois voluntários da equipe de Busca e Resgate do Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas (LVMPD SAR) foram enviados ao local para iniciar a operação.

Mescalito, formação rochosa onde fica a via Cat in the Hat. Foto: Stan Shebs / Wikimédia Commons

Porém, às 17h30, enquanto ainda aguardavam o resgate, o grupo ouviu um grito e o som de uma corda caindo, em seguida viram uma mulher caindo do outro lado do canyon. “Eu a vi bater [no penhasco]três vezes antes de seu corpo parar. Para mim, ficou evidente que as chances de sobrevivência eram zero, ou pelo menos muito baixas, se não agíssemos rapidamente”, relatou De Luca. Ele estimou que a queda da escaladora foi de cerca de 35 a 40 metros, aproximadamente 15 metros além do ponto onde seu parceiro estava após ter concluído esse trecho do rapel.

De Luca conseguiu se comunicar com os dois voluntários da equipe de resgate, que já estavam escalando para alcançar o primeiro grupo. Os voluntários relataram que também ouviram o barulho da queda, mas não conseguiam estabelecer contato com o parceiro da vítima. Assim, o grupo intermediou a comunicação entre os voluntários e o escalador sobrevivente, enquanto uma nova estratégia de resgate era elaborada.

O parceiro da escaladora, sem sinal de celular e sem corda para continuar o rapel, ficou preso na parede. Com o auxílio de um helicóptero, outros resgatistas chegaram ao local, onde constataram o óbito da vítima.

Embora a causa oficial do acidente não tenha sido divulgada, informações iniciais indicam que a tragédia pode ter sido resultado de um erro humano. Especula-se que a escaladora, ao utilizar um sistema de rapel conhecido como Reepschnur, teria prendido seu GriGri na corda de recuperação por engano.

Algumas formações são separadas por pequenos corredores. Foto: Zach Dischner / Wikimédia Commons

Como o acidente ocorreu no final do dia e já estava escurecendo, acredita-se que a dupla estava apressada para concluir o rapel antes que a visibilidade diminuísse ainda mais e as temperaturas caíssem. Isso pode ter contribuído para o acidente.

De Luca destacou que apenas seu grupo e o casal estavam escalando no canyon naquele dia. Caso a corda de seu grupo não tivesse ficado presa, o parceiro da escaladora provavelmente não conseguiria acionar o resgate e teria que passar a noite preso na parede, enfrentando temperaturas abaixo de zero.

O método Reepschnur

O método Reepschnur, também conhecido como bloco de corda, bloco de mosquetão, rapel de bloco de nó ou até mesmo MacGyver em algumas regiões do Brasil, é uma técnica que permite descer utilizando apenas uma corda e um dispositivo de bloqueio automático, sendo possível recuperar a corda após a descida.

Método para fazer rapel com apenas uma corda. Foto: Ptzel

Cuidados ao montar esse sistema. Foto: Ptzel

Montagem do Reepschnur

Esse método é especialmente útil quando parte da corda está danificada ou quando se deseja economizar peso, utilizando uma combinação de uma corda principal com outra corda fina. No entanto,  é essencial que a estação de rapel possua anéis com diâmetro pequeno o suficiente para prender o nó e que seja sempre utilizado um backup para aumentar a segurança.

Além disso, é fundamental ter atenção ao montar o sistema, pois, caso o escalador se conecte à corda errada, poderá entrar em queda livre ao iniciar o rapel. Infelizmente, esse sistema já foi responsável por outros acidentes fatais nos EUA.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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