Guia de Escaladas Pico Tucum é lançado, baixe aqui o seu!

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O Pico Tucum é uma montanha bastante conhecida na região de Curitiba por suas trilhas e belas paisagens. Mas ele também possui um enorme potencial para escalada com suas grandes paredes de granito nu.

Ao observar isso os montanhistas e escaladores Gustavo Castanharo (Tavinho) e Giancarlo Castanharo (Cover) decidiram investir em conquistas nessa montanha. Aderências, agarras, chaminés, tesoura e a vista da Baia de Antonina e do Pico Paraná tornam esse lugar apaixonante para qualquer escalador que gosta da escalada tradicional.

Capa do guia

Vinte anos depois que surgiu a ideia, Gustavo Castanharo esta lançando o Guia de Escaladas Pico Tucum. Nele estão 18 vias, variando do 4° ao 7° grau com extensão de 20 a 366 metros. Ou seja, mais de dois mil metros escaladas em uma só montanha.

O guia possui 41 páginas com informações sobre o acesso, setores e vias, croquis e foto-croquis, entre outras. Tavinho contou com o apoio da Loja Alta Montanha e outros patrocinadores para produzir o material que será distribuído gratuitamente. Acesse o guia no link no final da matéria.

Confira a entrevista com o conquistador das vias e autor Gustavo Castanharo:

Como surgiu a ideia de abrir vias no Tucum?

A ideia surgiu em meados dos anos 90. Do cume do Itapiroca, no ano de 1994, meu irmão (Giancarlo Castanharo “Cover”) iniciou um “namoro” com aquelas paredes. Após isso nós sempre olhamos para elas e ficávamos com vontade de escalá-las, mas naquela época estávamos iniciando na escalada em rocha, então não tínhamos conhecimento e equipamento necessários. Os anos se passaram, novos projetos surgiram e ficamos somente com a ideia e a vontade.

Você e seu irmão foram os primeiros a abrirem vias naquela região? Alguém mais participou das conquistas?

Não fomos os primeiros. Como menciono no Guia, no Capítulo “Um pouco da história do Projeto Tucum 20 anos”, após pesquisas e conversas com escaladores mais antigos, soubemos somente de duas escaladas anteriores ao nosso projeto de conquistas. Nosso amigo Ednilson Feola (Canidia) participou desde a primeira investida comigo até as últimas. Pouco após o meio do nosso projeto, convidamos o Maicon Kaeber que também nos ajudou na conquista de algumas vias. Outros três amigos lá citados também participaram cada um de uma conquista.

Os irmão Tavinho e Cover no Tucum.

Quando vocês iniciaram as escaladas no Tucum? Foram quantos anos de conquistas?

No ano de 2008 fizemos uma investida por um vale que não tinha nenhuma trilha para chegar à base das paredes, varamos mato algumas horas e chegamos perto, mas com o dia chuvoso acabamos desistindo. “Dez Anos Depois” (nome de uma de nossas vias) eu tive a ideia de retomar o projeto. Com isso as conquistas efetivas se iniciaram somente no ano passado, mais precisamente em julho/agosto, por isso denominamos nosso projeto de “Projeto Tucum 20 anos”, pois como citado anteriormente, desde meados da década de 90 tínhamos a ideia de escalar lá (há maios de 20 anos). As nossa conquistas duraram pouco mais de um ano (período de 2018/2019). Quase todo final de semana desse período eu ia para lá. Houve fim de semana e feriados que fomos dois dias seguidos. Totalizaram 27 investidas, sendo que destas eu participei de 24. Durante o verão, que teoricamente não é a temporada de montanha, conseguirmos escalar/conquistar muito, apesar do sol forte, butucas, pernilongos, e claro, algumas chuvas na cabeça.

Qual o maior desafio nessa montanha, em se tratando da abertura das vias?

Em relação às dificuldades encontradas para a conquista das vias, a maior foi a distância/tempo de caminhada a partir da Chácara da Bolinha (início da caminhada), pois são em média 2 horas e meia a 4 horas de caminhada até os setores.

Qual foi a primeira via?

A primeira via iniciada foi a via “Portal de Entrada”, considerada por mim a mais bela em todos os sentidos (técnico, visual, variação de rocha, etc), em agosto de 2018, mas terminada somente em fevereiro de 2019.

Quantas vias tem atualmente lá? Qual a maior via?

Conforme consta no Guia, na lista das vias de escalada, atualmente são 18 vias de escalada, sendo 15 destas parte do nosso Projeto. A maior via tem 366m (que não é uma via nossa) e a menor 55m, desconsiderando quatro variantes, que uma delas tem 25m, duas tem 40m, e a última pouco mais de 100m. A nossa maior via tem 305m, uma via linda e excelente para quem quer fazer uma via longa e ainda não tem experiência e/ou muita técnica, pois tem lances de no máximo 4º grau, e com um visual alucinante do Pico Paraná.

Via Arestona (4° VIsup E3 288m) uma das mais belas – Foto: Ednilson Feola (Canidia)

A escalada em aderência é predominante, mas há outros estilos de escalada?

Sim, a predominância é em aderência, mas temos vias mais empinadas com agarras, regletes, lacas, fendas, cristais, etc.

Tem uma chaminé também, certo?

Na verdade duas vias tem lances com a técnica de “chaminé”. Uma delas conquistada por nós, mas é uma chaminé curta, de uns 8 metros, com o final dela tendo que trocar da técnica de “chaminé” para “tesoura”. A outra via com vários lances em “chaminé” foi conquistada pelo casal Marcio Merkl e Maria Inez Araujo de Abreu neste ano de 2019, uma via longa com 223m, mas não possui nenhuma proteção fixa e tem trechos muito expostos.

Vista do Pico Paraná desde um dos setores de escalada.

Como surgiu a ideia de criar o guia e distribuir gratuitamente?

A cada via que fomos conquistando eu fui confeccionando os croquis e escrevendo relatos e textos. Como a quantidade de vias foi aumentando, pois nossa ideia inicial era de abrir somente 1, 2 ou 3 vias, o meu gasto monetário para a compra de “chapeletas” e “parabolts”, todos em inox, foi aumentando proporcionalmente. Ao final do projeto contabilizamos em torno de 350 chapeletas/parabolts. Com esse gasto, que para uma única pessoa ficou expressivo, eu tive a ideia de “vender” espaços para publicidade dentro de um Guia, que seria disponibilizado digitalmente, pois pela quantidade atual de vias no local, e por se tratar de um local que demanda uma caminhada de aproximação mais longa, um Guia físico e para venda não teria muita saída. Graças a colaboração dos patrocinadores que apoiaram esta ideia, eu consegui reverter grande parte do meu gasto na aquisição das chapas e bolts em inox.

Link para o Guia de Escaladas do Pico Tucum-PR – 1ed – 2019

 

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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