Como acontece todos os anos o Blog de Escalada e o AltaMontanha estará presente, trazendo algumas novidades na cobertura deste ano. Uma delas é a emissão de “Tweets” de cada filme a ser realizado, análise postadas aqui no de cada filme logo após os fins das exibições, e para uma prévia do que há por vir, entrevista com os principais produtores dos vídeos favoritos ao prêmio de melhor filme (público e especializado).
Para iniciar , o entrevistado do dia de hoje é o Gustavo Piancastelli. O mineiro (conhecido por um apelido “impublicável” aqui) Gustavo é o cabeça da “Casca Grossa”, que este ano de 2010 cresceu e já ganhou até mesmo um programa de televisão com o mesmo nome.
Leia a entrevista abaixo :
1 – Gustavo desde que conseguiu tornar-se o único vencedor “não carioca” , da eleição do público, no festival de Filmes de Montanha(que é realizado no Rio de Janeiro), o que mudou desde então?
Acho que quebramos alguns paradigmas com esse prêmio.
A idéia de fazer um filme sobre culinária de montanha foi o grande diferencial, aliado às pessoas que apresentaram suas receitas.
Pegamos os caras mais Casca Grossa que fazem pratos deliciosos em suas viagens e o bom humor cativou o público. Informacão com muito bom humor, essa é a linha da “Casca Grossa”.
2 – No ano passado houve muitos filmes da “Casca Grossa”, este ano nem tanto. O que foi que aconteceu?
Sinceramente fiquei um pouco decepcionado com a mostra que no ano passado desmembrou um de nossos filmes favoritos em duas sessões.
O filme, “Pedra do Fritz – A Parede dos Sonhos Agora é Realidade” foi exibido em duas partes e muitos que assistiram a 1ª sessão perceberam que faltou um final e no dia seguinte os que assistiram a 2ª sessão acharam que estava faltando um começo.
Tudo porque o operador do projetor achou que o filme havia acabado.
Mas acho importante participarmos do festival, uma vez que trabalho com vídeo de montanhismo e isso tem sido minha vida nos últimos 10 anos pelo menos.
3 – Foi inspirado em que o seu filme que concorre este ano?
Esse ano acho que inscrevi um filme bem interessante, “Bolívia – Política, Cultura e Montanhismo”, um filme que retrata a Bolívia como um país muito atraente aos olhos dos montanhistas mas que mostra também uma realidade dura de um povo explorado por um governo de intenções duvidosas, que parece crescer avalizado pela ignorância de grande parte da população.
Uma outra abordagem que fazemos no filme é o aquecimento global que é visível a cada ano com o recuo do glaciar.
Além disso fizemos uma escalada de 03 cumes gelados acima dos 5.300m, considerados técnicos e que nos possibilitou registrar imagens belíssimas. Uma aventura Casca Grossa e minha primeira experiência no gelo, sempre com o bom humor que impera em nossos vídeos.
4 – Qual foi o equipamento utilizado na filmagem e produção?
Utilizamos uma câmera da Sony HDD com alguns filtros e lentes tele e grande angular, equipamento muito moderno que a 200m do cume do Ilusion (montanha com 5.300m de altitude) travou devido a altitude.
O que me deixou quase desesperado, eu havia feito uma viagem muito desgastante em todos os aspectos (para mim foi um investimento) e antes do 1º cume a única câmera travou e precisaríamos voltar a La Paz para fazê-la funcionar novamente, inviável, mas real.
No entanto como uma benção divina, eu acordei no dia seguinte angustiado e ao lado da minha barraca uma barraca com brasileiros havia se instalado.
Quando vejo era o Atila Barros que ao ouvir os meus lamentos pela câmera foi logo me disponibilizando sua câmera digital nova que acabara de tirar da caixa.
Para mim um milagre!!!! Rsrsrsrsrs E foi com essa câmera que finalizamos as imagens das escaladas no Condoriri.
5 – Nas suas produções quais são os principais parceiros que gostaria de destacar?
Equinox é sem dúvida uma empresa que acredita no meu trabalho, assim como a AM420NIA do site www.am420nia.com.br , e a própria Casca Grossa que tem um dos melhores editores de vídeo de aventura para a TV Gustavo Abah, meu grande mentor nas minhas edições.
E é claro meus parceiros de escalada, que são peças chave em nossas matérias. Quase sempre sou um pouco de tudo em nossas expedições e muitas vezes tenho que ser duro, pois assumo os riscos e responsabilidades. Então agradeço em especial àqueles que entendem meu profissionalismo.
6 – O que mudou , em termos de produções, as seus primeiros vídeos concorrentes no festival com os atuais?
Não mudou nada, talvéz eu apenas tenha me especializado um pouco mais em edição e recursos no “finalcut”, mas a linha é a mesma, mostrar uma realidade Casca Grossa dos esportes de montanha.
7 – Qual a sua maior expectativa com relação ao Festival de Filmes de Montanha?
Mostrar um material divertido e interessante à nossa comunidade montanhista.
8 – Dos filmes de escalada, quais você relataria como os seus favoritos?
Produzidos pela Casca Grossa, gostaria de destacar o vídeo da Pedra do Fritz, a história de uma grande conquista numa das paredes mais imponentes do Brasil e que gerou uma polêmica, porém o vídeo me possibilitou lavar a alma diante de certa injustiça.
O vídeo pode contar toda a verdade dessa conquista, sempre com muito bom humor e devido à dificuldade acredito que não será repetida nos próximos anos.
E se for será em pelo menos 5 dias.
9 – Há algum produtor, ou diretor de filmes que você se inspire mais?
Não.
Meu material é bem original, eu simplesmente tento mostrar a realidade como ela aparece, o desenrolar das conquistas que faço sem muito planejamento e as coisas acontecem de uma forma bem interessante e diversificada.
Um relato da minha vida nas montanhas. Somente.
10 – Como você visualiza a produção de filmes de esportes de aventura e escalada no Brasil?
Acho que existe muita coisa boa e muita coisa cansativa como vídeo.
Acredito que vídeo deve ser dinâmico e informativo e muitos vídeos são massantes demais e cansam àqueles que não compreendem bem esse universo das montanhas.
O grande diferencial da Casca Grossa é agradar a todos que se interessam por uma boa aventura, esporte e natureza, sempre com uma pitada de bom humor.
Deixar uma vontade de assistir mais é a grande “sacada”.
11 – Há algum projeto que está sendo já desenvolvido para o próximo ano?
O projeto mais importante agora é o programa Casca Grossa que foi lançado em 2009 com 03 minutos semanais e que hoje conta com 30 minutos semanais onde podemos mostrar um material bem diversificado, com o consagrado Culinária Casca Grossa e muitas expedições de Base Jump, escalada, mergulhos em cavernas e naufrágios, paraquedismo, esqui na neve e muitos outros esportes que cobrimos.
12 – O que o público deve esperar de seu filme que está concorrendo este ano?
Aprender um pouco mais sobre a Bolívia, assistir imagens bonitas de um país bem próximo ao nosso e que pode ser seu próximo destino de viagem.
E rir bastante eu espero.