Há cerca de dois anos, ocorreram algumas mudanças na região do Parque Nacional Huascaran, no Peru. O Instituto de Recursos Naturais do Peru (INRENA) havia concretizado uma série de normas para que o acesso ao Parque fosse mais restrito, com um pensamento de conservação seguindo a premissa de que “os objetivos primários de conservação do PNH exigiam impactos menores no meio ambiente e maiores a nível social, que beneficiassem as comunidades locais e contribuísse com a sensibilização do visitante aos temas ambientais.
A idéia até era interessante, porém os resultados práticos afetaram diretamente os montanhistas, uma vez que todos passaram a serem obrigados a contratarem guias para ascenderem a qualquer montanha do Peru.
Isto é muito interessante, quando se trata de turismo de montanha, ou seja, quando pessoas sem o conhecimento técnico de alpinismo querem conhecer um local ou visitar uma geleira ou um glaciar da Cordilheira Branca.
Contudo, a grande maioria dos montanhistas que visitavam o Peru o faziam com treinamento prévio, com metas bem definidas e regularmente não necessitam de guias, quiçá pessoas para o apoio.
Assim, o que aconteceu foi que vários montanhistas que queriam ascender rotas técnicas acabaram impedidos, pois não havia guias peruanos capazes de “os acompanhar” nestas rotas e muitos montanhistas mudaram o destino de suas viagens, quando souberam das imposições do PNH, causando na realidade mais perda econômica à população, efeito bem contrário ao que a norma previa.
Sem contar que a reação pelo mundo do montanhismo foi automática e em cadeia: Todas as revistas e sites de montanhismo iniciaram um grande protesto contra a regulamentação.
Agora, após dois anos do início da aplicação da regra, a UIAA conseguiu uma importante vitória: Qualquer montanhista poderá adentrar ao Parque sem a necessidade de contratar guias, sempre e quando apresentar que pertença a um clube, associação ou federação afiliada a UIAA, através de carteirinha.
Segundo Robert Perrigrew e Jim Bartle, membros da Comissão de Acesso e Conservação da própria UIAA, asseguraram que o acordo firmado com a administração do PNH já está valendo e que não será negado acesso aos montanhistas que apresentarem um documento comprovando a situação de afiliação à UIAA.
Contudo, a administração do PNH pede que os montanhistas façam uma cópia autenticada em um cartório da carteirinha de sócio de um dos clubes afiliados à UIAA, paguem com antecedência o custo de entrada ao parque (25 USD) e registrem o itinerário proposto na administração parque. A cópia autenticada poderá ser feita na cidade de Huaraz.
Ainda segue um pouco confuso a situação para os trekker´s na região. Apesar de a administração do PNH estar permitindo o trekking sem a contratação de guias, ante a apresentação de um documento ligado a UIAA, os advogados do PNH já informaram que esta categoria de esporte “trekking” não recai como esporte de risco e está mais ligada a turismo de aventura que à escalada de montanha, propriamente dita. Além disso, existe uma grande pressão para que nestes casos a contratação de guias seja obrigatória.
Dos 25 pontos principais de acesso ao Parque Nacional Huascarán, a administração tem postos de controle somente em parte deles: Llanganuco (Pisco, Chopicalqui, Huandoy, Chacraraju na sua face Sul), Ishinca (Tocllaraju, Palcaraju, Ranrapalca lado norte, Urus, Ishinca), Campo Base do Huascarán, Laguna Parón (Artesonraju face sul, Pirámide, face norte de los Huandoy), Quilcayhuanca (Cayesh, Chinchey, Maparaju, Pucaranra, Tullparaju), e Llaca (Vallunaraju, Ocshapalca e Ranrapalca).
Outros pontos de entrada no lado oeste (incluindo a Quebrada Santa Cruz, ponto de entrada ao Alpamayo, Quitaraju e Taulliraju), e todos os pontos de entrada no lado leste, estão sem controle.
Ao que parece, já está sendo criado um novo plano de manejo do PNH, que será efetivado no ano que vem e provavelmente sejam chamadas a participar as organizações que tem interesses no PNH, entre elas a UIAA.