A Escalada é um esporte magnífico quando praticado e entendido como um jogo pessoal entre o escalador e a Pedra. A expectativa de superar os lances nas paredes verticais leva o praticante a uma série de investimentos para sua realização envolvendo curso básico de escalada, compra de equipamentos, livros e despesas para chegar e se manter na Montanha.
Dito isto, realçamos nossa fragilidade diante da Natureza que nos permite assistir paisagens exuberantes, longe do alcance da maioria das pessoas, as melhores e mais altas vias de escaladas são os lugares mais primitivos e pouco pisados que temos para desfrutar em nossos sítios de escalada.
Lamentavelmente toda esta magnitude e exuberância pode ser quebrada no momento que ocorra qualquer incidente ou acidente fatal com algum escalador, no Paraná eu tenho de cabeça a ocorrência de pelo menos 15 casos nos últimos 40 anos que podem nos servir de alerta afim de evitarmos ou minimizarmos casos semelhantes no futuro:
6 Casos no Marumbi
– Escalador no Rapel no Paredão Preto caiu porque estava em auto segurança num pino, esqueceu e se puxou para traz.
– Escalador caiu do Rapel na Pedra Lascada porque também havia um Pino e no momento que foi se colocar em posição a corda saiu do referido pino.
– Escalador caiu na Pedra lascada enquanto solava uma via A0 e a proteção se desprendeu.
– Escalador caiu em via não revelada, mas bateu o pé na parede durante a queda e quebrou.
– Escalador caiu na via Flutuar, bateu o pé na parede e quebrou.
– Escalador Caiu na Caroço da esfinge, bateu o pé e quebrou.
5 Casos no Anhangava
– Escalador caiu do Top Rope na Via Guia Aqui enquanto armava a ancoragem, ao descer o nó da fita na ancoragem abriu.
– Escalador caiu na Via Andorinhas com o pé entalado na fenda do Urubu e quebrou o pé.
– Escalador caiu na Lewis porque passou uma costura sem clipar.
– Escalador caiu em pendulo no início da transversal superior e bateu a cabeça na parede, naquele tempo não havia a proteção na via Solanjaca e nem a cunha de madeira que foi posteriormente instalada.
– Escaladora caiu numa das Vias na Professor bateu o pé na parede e quebrou.
4 Casos em São Luiz do Purunã
– Escaladora caiu em transversal e quebrou a mão.
– Escaladora caiu enquanto descida de top rope.
– Escalador caiu no Rapel porque as pontas das cordas estavam desalinhadas.
– Escaladora caiu da via porque segurou na primeira costura e ela desclipou.
1 Caso no Cabaquara
– Escalador caiu bateu os pês na parede e quebrou.
As causas são diversas, aconteceram com pessoas novas e também experientes, todos estamos expostos a partir do momento que nos encodarmos e tiramos o pé do chão. Sabemos que um acidente tem N fatores que combinados entre si podem nos levar ao erro nos momentos críticos da escalada, principalmente no Rapel.
Percebemos nos exemplos das ocorrência que os mais comuns se relacionam com causas mecânicas, quando estamos com nosso peso sobre os equipamentos, 6 casos de quedas (Marumbi, Anhangava e Cabaraquara) aconteceram sem que houvesse falha do escalador acidentado, bater os pés na parede ou se ralar durante uma queda guiando faz parte do processo, mas romper, abrir costuras, faltar corda no rapel entre outras coisas, não fazem parte da Escalada Consciente.
Com isso concluímos que as atitudes como a consciência mental, preparo técnico, condicionamento físico adequado, atenção mutua com silêncio pleno entre a cordada e o foco durante a prática podem ajudar na prevenção dos acidentes em nossos pontos Escalada.
Agradecimento especial para Gustavo Castanharo e Edmilson Padilha.