As esperanças de resgatar o montanhista espanhol Tolo Celafat com vida foram perdidas esta manhã. Ele havia feito cume no Annapurna na segunda feira, momentos depois de terem cruzado com a expedição coreana de Oh Eun Sun, que naquela escalada tornou-se a primeira mulher no mundo a escalar todas as montanhas com mais de 8 mil metros no mundo.
Tolo acometeu-se de mal agudo da montanha e um edema cerebral impediu que o espanhol pudesse descer da montanha, ficando imobilizado numa altitude de 7.500 metros.
Até ontem ás 20:00 os médicos do campo base entravam , em contato com Tolo a cada meia hora. Porém, nesta manhã não houveram novos contatos. O helicóptero que sobrevoava a rota dos montanhistas não conseguiu localizar a equipe, embora tivessem as coordenadas geográficas do local. As buscas feitas pela aeronave foram comprometidas pela visibilidade ruim, resultado da forte nevasca que ocorrera na noite anterior. Dentro do helicóptero estava Jorge Egocheaga, que tinha acabado de voltar do cume e conhecia o percurso.
A partir deste momento se iniciou o resgate dos colegas de Tolo, que fizeram cume junto com ele, Juanito Oiazabal, Carlos Pauner, Horia Colibasanu e um sherpa.
Para a realização do resgate os pilotos decolaram com o menor peso possível, deixando todos os equipamentos supérfluos de lado. A técnica utilizada neste resgate é comum na Suíça sendo conhecida como On Line, a qual consiste na descida do socorristas através do uso de um cabo de aço preso no helicóptero o que permite uma aproximação de 20 metros do local objetivado.  ,
Com isso, o socorrista levou máscaras e garrafas de oxigênio aos montanhistas, levando na seqüência, um a um até o campo base. Uma operação de resgate inimaginável até pouco tempo, qual foi executada por um experiente piloto suíço que conta em sua carreira com anos de vôo sobre o Everest.
Há alguns dias atrás o mesmo piloto de helicóptero que auxiliou no resgate, esteve no Manaslu ajudando no resgate de sete alpinistas presos no campo dois daquela montanha. Aliás, diga-se de passagem, foi em vista deste resgate que a equipe não pode aproveitar a janela de tempo bom que fazia na Annapurna, comprometendo o auxilio à Tolo e sua equipe, que foram evacuados com mal tempo mais tarde. É possível que se o resgate tivesse sido efetuado naquela janela de tempo aberto Tolo pudesse ter sido resgatado com vida.
Os pilotos ainda comentaram que se Tolo ainda estivesse consciente no dia 28 eles seriam capaz de efetuar o resgate através da técnica on line mesmo em altitude de 7.600 metros.
Juanito desabafa sobre a morte do colega
Juanito Oiarzabal e Carlos Pauner já se encontram no campo base do Annapurna, aonde estão recebendo os tratamentos indicados pelos médicos contra os congelamentos sofridos durante a escalada. Felizmente, os ferimentos não são graves.
Juanito vem se sendo muito crítico com relação a displicência coreana quando negou socorro a Tolo. As criticas do experiente montanhista espanhol à Miss Oh tem dois motivos: Em primeiro lugar por que a equipe da coreana utilizou-se de cordas fixas instaladas principalmente por Edurne Pasabán que dias antes fez cume na montanha. A coreana praticamente não ajudou com nenhuma corda, apesar de levar 7 sherpas dos quais 4 deles participaram do ataque final. ,
A outra critica diz respeito à falta de ética quando a equipe de Miss Oh se recusou a ajudar Tolo. Comenta que eles chegaram a oferecer 6.000 para ajudar. Porém, a coreana deixou que os sherpas tomassem a decisão. Juanito pensa que ele deveria ter sido mais firme em seu pedido de ajuda.
Juanito diz que ficou sem alternativas para ajudar o amigo. Ele pediu para que seu único Sherpa fosse buscar Tolo, mas sozinho, não conseguiu fazer nada. Oiarzabal diz que fez tudo o que pôde, mas não teve como evitar a morte. Ele afirma que se a expedição coreana tivesse ajudado, a história teria sido diferente e diz que perdeu a esperança em encontrar solidariedade no montanhismo, sobretudo com os coreanos.
Carlos Pauner, outro companheiro de Juanito dá outros argumentos, contra os coreanos. Ele diz que quando estavam chegando perto do cume, os coreanos retiraram as poucas cordas fixas que eles haviam instalado para que os espanhóis não as usassem, foram mais ou menos uns 50 ou 60 metros de corda, diz.
Pauner ficou surpreso não somente com a falta de companheirismo dos coreanos que não compartilharam suas cordas, mas também com a retirada de cordas que ele mesmo havia fixado montanha abaixo. Apesar de não pensar em sabotagem, 200 metros de corda fixadas pelos espanhóis sumiram quando eles empreendiam a descida e as únicas pessoas que passaram por lá foram os coreanos da equipe de Miss Oh.
Rivalidade entre coreanos e espanhóis.
 ,A relação entre coreanos e espanhóis azedou de vez quando a basca Edurne Pasabán, que concorria diretamente com Oh Eun Sun para a conquista do Grande Slam do montanhismo chegou ao cume do Annapurna na semana passada.
Foi o décimo terceiro cume de Pasaban, que agora está no Shishapangma finalizando seu ultimo dos quatorze cumes. Naquela ocasião, Pasabán irritou-se com um coreano que ficou observando-a pelo binóculo e afirmou erroneamente que ela não havia culminado o Annapurna.
Depois disso Pasabán colocou sal na polêmica sobre a falta de ética dos coreanos, revivendo a polêmica da falta de provas de que Oh tenho feito cume em outra montanha de 8 mil metros, o Kangchenjunga. A basca além de relembrar o fato que aconteceu no ano passado, ainda afirmou que dois de seus Sherpas pessoais disseram que a coreana não fez cume naquela ocasião.
Talvez por conta da rivalidade com Pasaban, os coreanos tenham agido de má fé com a equipe de Tolo Calafat, que são todos amigos da montanhista basca.
Para colocar ainda mais fogo na discussão, Carlos Pauner diz que a falta de cavalheirismo dos coreanos que não compartilharam suas poucas cordas e a retirada dos 200 metros de corda por eles fixada retardou o descenso e sem isso, Tolo poderia estar agora vivo.
Com informações de Desnivel e Barrabés
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