Livro dos relatos e memórias do escalador Ricardo “Rato” Baltazar será lançado em julho

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Minha relação com as montanhas não se limita à escalada. Isso é somente um esporte. Na realidade, parece que quanto mais montanhas eu escalo, mais afastado eu me sinto do conceito de escalador. Quando volto para os meus, dou-me conta de que busco, antes de tudo, ser uma pessoa simples. A maior conquista é manter-se puro, como uma criança, capaz de rir das pequenas coisas. (Ricardo Baltazar).

O livro foi escrito pelo escritor e historiador Frank Cardoso Lummertz

Montanhas Underground é o título que confere as histórias e relatos do escalador Ricardo Baltazar, o Rato. Ricardo faleceu em um acidente trágico em meados de 2014. Ficou conhecido por protagonizar a ascensão de uma série de montanhas mundialmente conhecidas, entre elas o Cerro Torre, Fitz Roy, Poincenot, Esfinge e Alpamayo, tudo com pouca grana e muita determinação. Durante essas temporadas (2011 à 2014), esteve envolvido indiretamente na polêmica da retirada dos grampos da Via do Compressor de Maestri, pela dupla de Canadense Kruk/Kennedy, quando os encontrou em plena parede sacando os grampos. Rato, com seu parceiro de cordada Victorio foram os últimos a ascender o cume do Torre pela tão polêmica Via do Compressor.

Todas essas histórias, de uma forma peculiar e divertida, Ricardo acabou contanto a partir de pequenos textos na qual publicava no site altamontanha.com, e que agora, foram reunidas pelo escritor e historiador Frank Cardoso Lummertz. O autor reuniu mais de 15 histórias escritas por Ricardo e realizou uma série de entrevistas com pessoas singulares do montanhismo, escalada e canionismo brasileiro, ambientes no qual Ricardo andou e era conhecido, formando essa excelente homenagem à uma das pessoas de maior espirito outsider e livre que o montanhismo nacional já conheceu.

Para quem quer saber mais a respeito das inúmeras aventuras e bagunças aprontadas por Rato, o link da pré-venda do livro já está disponível em https://www.catarse.me/montanhas_underground

SOBRE RATO BALTAZAR

Excentricidade é o que resume Ricardo Baltazar de Oliveira, muito conhecido pelo apelido “Rato”. Sabe aqueles escaladores que organizam suas expedições com o maior cuidado e perfeição, sempre em busca de novos recordes? Pois Ricardo Baltazar definitivamente não estava entre eles. Para este talento, que cravou seu nome entre os mais promissores de seu esporte no Brasil, o que valia mesmo era deixar a vida seguir o curso natural – mesmo que isso significasse arriscar a pele em escaladas tenebrosas, sem muita grana, com pouco equipamento e quase nada de preparação. Para ele, adepto de um estilo bem outsider e simples de encarar paredões rochosos, o que valia era curtir o visual, de preferência do alto de uma via, cercado de frio, vento e morros.

Ricardo no cume do icônico Fitz Roy

Canionista, montanhista, escalador, guia de ecoturismo, surfista, filósofo de fogueira, festeiro, viajante, nômade, escritor… Protagonizou inesgotáveis histórias e feitos nas montanhas. São muitas facetas de sua personalidade singular. Dividia sua rotina entre treinos de escalada nas falésias de Torres/RS e o trabalho como guia na região dos cânions em Praia Grande/SC. Ainda adolescente, fez incontáveis travessias nestes cânions, rapelando paredes monumentais com equipamentos precários, ancorando em árvores e arbustos, enfrentando lama, enxurradas, nadando em poços profundos, carregando mochila pesada, muitas vezes sozinho. Esta experiência nos ambientes exigentes dos cânions forjou seu modo de escalar e de viver, cujos fundamentos eram a resiliência, a simplicidade e a coragem.

Leia também: A última escalada na Via do Compressor

O excêntrico Ricardo Baltazar.

Quando passou a se interessar por montanhismo e escalada, a evolução foi rápida e facilmente se adaptou a ambientes naturais igualmente exigentes, como o Marumbi e a Patagônia. A lista de locais onde escalou é extensa, mas foi na Patagônia e nos Andes Peruanos que suas capacidades e talentos foram realmente testados e comprovados. Na Patagônia, chegou ao cume de montanhas mundialmente famosas, entre outras agulhas, o Fitz Roy, o Poincenot, o Cerro Torre. Na Cordilheira Branca, chegou ao cume do Tocllaraju, Urus, Esfinge, Alpamayo e mais algumas montanhas nevadas. Estes feitos impressionam ainda mais pela escassez de recursos em que foram alcançados, com poucos e surrados equipamentos, em tempo reduzido. Ricardo sempre levou uma vida simples, trabalhando para comer, sem economias, plano de saúde ou seguros. Nas temporadas na Patagônia, trabalhava como carregador em outras expedições, para se manter escalando quando conseguia um tempo livre. As dificuldades, no entanto, jamais afetaram seu jeito brincalhão e o seu bom humor. Vivia sorrindo, fazendo amigos e reunindo as pessoas para festejar, sob qualquer pretexto. Talvez, este tenha sido o seu maior talento, a amizade. Encontrá-lo era uma certeza de bons momentos e fartas risadas.

Através desta obra com sua narrativa envolvente, será possível conhecer um pouco mais sobre Ricardo, sobre canionismo e montanhismo, sobre amizade, sobre amor à natureza e à vida. Sua trajetória merece ser contada e preservada, e que essas histórias possam inspirar os leitores em suas vidas e aventuras.

[A realização do livro é um Projeto Cultural selecionado pelo Prêmio Elisabete Anderle de Apoio à Cultura – Edição 2022, executado com recursos do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense da Cultura. Processo FCC 2920 / 2022]

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Sobre o autor

1 comentário

  1. O livro Montanhas Underground é um espetáculo ! Uma obra prima retratando o inesquecível , singular e casca grossa , Ricardo Baltazar , uma pena ele ter nos deixado de maneira tão precoce . Frank Lummertz , está de parabéns pelo seu trabalho !

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