Assim se vai a vida de Mario Richard, como dito, experiente saltador de base jump e paraquedista, marido da famosa escaladora Steph Davis. Mario faleceu no dia 19 de agosto, segunda-feira, durante um salro realizado desde o Sass Pordoi, de 2.950 metros de altitude, nos Dolomitas. Segundo as notícias publicadas pela imprensa local, o aventureiro de 47 anos teria intenção de cruzar um pequeno estreito corredor entre rochas perto da Torre Dezulian, quando algo saiu errado e ee acabou se chocando contra as rochas, sofrendo depois queda livre ao solo.
O saltador havia acompanhado Steph Davis e um grupo de amigos, com quem havia realizado durante as últimas viagens saltos desde o Monte Agner, na Torre Trieste e no Monte Brento. Os Dolomitas seriam a segunda etapa da viagem italiana de Mario e Steph, que já haviam saltado na zona de Arco. Apesar da rápida resposta das equipes de socorro alpino de Canazei, com a colaboração do helicóptero de Aiut Alpin Dolomites e as forças de ordem pública, quando chegaram até Richard nada mais podiam fazer além de certificar sua morte.
Mario – Saltador de vasta experiência
Apesar de não se saber exatamente os motivos que provocaram o choque de Mario durante o salto e vôo, é evidente que o que aconteceu não tem nada a ver com falta de experiência. Mario Richard era um dos randes nomes do base jump, o que teve início em 1991, com um salto realizado na New River Gorge (West Virginia, Estados Unidos). Nascido em Quebec, Canadá, era muito experiente paraquedista, uma fixação que havia abraçado desde menino quando, segundo conta sua biografia, criava seus próprios para-quedas para seus bonecos G I Joe.
No início da década passada, perseguindo sua paixão, se mudou para Moab (Utah – EUA), onde fundou com Steph Davis a empresa Moab Base Adventures, especializada em escalada e base jump, e que também oferecia saltos para aventureiros sem experiência. Entre seus saltos mais impressionantes (cerca de 2000 saltos de base jump e cerca de 7000 de queda livre), se destacam os que realizou na Kingfisher (Fisher Towers, Utah) e desde a Castleton Tower, depois de pousar no topo da torre tendo saltado de para-quedas de um avião!
Sexto saltador falecido nos Alpes em um mês
A disciplina do base jump volta a mostrar sua face mais desagradável com a morte de Mario Richard, que se soma a outros cinco acidentes fatais ocorridos nos Alpes nos últimos trinta dias. No dia 14 de agosto faleceu em Valais (Suíça) o britânico Mark Sutton de 42 anos, famoso por ter protagonizado a imagem espetacular da cerimônia de abertura dos jogos Olímpicos de Londres de 2012, quando realizou um salto vestido de James Bond. Sutton havia saltado de um helicóptero a uma altitude de 3.300 metros e voava a mais de 200 kms/h com seu fly suit quando se chocou contra as rochas e sofreu queda livre para a morte.
No dia 16 de agosto, um saltador polonês morria ao se chocar contra rochas enquanto voava, também usando wing suit, na regiao francesa de Alta Saboya. No dia seguinte, a tragédia se repetia no departamento vizinho de Saboya, onde outro base jumper morria depois de saltar da Dent de L'Arclusaz (2.041 metros), perto de Saint-Pierre-d'Albigny.
Antes destes, já havia acontecido outras mortes. Em 26 de julho, um alemão morreu quando baeu contra um esporão rochoso perto de Chamonix, avaliando mal sua rota de vôo. Em 13 de agosto, outros base jumpers morreram em seguida, no mesmo dia, por queda direta ao solo, sem tempo de abrir o para-quedas.
Nota da redação:
Apesar de a evolução dos wing-suits ser realmente notável nos últimos dez anos, o base jump com a roupa é um esporte extremamente perigoso, e os aventureiros que encaram esta modalidade provavelmente aceitam os riscos envolvidos.
Não satisfeitos com o fato de ser um esporte perigoso, ha alguns anos base jumpers criaram uma variação para o vôo com wing-suit, o "proximity flight", que consiste em voar a 200 kms/h aproximadamente, buscando pontos em que o saltador passa a dois metros ou menos de algum ponto previamente selecionado, onde um amigo fica com uma câmera registrando e medindo a distância mínima entre o homem e a morte representada pela rocha, estrada, construção, onde quer que ele se aventure.
Era de se esperar que acidentes fatais aumentassem.
Condolências da equipe AltaMontanha.com a todos os amigos e familiares destas e de tantas outras vítimas.