No final de maio chegaram ao acampamento base (4.500 metros). Depois de dois intensos dias de porteios, Michi e os seus companheiros decidiram seguir o caminho italiano para o meio da parede, e fixar cordas até lá. O clima seguia instável com muita neve, e a parede havia se tornado um terreno perigoso misto, os esticões em rocha estavam completamente encharcados. Enquanto isso, uma camada de 20 cm de neve tinha acumulado na parede formando uma fina camada de gelo instável.
Michi Wohlleben, Arne Bergau e Johannes Jähn escalam a face leste do Jirishanca de 6.094m
0Os alemães Michi Wohlleben, Arne Bergau e Johannes Jähn, acompanhados pelo fotógrafo Hans Hornberger, escalaram a face leste do Jirishanca de 6.094 metros na Cordilheira Huayhuash, no Peru. Uniram a rota italiana e a rota da primeira ascensão (Toni Egger / Siegfried Jungmeir). Devido às condições de neve, ficaram a 90 metros do cume.
Como não tinham tempo a perder, seguiram em frente e, em dez dias chegaram ao bivaque da via italiana. Depois de um dia de descanso no acampamento-base estavam escalando de novo, desta vez em pleno ataque ao cume.
Em um dia alcançaram o bivaque italiano a 5.350 metros. Depois de passar a noite na caverna de neve que cavaram, na manhã seguinte enfrentaram seções de 6a, WI5 + e 6- misto. Na parte da tarde chegaram a 5.800 metros, no primeiro glaciar. Hannes e Michi escalaram o glaciar na mesma tarde, a fixaram cordas pra economizar tempo no dia seguinte, enquanto Arne cavava uma cova para a noite.
Na manhã seguinte, voltando a escalar a geleira com cordas já fixadas em boa parte, avançaram ainda mais chegando a um segundo glaciar, maior que o primeiro. Michi se espantou e disse: "Eu nunca tinha escalado nada parecido, mesmo nos Alpes".
Superaram o mais difícil. Logo acima umas seções mais simples e logo chegaram na crista do cume, a uma altitude entre 5.950 e 6.000 metros. De lá, viram o cume pela primeira vez, tudo correu perfeitamente, mas o que encontraram pela frente foi uma visão perturbadora. "Talvez teria sido possível escalar, mas durante a descida teria começado os problemas. Fixar segurança era impossível, muito menos rapelar", diz Michi. Com grande tristeza no seu coração, o grupo deu meia volta e desceu.
Rapelaram durante a noite, removendo os primeiros 200 metros de corda fixa. Às onze e meia começaram a rapelar pro acampamento base. Completamente esgotados, chegaram às barracas a uma da manhã do dia seguinte.
No dia seguinte, Michi, Arne e John voltaram a parede para remover o restante do equipamento abandonado durante a noite. Após dois dias de descanso, voltaram a Huaraz.
O cume é o mais importante para todos os escaladores, mas Michi considera que a expedição foi um sucesso total. "Se alcança 100% do seu objetivo quando você escala uma rota difícil e chega ao cume. Então nós ficamos um pouco tristes. Mas as condições eram muito difíceis e eu cheguei ao meu limite, tanto físico quanto mental. Agora eu sei que posso escalar rotas de grande dificuldade em altitude e isso me motiva para a próxima expedição."
Afinal, o objetivo mais importante foi conseguido: todos os membros da expedição chegaram em casa ilesos.
Vale ressaltar que apesar de não terem atingido o cume, o grupo logrou êxito em escalar a parede da montanha até a crista, então a via foi sim escalada!
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