Entre agosto e setembro de 2011, João Vicente Soprana viajou pela Ásia por 55 dias – 25 deles passados exclusivamente no Paquistão, onde percorreu do Norte do país, próximo à China, até a capital Islamabad. Durante o mochilão, Soprana também visitou a Cordilheira do Himalaia, mais alta cadeia montanhosa do mundo, uma experiência que ele caracteriza e indica como uma "viagem de autoconhecimento".
"Você se sente vivo, sabe? A própria natureza te dá um chute na cara e te faz valorizar muito o que você tem em casa", relata. Enquanto viajava, Soprana cruzou a Karakoran Highway, uma das vias mais perigosas do mundo. "Muitos trechos dela são no meio do Himalaia. É uma estradinha encrustada na rocha: para baixo são 500 metros de queda e, para cima, 1,5 km de montanha. Existem algumas partes em que é preciso esperar para passar por causa do vento. É uma aventura de verdade".
Soprana se diz apaixonado por montanhas, e aproveitou uma viagem da irmã e do cunhado para fazer o "trecho mais inusitado possível". "Eu e meu irmão encontramos com eles no Quirguistão e fomos descendo até Nova Délhi, na Índia". Apesar da paisagem ter sido determinante para a escolha do destino, ele acredita que a convivência com os povos locais tenha sido o grande destaque do mochilão.
"[No Paquistão], a gente visitou várias vilas de quase 70 etnias. A pessoa mora em um lugar que não tem luz e fala a língua da etnia deles, o paquistanês [urdu, língua oficial] e inglês. Você acha que o cara é um coitado no meio do nada, mas ele fala três, quatro idiomas", conta. "A gente tem a opinião formada pelo que vê na TV. Nós dormimos dentro de uma cabana com uma família típica, comemos a comida deles, conversamos. Então meu maior ganho foi aprender a cultura e ver que isso que sabemos não é exatamente o que acontece".
Ana Carolina Montoaneli conheceu a região dos cânions na Serra Gaúcha em junho de 2012 e, apesar de ter se apaixonado pelo que viu, ficou um pouco frustrada por não ter conseguido visitar a trilha do Rio do Boi, em Santa Catarina. Era inverno, e o caminho exige a travessia do rio com o nível da água pela barriga, algo impraticável com temperaturas a -10ºC. Porém, em janeiro de 2013, ela voltou e realizou seu sonho.
"É uma experiência que não tem dinheiro que pague", conta. "É inexplicável a sensação de olhar para cima e ver aqueles paredões imensos. Quando você está lá embaixo, se sente muito pequeno e percebe como ainda tem tanta coisa para conhecer".
Ao contrário de outras caminhadas da região, o passeio pelo Rio do Boi é feito no nível da água – daí o seu grande atrativo. "Você vai subindo o rio e as paredes dos cânions vão se fechando. As vistas me fascinam", diz Carolina.
Para ela, a caminhada exige muita concentração do turista, visto que 70% da trilha é feita sobre as pedras e dentro do rio. "Você não está acostumado, exige muito equilíbrio. É preciso aprender a andar de novo, não dá para bater papo. O pessoal costuma falar que lá é uma trilha mais intimista".
E é por tudo isso que Carolina sugere uma visita ao Rio do Boi. "Eu não tenho ideia se existe um outro lugar aqui no Brasil como esse. Ano que vem eu volto com certeza", comenta.
A servidora pública Lierce Lira foi à cachoeira de Urucá, no município de Uiramutã, em Roraima, a 300 km da capital Boa Vista, e recomenda o passeio. "Fiquei tão encantada. Outras pessoas foram depois de eu ter compartilhado as fotos no Facebook e também acharam maravilhoso", relata.
Por conta da pouca exploração do turismo na região, o acesso a Uiramutã é feito por uma estrada de terra que, no inverno, só pode ser percorrida por um carro tracionado. "A gente fez umas 10 horas de viagem porque o carro atolou. Tinha pontos em que os índios tocaram fogo e foi preciso dar a volta pelo rio", diz.
No entanto, o esforço valeu a pena para Lierce, e a vista da cachoeira é muito bonita. "Eu também achei bacana por ser no extremo Norte. De um lado você vê a bandeira da Venezuela, do outro a da Guiana".