A escaladora e montanhista Jussara Nery faleceu em 30/09, aos 69 anos. Segundo amigos e conhecidos, ela lutava contra um câncer.. Jussara deixa esposo, filhos e netos, além de um grande legado de trabalho voluntário pelo montanhismo brasileiro e pela preservação das montanhas.
Jussara entrou para o mundo das aventuras por meio de mochilões e acampamentos nas praias do litoral norte de São Paulo. Após conhecer o norte e o nordeste do país, decidiu fazer uma viagem até a Argentina. “A primeira viagem ao exterior foi de carona de caminhão até Porto Alegre e de lá só trem por toda a viagem cujo destino era a Argentina. De Porto Alegre até Buenos Aires e de lá fomos para Bariloche, onde subi a primeira montanha da minha vida, o Cerro Tronador, foi um delírio, ver neve”, relatou em entrevista ao site Mulheres na Montanha.
Após um mês de viagem, com muitos perrengues e experiências entre montanhistas e aventureiros, ela se apaixonou pelo estilo de vida dos amantes da montanha. Sua segunda viagem foi de trem de São Paulo até a Bolívia, passando em seguida pelo Peru, Equador, Colômbia e retornando ao Brasil de barco pelo Amazonas e Manaus. Foi nessa segunda viagem que a aventureira descobriu o trekking ao visitar Machu Picchu.
Somente após várias viagens, começou a praticar montanhismo, subindo o Agulhas Negras e Prateleiras nos anos 1990. Casada com Silvério Nery, outro grande escalador, Jussara sempre buscou conciliar a escalada, o montanhismo e suas aventuras com a vida familiar.
Ela, o marido e os filhos realizaram inúmeras caminhadas no Brasil, principalmente na Serra da Mantiqueira, além de aventuras na Bolívia, Peru, Patagônia e Nepal. Assim, Jussara se tornou sócia de uma agência de viagens, onde trabalhou junto com Manuel Morgado até meados dos anos 90.
O trabalho voluntário em prol da montanha
Além de sua vasta experiência em trekking, Jussara deixou um importante legado de trabalho voluntário em prol do montanhismo e da preservação das montanhas. Ela foi uma das fundadoras da Federação de Montanhismo do Estado de São Paulo (FEMESP), colaborando com a federação, clubes de montanha e a Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME) para preservar os espaços naturais e de montanha.
“Gostaria que meus netos pudessem aproveitar algo ainda dessa natureza e que, ao contar histórias, como hoje estou contando, não tenham que dizer ‘era tudo tão lindo!’ Gostaria de poder dizer: ‘Vai lá, veja como é lindo, admire a natureza, pratique montanhismo!’”, revelou na entrevista.
Um de seus últimos trabalhos voluntários foi participar da comissão do Mosquetão de Ouro de 2024, cujo objetivo é avaliar criticamente os candidatos e escolher os finalistas do maior prêmio do montanhismo brasileiro.
A equipe AltaMontanha se solidariza com os familiares e amigos.