O montanhista paulista Pedro Hauck, destaque quando o assunto é alta montanha no Brasil, lançou um livro diferente, onde ao invés de contar histórias de aventura, reescreve os capítulos finais da história geológica da Serra do Mar.
Montanhistas são sempre fonte de inspiração por desafiar a vida para conquistar picos distantes e gelados, em jornadas quase sempre extenuantes, carregadas de dificuldades e emoções. Não por menos que muitos deles acabam se tornando palestrantes motivacionais, fazendo analogias entre chegar ao cume e o sucesso profissional.
Formado em Geografia, com mestrado em Geografia Física, Pedro Hauck, 36 anos, se destaca de maneira diferente. Praticante de montanhismo desde os 16, este paulista de Itatiba, radicado no Paraná há 10 anos, curioso por querer saber como se formaram as montanhas e as belas paisagens que ele conhecia de suas atividades no esporte, decidiu ser pesquisador e chegou quase ao topo em seu objetivo. Infelizmente, depois de cumprir difíceis etapas da pesquisa de doutorado, inclusive após ter passado pelo exame de qualificação, Pedro teve que desistir por que perdeu o prazo de defesa devido ao atraso de um laboratório entregar os dados de suas amostras.
“Claro que fiquei muito decepcionado. Me senti culpado e envergonhado, sobretudo com meu orientador, quem havia depositado muita confiança em mim”. Declarou em sua página pessoal.
Após o desligamento do Programa de Pós de Graduação em Geologia da UFPR, Hauck ganhou a vida como guia de montanha, trabalhando em expedições em montanhas andinas e cursos de escalada em rocha. Neste meio tempo ensinou centenas de pessoas a escalar e realizou projetos pessoais no montanhismo. Hoje ele é um dos brasileiros com mais experiência em escaladas de montanhas de grande altitude, com mais de 85 ascensões a picos andinas, destas 45 de montanhas diferentes acima de 6 mil metros, marca apenas superada por outras 3 pessoas no mundo todo!
Não obstante, Pedro nunca desistiu de contribuir com a geração de novos conhecimentos. Achando que seria desperdício engavetar a pesquisa, o jovem montanhista e geógrafo publicou, de maneira independente, o livro Paleosuperfícies de Erosão na Serra do Mar do Paraná, onde reune pesquisas sobre a temática e contribui com novos conhecimentos.
De acordo com o autor, ainda hoje se usa conceitos de antigas teorias para avaliar o relevo brasileiro:
“Até este momento, ainda se falava nos livros de Geografia que o relevo brasileiro era antigo, um conceito que é atribuido à um trabaho de 1899 do geólogo norte americano Willian Morris Davis”. De acordo com Hauck, as montanhas brasileiras não são tão antigas como ainda se ensina nos livros didáticos, porém, há na Serra do Mar e em outras montanhas formas de montanhas que são anteriores à existência das montanhas, são as Paleosuperfícies de Erosão, objeto de estudo do livro na região onde estão as mais altas montanhas do Sul do país.
De acordo com o autor, a superfícies são formas de relevo evoluídas por longa história erosiva. Elas são totalmente contraditórias à própria existência de montanhas, no entanto foram preservadas ao longo do tempo geológico, porém sofrendo diversas deformações devido ao tectonismo dos últimos 40 milhões de anos.
O pesquisador montanhista conclui que a história da Serra do Mar é complexa, pois se sobrepõe diversas histórias de erosão e de tectonismo. No entanto o evento de soerguimento, ou seja de levantamento das montanhas é da mesma idade dos Andes, o que refuta as ideias tradicionais que eram divulgadas até hoje em livros didáticos.
O livro “livro Paleosuperfícies de Erosão na Serra do Mar do Paraná” está disponível em forma impressa ou em ebook na plataforma independente do Clube dos Autores, disponível no link abaixo: