Justo antes do Natal, nos dias 22, 23 e 24 de Dezembro, a cordada formada pelo guia italiano Andrea Di Donato e o montanhista chileno Andrés Zegers ascenderam a face Sul do Aconcagua, a maior parede de rocha e gelo dos Andes, através de uma nova variante, de mais ou menos 800 metros, na rota francesa direta.
Vale a pena lembrar, que na parede Sul desta, que é a maior montanha dos Andes e de todo o hemisfério Sul e Ocidental, aconteceram algumas das maiores epopéias montanhísticas da região. Como testemunho, temos, por exemplo, a rota que o esloveno Tomaz Humar abriu em 2004 junto com Alex Koselj de 2500 metros de altura. A “Medicine Buddha”, rota solitária que Chad Kellog conquistou em 2010 que consiste num VI, W14, M4 de 1990 metros e até mesmo a tragédia brasileira de 1998 que levou a vida de Mozart Catão, Othon Leonardos e Alexandre Oliveira.
De todas as rotas memoráveis da montanha, as mais conhecidas são a rota francesa, de 1954 e a rota eslovena de 1982, além da variante Messner que liga as duas linhas, conquistada em 1974.
A nova variante de Di Donato e Zegers
A conquista da nova variante de Di Donato e Zegers começou com a chegada da dupla em Plaza Francia, acampamento base da Face Sul, no dia 19 de Dezembro do ano passado. Três dias depois, já estavam desafiando o glaciar para enfrentar as dificuldades da temida face. Desejavam encarar uma cascata de gelo que haviam visualizado a direita da rota francesa direta de 1985. Os primeiros 250 metros foram os mais difíceis, quando os montanhistas tiveram que enfrentar lances de dificuldade de até W14.
A partir daí, a linha segue de forma autônoma, até cruzar com a dita rota francesa direta próxima dos 5400 metros de altitude, 800 metros acima da base da montanha. Neste ponto, a dupla realiza seu primeiro bivac, para em seguida continuar pela dita rota até os 5600 metros, onde desviaram para a rota argentina até os 6200, onde passaram sua segunda noite na montanha. No ultimo dia de suas atividades, tomaram a rota francesa, a primeira conquistada nesta face da montanha, e por ela conseguiram chegar ao cume, às 19 horas, descendo do cume pela rota normal.
Em entrevista ao site PlanetMountain, Di Donato afirma que esta escalada simbolizou para ele uma batalha contra seus medos que tendia para distanciá-lo de seus objetivos na montanha. “Ainda que bastante curto, o tempo de espera antes da saída, se transformou numa espécie de espera na sala da forca. Com minha relativa pouca experiência em altitude, isso alimentou minhas dúvidas sobre minha capacidade de escalar um pico de quase 7 mil metros, num tramo de 2800 metros em estilo alpino”. Desabafou o italiano.
Entretanto, o próprio alpinista italiano assegura que uma que começaram a escalar, tudo mudou e a escalada sob estas enormes formações de gelo resultou algo fascinante. No total, houve trechos curtos de nas quais estiveram realmente expostos. “Tudo transcorreu muito suavemente, ainda que nos custou bastante os trechos finais de rocha, acima dos 6500 metros de altitude”. Afirma.
Fonte: Planet Mountain e Desnivel