Montanhistas conquistam a face norte da Punta Pioda, uma das últimas inexploradas dos Alpes

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As rotas do lado norte das montanhas dos Alpes são consideradas as mais desafiadoras para montanhistas. Muitas delas exigem grande conhecimento técnico para serem acessadas. Pensando nisso, o montanhista e escalador Silvan Schupbach criou um projeto para escalar as últimas faces nortes ainda não exploradas dos Alpes.

Maciço de Sciora. Da esquerda para Direita: Sciora Dafora, Punta Pioda, Ago di Sciora (the needle), Sciora Dadent. Foto: Samedan / Wikimédia Commons

Em 09/03, Schupbach, junto com os montanhistas Roger Schaeli e Filippo Sala, comemorou a conquista da face norte da Punta Pioda, uma montanha de 3.237 metros localizada nos Alpes Suíços. A rota desafiadora de 700 metros foi classificada como M8, A3, 70°, exigindo alto nível técnico e resistência dos escaladores.

Equipe comemorando o cume. Foto: Filippo Sala

Também conhecida como Pioda di Sciora, a montanha não tem a mesma fama de picos como o Eiger, o Matterhorn ou as Grandes Jorasses. No entanto, suas faces de granito íngremes e selvagens fazem parte do desafiador Maciço de Sciora, situado no cantão de Graubünden.

A escalada durou quatro dias e testou os limites da equipe. Segundo Filippo Sala, cada lance foi uma verdadeira batalha, exigindo uma combinação de técnicas de escalada livre e artificial. Além das dificuldades técnicas, os alpinistas enfrentaram pedras soltas, temperaturas congelantes e as duras condições da parede norte.

Na primeira noite, o trio retornou a um refúgio de montanha, mas, nos dias seguintes, precisou acampar na própria parede, aumentando o nível de comprometimento e resistência exigidos pela expedição.

As paredes da face norte são conhecidas pela inclinação. Foto: Filippo Sala.

Essa conquista faz parte do projeto de longo prazo de Silvan Schupbach, que busca explorar e escalar algumas das últimas grandes paredes inexploradas dos Alpes.

Outras conquistas recentes

Antes dessa expedição, no final de fevereiro, Filippo Sala já havia estabelecido outra nova rota na face norte do Pizzo San Giacomo, uma montanha de 2.923 metros na região de Ticino, também na Suíça. Apesar da experiência individual dos três alpinistas, esta foi a primeira vez que Schaeli, Sala e Schupbach escalaram juntos, unindo forças para superar os desafios das faces nortes.

As Faces Nortes

A face norte de uma montanha nos Alpes tende a ser a mais desafiadora devido a uma combinação de fatores geográficos, climáticos e técnicos. No hemisfério norte, essas faces recebem menos luz solar ao longo do dia, o que significa temperaturas mais baixas e a presença constante de gelo e neve. Isso torna a escalada mais técnica e perigosa, aumentando o risco de avalanches. Além disso, as rochas tendem a ser mais frágeis devido aos ciclos constantes de congelamento e degelo, que podem causar desmoronamentos.

Escaladores durante a subida. Foto: Filippo Sala.

Ao escalar uma face norte nos Alpes, os montanhistas ficam mais expostos a condições meteorológicas severas, como ventos fortes e tempestades, tornando a escalada mais imprevisível e aumentando o risco de hipotermia e congelamento. Além disso, por estarem em ambientes remotos e hostis, os resgates são mais difíceis em caso de emergência. Isso exige que os alpinistas sejam autossuficientes e altamente experientes.

A rota também possui trechos com pedras soltas. Foto: Filippo Sala.

O Eiger (3.967 m), o Matterhorn (4.478 m) e as Grandes Jorasses (4.208 m) possuem algumas das faces nortes mais perigosas dos Alpes. A face norte do Eiger é conhecida como a “Parede Assassina” devido ao seu histórico trágico, causado por quedas de rochas, tempestades repentinas e gelo traiçoeiro. Já no Matterhorn, sua forma icônica esconde uma escalada brutal: a face norte é incrivelmente íngreme, exposta e sujeita a mudanças bruscas de clima, exigindo habilidades avançadas tanto em gelo quanto em rocha.

Apesar da grande dificuldade das montanhas citadas, as Grandes Jorasses são consideradas as mais técnicas das três. A combinação de gelo fino, trechos verticais de rocha e o alto risco de quedas de pedras faz dessa montanha um dos maiores desafios do alpinismo nos Alpes.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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