Montanhistas paranaenses se despedem de Antoninho Palmiteiro, figura ilustre do Marumbi

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O dia amanheceu cinza na capital paranaense. Talvez pela tristeza de ter perdido uma ilustre figura pouco conhecida, mas que ensinou muito com sua simplicidade. Pouco conhecido na sociedade em geral, mas entre os montanhistas não há quem nunca tenha ouvido falar dele. Assim, a comunidade de montanhistas da região se despede hoje de Antônio Moraes Pereira, mais conhecido como Antoninho Palmiteiro.

Antoninho Palmiteiro durante entrevista para o documentário Marumbi: A montanha por dentro.

Quem já visitou o Marumbi deve ter tido a sensação de estar entrando num conto de fadas ao percorrer as calçadas de pedra devidamente ornamentadas pela natureza a sua volta. As calçadas feitas com suas próprias mãos entre a Estação Engenheiro Lange e o Marumbi é apenas um dos legados que Antoninho deixa. Ele também é um exemplo de uma vida simples e da reconciliação com a natureza através do montanhismo.

Antônio nasceu na região de Campo Largo, as margens do Rio Assungui. Oriundo de uma família simples, casou-se e teve 15 filhos. Para sustentar sua família, Antoninho vendia palmito em uma feira no centro de Curitiba e por isso recebeu a alcunha de Antoninho Palmiteiro. Além disso, costumava divertir-se em suas caçadas na mata atlântica. Cortou muito palmito e caçou muito bicho, até quem em 1969 decidiu escalar o Marumbi pela primeira vez.

Durante a subida se encantou com tamanha beleza e se arrependeu dos danos que havia causado à natureza. Ao retornar da montanha abandonou as armas e passou a ser um protetor da floresta, plantando palmeiras e salvando animais da morte.

O marumbinista

Foi também nessa subida que Antoninho Palmiteiro foi picado por um mosquitinho com o vírus do montanhismo. Depois da primeira escalada ele retornou ao topo do Marumbi nada mais nada menos do que 499 vezes, completando assim o número de 500 subidas ao pico. Todas elas devidamente registradas em um caderninho de anotações.

Morou cerca de 16 anos no meio da Serra do Mar e usava seu tempo vago para construir as calçadas usando apenas as pedras de rios, barro e o seu suor, encaixando cuidadosamente uma a uma. Em 1996 ganhou uma viagem de presente ao Peru para conhecer a trilha Inca.

Após tantas aventuras e trabalho, voltou a morar em Curitiba. Em 2020, completamente lúcido, participou do documentário “MARUMBI: a montanha por dentro”, onde conta um pouco de suas histórias.

Antoninho Palmiteiro faleceu vítima de pneumonia na noite de ontem, 22/08. O sepultamento acontecerá hoje no Cemitério do Boqueirão às 16 horas.

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Sobre o autor

Maruza Silvério é jornalista formada na PUCPR de Curitiba. Apaixonada pela natureza, principalmente pela fauna e pelas montanhas. Montanhista e escaladora desde 2013, fez do morro do Anhangava seu principal local de constantes treinos e contato intenso com a natureza. Acumula experiências como o curso básico de escalada e curso de auto resgate e técnicas verticais, além de estar em constante aperfeiçoamento. Gosta principalmente de escaladas tradicionais e grandes paredes. Mantém o montanhismo e a escalada como processo terapêutico para a vida e sonha em continuar escalando pelo Brasil e mundo a fora até ficar velhinha.

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