Dois montanhistas precisaram ser resgatados após passar seis noites presos no Pico Colón ou Xundua como é chamado pelos indígenas locais com 5.775 metros, na Colômbia. Essa é uma montanha remota e pouco explorada localizada em um território indígena. Julio Bermúdez ficou ferido após uma queda de parapente logo após decolar do cume da montanha.
Ele fazia parte de um grupo com outros cinco pilotos de parapentes dos quais quatro já haviam decolado em um local mais baixo e um havia desistido de voar e descido caminhando. Apenas o montanhista e o guia Santiago Aparicio seguiram até o cume. Assim, o guia viu o momento em que uma rajada de vento jogou o parapente e Bermúdez contra uma parede de rocha. Imediatamente, Aparicio acessou a vítima que se chocou contra uma parede de rocha e ficou pendurado pelo parapente e prestou o primeiro atendimento.
O próprio Bermúdez que é médico constatou que estava com um hemotórax no pulmão direito e múltiplas fraturas no braço e na clavícula. Isso o impossibilitava de se locomover e por isso decidiram chamar o resgate pelo botão de pânico do InReach.
Cinco dias de espera
Após acionarem o socorro, o guia Aparicio conseguiu baixar o companheiro até um platô do lado oposto e totalmente desconhecido da montanha utilizando um sistema de cordas. “Passamos uma noite a 5.580 metros. Foi a mais pesada: não tínhamos sacos de dormir nem isolantes, apenas um cobertor térmico cada um”, contou Aparicio.
No dia seguinte eles alcançaram um vale e seguiram como podiam até uma morena de gelo. O local era mais protegido do frio e eles contavam que um helicóptero pudesse acessá-los com facilidade ali.
No entanto, os helicópteros não conseguiram pousar no local devido a grande altitude. Assim, eles passaram mais uma noite esperando pelo resgate sem equipamentos para pernoitar na montanha e sem comida. Apenas dois dias após o acidente, a Força Aérea conseguiu lançar um pacote com alimentos para eles e uma mensagem de que o resgate estava a caminho.
A ajuda do povo arhuaco
As equipes por terra levaram três dias e meio para conseguirem ter o primeiro contato visual com as vítimas. Isso só foi possível, após montanhistas experientes e socorristas se juntarem aos indígenas da etnia Arhuaco. A tribo desse povo indígena vive isolada em meio às montanhas e quase não entende espanhol e receberam as equipes que chegaram de helicóptero com desconfiança. Mas após uma negociação, eles aceitaram guiar o grupo até o local utilizando trilhas sem uso por mais de 20 anos. No entanto, como já estava escuro só iniciaram o resgate no dia seguinte, o quarto dia de Bermúdez e Aparicio na montanha.
Eles carregaram Bermúdez por cerca de 12 horas até um ponto em que a trilha se estreitava demais e não era possível passar com a maca. Então a equipe decidiu pernoitar nesse local e seguir no dia seguinte com uma maca improvisada montada com varas e uma rede até o acampamento base da montanha a 4500 metros de altitude.
Assim, apenas seis noites e cinco dias após o acidente e um resgate épico, Bermudez foi embarcado em um helicóptero e levado até o hospital onde está se recuperando.